19 unidades
Vítimas de violência contam com atendimento especializado na rede pública
Muitas histórias são compartilhadas todos os dias na pequena sala ao final do corredor D do ambulatório do Hospital Regional do Paranoá. Nas paredes, cartazes sugerem o que não deve ser aceito nas relações. “Amar não é: ferir, julgar, xingar, controlar, menosprezar”, dizem as letras cursivas de criança. Desenhos, colagens e brinquedos lúdicos também indicam que os pequenos passaram por ali. O que os levou até o local é motivo de atenção.
A unidade do Paranoá é umas das 19 que compõem o Programa de Pesquisa, Assistência e Vigilância à Violência (PAV), da Secretaria de Saúde, presente em 13 regiões administrativas para atender vítimas de diversos tipos de violência. Todas as equipes levam nomes que homenageiam flores e estações do ano. A do Paranoá é Girassol. “Este é um espaço onde falamos de sentimentos”, sintetiza a assistente social Isabella Stephan.
Sob os cuidados da assistente social e de uma psicóloga, com o auxílio de estagiárias, os participantes são acolhidos e conversam em grupo. “Trabalhamos os sentimentos recorrentes em vítimas de qualquer tipo de violência: tristeza, vergonha, medo, culpa, raiva e nojo”, elenca Isabella. Montes de argila crua, aos poucos, vão tomando forma nas mãos das crianças. A orientação das profissionais é que cada um transforme a raiva em algo palpável.
Assim, surgem bonecos diferentes, minhocas, alienígenas e até corações partidos. “Usamos a literatura, o lúdico e materiais artísticos como forma de fortalecer a proteção”, ressalta Isabella.
Ao fim do exercício, cada criança leva para casa o Pote da Calma, feito com garrafa PET, água colorida e purpurina. “Quando estivermos chateados, nervosos, podemos usar essa ferramenta para refletir”, sugere a profissional. Antes da volta para casa, todos se abraçam e entoam a música aprendida nos encontros.
A mãe de uma menina de 11 anos que faz parte do grupo há um mês percebeu melhoras no desempenho escolar da filha. “Antes ela chorava muito, ficava desesperada, e não sabíamos de onde vinha isso. Agora aprendemos a observar e acompanhar o crescimento dela”, conta a dona de casa de 42 anos, moradora do Paranoá.
A menina sofreu abuso sexual aos 5 anos de idade. “Na época, pensamos que ela esqueceria porque era muito pequena”, confessa a mãe. Aos 9, a criança apresentou sintomas do trauma. Dois anos depois, a dona de casa decidiu procurar ajuda após um episódio de choro compulsivo na escola. “Aqui no PAV encontramos o apoio para não desistir.”
Notificações de casos de violência
Quando um caso suspeito de violência é identificado, é obrigação do profissional de saúde preencher uma ficha de notificação, conforme determinam o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto do Idoso e a Lei nº 10.778, de 2003, que trata dos casos de violência contra mulheres atendidas em serviços de saúde públicos e privados. Notificar é uma forma de garantir o controle e a visibilidade das situações de violência, além de traçar um perfil de vítimas e de agressores e apontar estratégias eficazes de prevenção.
De 2010 a 2016, foram notificados mais de 15 mil casos de violência nas unidades do PAV em todo o DF. Em 2016, o balanço parcial chegou a 3.259; em 2015, os registros somaram 1.850. Segundo levantamento deste ano, as violências mais notificadas foram a sexual (481), a física (370), a psicológica (295) e a negligência e o abandono (237). As vítimas mais comuns são crianças e adolescentes de até 19 anos, mulheres e idosos.
Além do atendimento individual e em grupos, os núcleos acolhem as famílias. A necessidade de manter saudável o ciclo afetivo em que a vítima está inserida é expressa nos números. Em 2016, 50,8% dos casos ocorreram nas residências das próprias pessoas violadas; em 2015, 46,9%.
Para 79% das vítimas de até 11 anos, a violência veio de alguém próximo. Nos adolescentes de 12 a 19 anos, essa situação representa 50% dos casos.
Metodologia, acolhimento e atendimento
O trabalho nas unidades do PAV consiste em três eixos: acolhimento, atendimento e vigilância, como detalha a chefe do Núcleo de Prevenção e Assistência a Situações de Violência da Região Leste de Saúde, Raquel van Boggelen. “Nossa missão é reconhecer, denunciar, vigiar e acompanhar.” Ela coordena os trabalhos do espaço Girassol, voltado para moradores do Paronoá e do Itapoã, e do Tulipa, que atende São Sebastião.
Há casos que entram no programa pela emergência do hospital, mas a maioria é encaminhada pela Justiça, por conselhos tutelares ou pela rede de saúde e de assistência social. “Estamos de portas abertas para o público”, garante Raquel. Após a acolhida, é traçado um plano terapêutico específico e definido o atendimento.
