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Pesquisadoras brasileiras criam herbicida natural com folhas de erva-mate

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herbicida natural
Foto/Imagem: Divulgação


Uma pesquisa realizada pela Universidade do Vale do Taquari – Univates, de Lajeado, no Rio Grande do Sul, por meio do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec), apontou que extratos aquosos de folhas de Ilex paraguariensis A.St.-Hil, conhecida como erva-mate, apresentam potencial como herbicida natural, sendo capazes de eliminar plantas de Conyza bonariensis L. Cronquist, a buva, que infestam lavouras brasileiras, principalmente as de soja.

O artigo que descreve os resultados foi publicado recentemente no South African Journal of Botany. Fernanda Bruxel, Kétlin Fernanda Rodrigues, Júlia Gastmann, Mara Cíntia Winhelmann, Shirley Martins Silva, Lucélia Hoehne, Eduardo Miranda Ethur, Raul Antonio Sperotto e Elisete Maria de Freitas assinam o estudo. A pesquisadora principal, Fernanda Bruxel, abordou o tema ao longo de seu mestrado no PPGBiotec.

Algumas plantas que infestam culturas agrícolas têm adquirido resistência aos herbicidas, estimulando a busca por novos métodos de controle dessas plantas infestantes, que causam prejuízos econômicos a quem cultiva caso não sejam controladas. É nesse contexto que os metabólitos secundários de algumas plantas ‒ o produto gerado pelos processos do metabolismo vegetal ‒ podem ser usados para o desenvolvimento de defensivos naturais, constituindo uma alternativa mais sustentável ao uso de herbicidas.

O estudo avaliou os efeitos fitotóxicos de extratos aquosos de folhas de erva-mate sobre a buva, obtidos por decocção e por infusão ‒ duas formas de obtenção de extrato aquoso utilizando água fervente. Para a avaliação, foram testadas diferentes concentrações dos extratos em experimentos de germinação e crescimento utilizando sementes (cipselas) e plântulas e plantas adultas de buva.

Na opinião da professora Elisete de Freitas, orientadora de Fernanda, o estudo possibilita mais uma forma de uso dos benefícios da erva-mate. “São mais possibilidades de retorno econômico para os produtores e para a indústria ervateira. Quanto à buva, em culturas agrícolas (monoculturas) ela representa um problema grave, e este estudo pode representar uma alternativa mais sustentável para o seu controle”, destaca a docente.

As plantas adultas de buva foram avaliadas quanto aos efeitos sofridos nos tecidos foliares quando expostas ao óleo. Ainda, foi realizada a análise por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC, na sigla em inglês) da composição química do extrato aquoso por decocção, pois este apresentou os efeitos mais fitotóxicos sobre a buva. A cafeína foi identificada como o principal composto do extrato, seguida pela rutina e quercetina.

O extrato aquoso por decocção foi o mais eficaz e diminuiu a porcentagem de germinação da buva, bem como de plântulas formadas. Além de reduzir o número de germinações, quando expostas ao extrato, houve aumento do tempo de germinação e do tempo necessário para a formação de plântulas.

Plantas adultas, quando expostas ao extrato, apresentaram danos na epiderme das folhas, além de em outros tecidos (parênquima paliçádico e lacunoso) em seis horas após a exposição ao extrato. Os resultados do estudo confirmaram efeito tóxico do extrato aquoso por decocção sobre a germinação e o crescimento da buva e, ainda, sobre os tecidos das folhas de plantas adultas, comprovando potencial para o desenvolvimento de um herbicida natural com erva-mate.

Os pesquisadores envolvidos no desenvolvimento do herbicida natural esperam seguir pesquisando o tema, para o que serão necessários investimentos e mais interessados em abordar o tema em seus trabalhos acadêmicos. O estudo foi financiado pelo Programa de Apoio aos Polos Tecnológicos do ano de 2021 ‒ Edital 01/2017 ‒ da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (Sict) do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Fernanda também recebeu uma bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para a realização do mestrado.

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Painel de Monitoramento das Arboviroses

Brasil ultrapassa 1 milhão de casos prováveis de dengue em 2025

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dengue Brasil 2025
Foto/Imagem: Freepik

O Brasil registrou, desde 1º de janeiro de 2025, 1.010.833 casos prováveis de dengue. De acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, o país contabiliza ainda 668 mortes confirmadas pela doença e 724 em investigação. O coeficiente de incidência, neste momento, é de 475,5 casos para cada 100 mil pessoas.

A título de comparação, no mesmo período do ano passado, quando foi registrada a pior epidemia de dengue no Brasil, haviam sido contabilizados 4.013.746 casos prováveis e 3.809 mortes pela doença, além de 232 óbitos em investigação. O coeficiente de incidência, à época, era de 1.881 casos para cada 100 mil pessoas.

