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Nature Communications

Dormir menos de 6 horas por noite aumenta o risco de demência em 30%

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Foto/Imagem: Pixabay
CNN

Se você está dormindo cerca de seis horas ou menos por noite, está preparando seu cérebro para falhas no futuro, segundo estudo publicado na revista Nature Communications.

Depois de acompanhar quase 8 mil pessoas por 25 anos, o estudo encontrou um risco maior de demência em pessoas que tinham “duração do sono de seis horas ou menos aos 50 e 60 anos” em comparação com aqueles que dormiam sete horas por noite.

Além disso, a curta duração do sono persistente das pessoas com idades entre 50, 60 e 70 anos também foi associada a um “risco aumentado de demência em 30%”, independentemente de “fatores sociodemográficos, comportamentais, cardiometabólicos e de saúde mental”, incluindo depressão, diz o estudo.

“O sono é importante para o funcionamento normal do cérebro e para limpar proteínas tóxicas que se acumulam nele, podendo provocar demências”, disse Tara Spires-Jones, diretora adjunta do Centro de Descoberta de Ciências do Cérebro, da Universidade de Edimburgo, na Escócia.

“Qual é a mensagem para todos nós? As evidências de distúrbios do sono podem ocorrer muito antes do início de outras evidências clínicas de demência”, disse Tom Dening, que dirige o Centro para Demência do Instituto de Saúde Mental, na Universidade de Nottingham, no Reino Unido.

“No entanto, este estudo não pode estabelecer causa e efeito”, disse Dening. “Talvez seja simplesmente um sinal muito precoce da demência que está por vir, mas também é bastante provável que o sono insatisfatório não seja bom para o cérebro e o deixe vulnerável para doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer”.

Ovo ou a galinha?

É sabido que as pessoas com Alzheimer sofrem com dificuldades para dormir. Na verdade, a insônia, a perambulação noturna e a sonolência diurna são comuns em pessoas com Alzheimer, bem como outros distúrbios cognitivos, como demência por Corpos de Lewy (doença que afetava o ator Robin Williams) e demência do lobo frontal.

Mas o sono insatisfatório leva à demência? – e o que vem primeiro? Essa questão do “ovo e da galinha” foi explorada em estudos anteriores, com pesquisas apontando para os dois lados, de acordo com o neurocientista Jeffrey Iliff, professor de psiquiatria e ciências comportamentais da Escola de Medicina da Universidade de Washington.

“Em estudos experimentais, parece haver evidência dos dois, do ovo e da galinha”, disse Iliff. “Você pode seguir em qualquer direção”. No entanto, alguns estudos recentes exploraram os danos que a privação de sono pode causar.

Pessoas que têm menos REM, ou sono em fase de sonho, podem estar em maior risco de desenvolver demência, descobriu um estudo de 2017. REM é o quinto estágio do sono, quando os olhos se movem, o corpo se aquece, a respiração e o pulso se aceleram e a mente sonha.

Outro estudo publicado em 2017 revelou que adultos saudáveis de meia-idade que dormem mal por apenas uma noite produzem uma abundância de placas de beta-amiloide – uma das marcas do Alzheimer. A beta amiloide é um composto de proteína pegajosa que interrompe a comunicação entre as células cerebrais, eventualmente matando as células à medida que se acumula no cérebro.

Uma semana de sono interrompido aumentou a quantidade de tau, outra proteína responsável pelos emaranhados associados ao Alzheimer, demência do lobo frontal e doença por Corpos de Lewy, descobriu o estudo.

Um terceiro estudo de 2017 comparou marcadores de demência no fluido espinhal com problemas de sono autorrelatados, e descobriu que indivíduos que tinham problemas de sono eram mais propensos a mostrar evidências de patologia de tau, danos às células cerebrais e inflamação, mesmo quando outros fatores como depressão, massa corporal, doenças cardiovasculares e medicamentos para dormir foram levados em consideração.