Grupos para meninas adolescentes no PAV Girassol
Há dois grupos criados pela equipe do Paranoá para atender adolescentes do sexo feminino. Um deles é o de empoderamento de meninas, voltado para jovens que sofreram qualquer tipo de violência.
Nesse, o problema é abordado por meio de técnicas e recursos lúdicos. “Trabalhamos temas como gênero, machismo, racismo e feminismo para que depois elas se tornem multiplicadoras em suas comunidades”, explica a psicóloga do PAV Girassol, Ana Carolina Boquadi.
O outro é dedicado a meninas que já sofreram abuso sexual e às mães delas. Esse é uma parceria com a professora Marlene Marra, do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília.
Combate à violência contra o idoso
Negligência, abandono e violências física, moral e financeira são algumas das violações mais sofridas pelos idosos, de acordo com levantamento da Secretaria de Saúde. No Girassol, o trabalho voltado para as vítimas dessa faixa etária é coordenado pela enfermeira Tereza de Fátima Bastos, funcionária do hospital do Paranoá desde 2007.
Em 2016, o programa atendeu 13 idosos. No ano passado, apenas um chegou aos cuidados da enfermeira. “Há subnotificação dos casos”, avalia. O desafio nesse caso é sensibilizar a família para ajudar a pessoa idosa.
Para estreitar os vínculos, a unidade criou, em outubro, o grupo de apoio para cuidadores. “Eles têm muito a dizer, são solitários e precisam de suporte e orientação para lidar com a responsabilidade”, avalia Tereza. Nas sessões, há dinâmicas de grupo e troca de experiências, acompanhadas por psicólogo. “É um ciclo de cuidado que deve ser fortalecido; cuidar do cuidador é cuidar do idoso.” A ideia, segundo a enfermeira, é expandir para São Sebastião, onde a demanda é mais alta.
O surgimento do PAV no DF
As primeiras unidades a fazer esse tipo de atendimento no DF foram as dos Hospitais Regionais de Taguatinga, de Ceilândia e da Asa Norte e as duas que funcionam no Hospital Materno-Infantil de Brasília (Hmib), na Asa Sul.
A expansão da rede ocorreu em 2011, um ano antes de o Programa de Pesquisa, Assistência e Vigilância à Violência ser criado pela Portaria nº 141, de 17 de julho de 2012. A média de atendimentos em cada uma das 19 unidades é de 2,5 mil a 3 mil por ano. Todas funcionam de segunda a sexta-feira.
Cada núcleo tem uma peculiaridade. “Os que ficam nos hospitais e centros da rede são os chamados de prevenção secundária, em que tomamos medidas urgentes, como afastar o agressor”, explica Fernanda Figueiredo, chefe do Núcleo de Estudos e Programas na Atenção e Vigilância em Violência, da Secretaria de Saúde, e responsável pela gestão dos PAVs.
No total são 15 PAVs de prevenção secundária da violência e quatro unidades de referência, que atendem a demandas específicas. O Alecrim, no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), recebe adultos autores de violência sexual. No Centro de Orientação Médico-Psicopedagógica, também na Asa Norte, os serviços do Jasmim são focados nos adolescentes autores de violência sexual. O Caliandra, no Adolescentro (615 Sul), é voltado apenas para vítimas de violência sexual.
No Hmib, há uma unidade específica para atender demandas de interrupção gestacional prevista em lei — casos de estupro —, além de uma de prevenção secundária, a Violeta.
Em janeiro, será inaugurado o Jardim, que já funciona no Adolescentro de forma experimental. Ele terá a característica de encaminhamento de casos para áreas diversas. “Vamos verificar as demandas, se são médicas, psicológicas ou sociais, e direcionar o tratamento dentro da rede”, adianta a chefe dos PAVs. A equipe do Jardim será maior — incluirá o serviço de médico psiquiatra — e servirá como apoio para as demais.
Inscrições até 25/01
QualificaDF Móvel 2025 abre 1.012 vagas para cursos gratuitos
O Governo do Distrito Federal (GDF), por intermédio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico,Trabalho e Renda (Sedet-DF), lançou chamamento público para preenchimento de vagas destinadas aos cursos de qualificação profissional do projeto QualificaDF Móvel. Estão abertas as inscrições, a partir desta terça-feira (14), para 1.012 vagas em cursos gratuitos no Núcleo Bandeirante, P Norte, Riacho Fundo II e Sobradinho II.