Em 2025, a maior parte dos casos prováveis se concentra na faixa etária de 20 a 29 anos, seguida pelos grupos de 30 a 39 anos, de 40 a 49 anos e de 50 a 59 anos. As mulheres concentram 55% dos casos e os homens, 45%. Brancos, pardos e pretos respondem pela maioria dos casos (50,4%, 31,1% e 4,8%, respectivamente).

São Paulo lidera o ranking de estados em número absoluto, com 585.902 casos. Em seguida estão Minas Gerais (109.685 casos), Paraná (80.285) e Goiás (46.98 casos). São Paulo mantém ainda o maior coeficiente de incidência (1.274 casos para cada 100 mil pessoas). Em seguida aparecem Acre (888), Paraná (679) e Goiás (639).

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Perigos das redes

Desafio do desodorante: psicóloga faz alerta após morte de criança

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desafio do desodorante
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Sarah Raissa Pereira de Castro, 8 anos, morreu após participar de um desafio viralizado nas redes sociais que consiste em inalar grandes quantidades de desodorante aerossol. A prática, conhecida como “desafio do desodorante”, resultou em uma parada cardiorrespiratória. A menina foi socorrida na última quinta-feira (10) e levada ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC), no Distrito Federal, mas teve morte cerebral confirmada dias depois.

Neste domingo (13), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias da morte da criança.

A chamada “trend” faz parte de uma categoria perigosa de desafios conhecida como chroming ou huffing, que estimula a inalação de vapores tóxicos de produtos de uso doméstico, como sprays de limpeza, tinta, esmalte e desodorantes.

Segundo especialistas, o impacto no organismo é devastador. Ao ser inalado, o produto entra rapidamente na corrente sanguínea pelos pulmões — órgãos extremamente vascularizados — e pode provocar arritmias cardíacas severas, culminando em parada cardíaca e óbito em poucos minutos.

Além disso, o desodorante contém substâncias como etanol (em níveis até 90% superiores aos encontrados em bebidas alcoólicas), ácido clorídrico e compostos antissépticos, que podem causar desde queimaduras internas até reações alérgicas extremas, como o edema de glote — quando a garganta se fecha, impedindo a respiração.

“A busca por aceitação nas redes sociais e o desejo de pertencer a um grupo pode fazer com que crianças e adolescentes se exponham a riscos extremos sem consciência das consequências”, explica a psicóloga Bruna Bettini, que atua em Brasília no espaço Uwake. “O cérebro ainda em desenvolvimento tem mais dificuldade de avaliar riscos e ponderar decisões. Por isso, o papel dos pais e responsáveis é essencial na mediação do que os filhos acessam e consomem digitalmente.”

Bettini também alerta para os impactos emocionais e sociais desses desafios. “Não é apenas sobre a curiosidade ou a brincadeira. Existe uma pressão silenciosa para se mostrar ‘valente’, ousado, engraçado. A validação por curtidas e comentários muitas vezes supera o senso de autopreservação.”

Riscos silenciosos, consequências fatais

O chroming não é novidade, mas tem ganhado força com a ampla circulação de vídeos curtos e virais em plataformas populares entre crianças e adolescentes. Seus efeitos imediatos se assemelham à intoxicação alcoólica: tontura, euforia, fala arrastada, vômitos, convulsões e dificuldade para respirar.

Os produtos inalados têm em comum a facilidade de acesso e o fato de estarem presentes em praticamente todos os lares.

O que fazer em caso de emergência?

Caso uma criança inale uma substância tóxica, a orientação médica é clara: deve ser levada imediatamente ao pronto-socorro. Pode haver necessidade de oxigenação por inalação ou intubação.

“Jamais se deve provocar o vômito ou oferecer qualquer substância, como leite ou água, sem orientação médica”, alertam especialistas.

Como prevenir?

Para Bruna Bettini, o diálogo dentro de casa é a ferramenta mais poderosa de prevenção. “Mais do que proibir, é preciso conversar com as crianças, entender o que estão assistindo, com quem estão interagindo e ensinar, com afeto e direcionamento, sobre os perigos da exposição irresponsável.”

Ela também defende a necessidade de maior responsabilidade por parte das plataformas digitais. “Estamos falando de conteúdos com potencial letal sendo acessados por crianças com poucos cliques. As empresas precisam agir com mais firmeza na moderação dessas tendências.”

Enquanto isso, famílias, escolas e sociedade civil enfrentam o desafio de proteger as infâncias em um ambiente digital onde os perigos nem sempre são visíveis.

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