“Nossas descobertas se alinham com a ideia de que dormir mal pode contribuir para o acúmulo de proteínas relacionadas ao Alzheimer no cérebro”, disse Barbara Bendlin, do Centro de Pesquisa da Doença de Alzheimer do Wisconsin.

“O fato de podermos encontrar esses efeitos em pessoas cognitivamente saudáveis e próximas da meia-idade sugere que essas relações aparecem cedo, talvez oferecendo uma janela de oportunidade para intervenção”, disse Bendlin.

Novas informações

Como o novo estudo acompanhou uma grande população por um longo período, ele adiciona “novas informações ao quadro emergente” sobre a ligação entre a privação de sono e a demência, disse em nota Elizabeth Coulthard, professora associada em neurologia da demência na Universidade de Bristol, no Reino Unido.

“Isso significa que pelo menos algumas das pessoas que desenvolveram demência provavelmente ainda não a tinham no início do estudo, quando seu sono foi avaliado pela primeira vez”, disse Coulthard. “Isso reforça a evidência de que o sono ruim na meia-idade pode causar ou piorar a demência”, disse ela.

Neste momento, a ciência não tem “uma maneira infalível de prevenir a demência”, mas as pessoas podem mudar certos comportamentos para reduzir o risco da doença, disse Sara Imarisio, que dirige iniciativas estratégicas na Alzheimer’s Research UK.

“A melhor evidência sugere que não fumar, beber com moderação, permanecer mentalmente e fisicamente ativo, seguir uma dieta balanceada e manter os níveis de colesterol e pressão arterial sob controle, podem ajudar a manter nosso cérebro saudável à medida que envelhecemos”.

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Xô, Aedes!

Casos de dengue no Distrito Federal caem 97% em relação ao ano passado

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Ao Vivo de Brasília
combate à dengue df
Foto/Imagem: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

O Distrito Federal continua a registrar queda no número de casos de dengue. Até 29 de março deste ano, a capital notificou 9,3 mil ocorrências suspeitas da doença, das quais 6,1 mil eram prováveis. No mesmo período de 2024, foram registrados quase 220 mil casos prováveis. Os dados estão no último boletim epidemiológico, divulgado pela Secretaria de Saúde (SES-DF).

“Devemos registrar e comemorar esses dados, mas sem perder de vista os cuidados para combater a dengue. Afinal, alcançamos esse resultado por meio de um esforço conjunto da população e do governo. É um trabalho contínuo”, explica o subsecretário de Vigilância à Saúde, Fabiano dos Anjos Martins.

Aedes aegypti é responsável por transmitir não só o vírus da dengue, como também da febre amarela urbana, chikungunya e zika. Entre essas arboviroses, a capital federal contabilizou 129 casos suspeitos de chikungunya, dos quais 105 são considerados prováveis. Desses, 93,3% (98 ocorrências) correspondem a moradores do DF. Até o momento, 59 casos tiveram confirmação laboratorial, enquanto os demais seguem em investigação.

A chikungunya é uma doença febril aguda e sistêmica, causada por um arbovírus do gênero Alphavirus (CHIKV), e transmitida principalmente pelas fêmeas do mosquito. A infecção se destaca por sua elevada taxa de incapacitação, podendo causar sintomas persistentes em algumas pessoas.

Ação domiciliar dos Avas

Peça-chave no combate ao Aedes aegypti, a visita dos Agentes de Vigilância Ambiental em Saúde (Avas) promove a prevenção de doenças, o mapeamento de territórios e a execução de atividades de vigilância por meio da coleta e da pesquisa.

Identificá-los é simples: os Avas usam colete e chapéu com abas, os dois da cor marrom-cáqui, além de uma camiseta branca. Eles também carregam uma bolsa amarela, onde armazenam seu material de trabalho.