As inscrições para o terceiro ciclo da quarta etapa da iniciativa podem ser feitas até o dia 25 deste mês por este link. Entre os cursos oferecidos, estão os de cuidador de pessoa idosa, atendente de farmácia, auxiliar de recursos humanos e manicure e pedicure. O resultado final da seleção e a convocação dos candidatos selecionados para o início da qualificação serão divulgados no site da Sedet-DF até o dia 27 de janeiro.
Os candidatos convocados para confirmação de matrícula deverão comparecer a uma das agências do trabalhador listadas no Anexo I do edital, no horário de 8h às 17h, de segunda a sexta-feira, ou a uma das unidades móveis de execução dos cursos elencadas no item 1.7 do edital, das 8h às 12h e das 13h às 17h, entre os dias 27 deste mês e 1º de fevereiro, e apresentar os documentos comprobatórios originais.
Inscrições já estão abertas
Veja o passo a passo para participar do Casamento Comunitário 2025
Estão abertas as inscrições para casais que desejam formalizar sua união em 2025, mas não têm condições de arcar com as despesas de uma cerimônia matrimonial. O programa Casamento Comunitário, promovido pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF), disponibilizará 600 vagas para casais, distribuídas ao longo de quatro edições neste ano. A iniciativa, realizada desde 2021, contribuiu para fortalecer os laços familiares e promover a cidadania.
Joaquim Sousa e Helena Vidal, moradores de Taguatinga, já realizaram a inscrição no Na Hora da rodoviária do Plano Piloto para formalizar sua união em 2025. “Sempre sonhamos em nos casar, mas as condições financeiras tornavam isso impossível. Essa oportunidade nos deu a chance de viver esse momento único e abençoado. Somos muito gratos,” comemora Joaquim Sousa.
A primeira cerimônia do Casamento Comunitário 2025 acontece no dia 23 de março. Além desta, outras três edições serão realizadas no decorrer do ano, sempre aos domingos, nas seguintes datas: 29 de junho, 31 de agosto e 7 de dezembro. Cada edição contará com 150 vagas. A ordem de casamento será definida conforme a ordem de inscrição, portanto, os primeiros 150 casais participarão da cerimônia em março, enquanto os últimos inscritos ocuparão as vagas de dezembro.
Entre as exigências, destaca-se, ter idade mínima de 18 anos, e ausência de impedimento legal para casamento, conforme o Código Civil (art. 1.521).
Como se inscrever no Casamento Comunitário 2025
Para realizar a inscrição, os interessados deverão comparecer em algum dos locais definidos, de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h30, com a documentação exigida. Não será aceita a entrega de documentos por terceiros.
Os locais para realizar a inscrição são os seguintes: Praça dos Direitos da Ceilândia (QNN 13, Ceilândia Norte); na agência do Na Hora, no Setor Cultural Norte; na Praça dos Direitos do Itapoã (Quadra 203, Del Lago II); na Estação Cidadania do Recanto das Emas (Quadra 113, Lote 9) e durante as edições do GDF + Perto do Cidadão (sexta-feira de 9h às 16h e sábado de 9h às 12h).
Nos locais de inscrição, todos os casais (solteiros, divorciados e viúvos) devem apresentar comprovante de residência do DF; originais e cópias dos documentos pessoais: carteira de Identidade (RG) ou Carteira Nacional de Habilitação (CNH), Cadastro de Pessoa Física (CPF) e original da certidão de nascimento. Eles também devem preencher o formulário de inscrição.
Se divorciado, além dos documentos pessoais, apresentar cópia da formal de partilha contendo a petição inicial; sentença e o trânsito em julgado.
Se viúvo, além dos documentos pessoais, apresentar cópia da certidão de óbito e certidão de casamento; formal de partilha contendo a petição inicial, sentença e o trânsito em julgado.
Além disso, todos os inscritos devem apresentar cópia da declaração de hipossuficiência de renda, conforme modelo no Anexo I do Edital (veja aqui) que deve ser entregue no ato da inscrição.
As testemunhas deverão apresentar original e cópia dos seguintes documentos: RG, CPF, Certidão de Casamento se forem casados (as); se forem divorciados (as), acrescer a Certidão de Casamento com averbação do divórcio. É importante lembrar que as testemunhas que se farão presentes no cartório, não podem ser as mesmas do dia da cerimônia.
Casais selecionados
Após receber as inscrições, a Sejus selecionará os casais com base nos critérios estabelecidos no edital. A lista dos casais selecionados e as informações sobre os próximos passos, incluindo a lista dos documentos que deverão ser entregues nos cartórios de Registro Civil indicados, serão divulgadas no site da Secretaria de Justiça e Cidadania, com dois meses de antecedência para cada cerimônia.
Para mais informações sobre o Casamento Comunitário 2025 entre em contato pelo e-mail [email protected] e/ou telefone (61) 2244-1347/1349.
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