Os agentes devem estar devidamente identificados com símbolos da SES-DF e com a designação de suas funções bem visíveis no uniforme. Na maioria dos casos, o profissional estará munido de um crachá com nome e foto, porém pode haver situações em que o servidor ainda esteja com seu crachá provisório.

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Sabin Diagnóstico e Saúde

Hemocromatose: como diagnosticar o excesso de ferro no sangue

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Hemocromatose - excesso de ferro no sangue
Foto/Imagem: Freepik

O ferro é um mineral essencial para o organismo, mas seu acúmulo pode causar danos sérios à saúde. A hemocromatose é um distúrbio no qual o corpo absorve mais ferro do que o necessário dos alimentos, e um diagnóstico preciso pode prevenir complicações graves em diversos órgãos, como fígado, coração, pâncreas e articulações.

A doença pode ser hereditária, causada por mutações genéticas, ou adquirida, quando surge devido a fatores externos, como transfusões sanguíneas frequentes, doenças hepáticas ou suplementação do mineral em excesso.

Os sintomas da hemocromatose podem variar e, muitas vezes, demoram anos para se manifestar. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), entre estes estão: fraqueza, fadiga, letargia, apatia e perda de peso. Em alguns casos, pode haver sinais específicos a depender do órgão afetado, como, por exemplo, arritmia (coração), diabetes (pâncreas) ou dor abdominal (hepatomegalia, termo médico para fígado grande).

Diagnóstico

O diagnóstico da hemocromatose envolve exames laboratoriais específicos que avaliam os níveis de ferro no sangue. Segundo a supervisora técnica do Sabin Diagnóstico e Saúde, Gélida Pessoa, identificar a doença com base nos sintomas pode ser difícil, por isso, exames de sangue podem indicar um caminho para o médico que avalia o paciente.

“Esses testes medem os níveis sanguíneos de ferro, a chamada ferritina (uma proteína que armazena ferro) e da transferrina, a proteína que transporta o ferro no sangue quando ele não está nos glóbulos vermelhos”, explica.

Dois procedimentos são a dosagem de ferritina sérica e a saturação da transferrina. Ambos podem indicar se os níveis destas proteínas estão deficitários ou elevados. Caso os índices estejam altos, o passo seguinte é investigar a origem da sobrecarga de ferro para determinar a melhor conduta médica.

Nos casos em que se suspeita de doença hereditária, uma das opções que podem ser indicadas pelo médico é o painel hereditário para hemocromatose. “Esse exame genético permite analisar múltiplos genes relacionados ao metabolismo do ferro, sendo essencial para confirmar casos hereditários e orientar o rastreamento familiar,” explica Gélida.

Em casos mais avançados, exames de imagem, como a ressonância magnética, podem ser utilizados para avaliar o grau de sobrecarga de ferro nos órgãos. “A ressonância é uma ferramenta importante na avaliação da carga férrica, especialmente no fígado e no coração, permitindo um planejamento terapêutico mais adequado”, acrescenta a supervisora técnica.

Prevenção

Embora a hemocromatose hereditária não possa ser evitada, algumas medidas podem ser adotadas para prevenir a forma adquirida da doença. Evitar o uso indiscriminado de suplementos de ferro sem orientação médica é um dos cuidados essenciais, assim como manter exames periódicos para monitorar os níveis de ferro no sangue, especialmente em pessoas com histórico familiar da doença.

Além disso, a alimentação também desempenha um papel importante na prevenção. Reduzir o consumo de carnes vermelhas e frutos do mar crus pode ajudar a controlar a absorção de ferro, assim como moderar a ingestão de bebidas alcoólicas, que podem sobrecarregar o fígado e agravar possíveis danos hepáticos.

Gélida reforça que, embora a hemocromatose seja difícil de diagnosticar nos estágios iniciais, a realização de check-ups anuais pode ser fundamental para a prevenção. “Manter exames regulares ao menos uma vez por ano é essencial não apenas para identificar a hemocromatose, mas também para monitorar outras alterações de saúde”, destaca.

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