Cidades
Violência sexual: 64% dos casos em 2017 foram contra crianças
Familiares e pessoas próximas, com quem as crianças deveriam se sentir mais protegidas, são os principais autores de violência sexual. Eles aproveitam da proximidade para cometer os seus crimes. No Distrito Federal, o número de estupro de vulneráveis nos últimos dois anos foi quase o dobro do praticado contra as outras faixas etárias. Ceilândia, com 510 casos; Samambaia, com 292; e Sobradinho, com 237, lideraram o ranking de 2017, segundo levantamento da Corregedoria-Geral do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT).
Em 2017, foram 1.301 novos casos de estupro de vulneráveis recebidos pelo MPDFT contra 1.321 no ano anterior, uma redução de menos de 2%. Já em relação às demais faixas etárias, o número aumentou. Foi de 645 em 2016 para 733 em 2017, um crescimento de 13%. Os números revelam que os crimes sexuais envolvendo crianças e adolescentes foram 77% maior em 2017 em comparação com o restante da população.
“Normalmente, o abuso envolve uma relação de confiança, um pacto de silêncio. Por isso, muito casos só são revelados anos depois. Nesse contexto, nem sempre a família percebe os sinais. Mas alguns são típicos: dificuldade para dormir, sono perturbado, insônia, agressividade sem motivo aparente, avanço precoce do desenvolvimento sexual, baixo rendimento escolar, depressão, isolamento, falta de interação, rejeição de determinadas pessoas”, alerta a coordenadora dos Núcleo de Direitos Humanos do MPDFT, promotora de Justiça Liz-Elainne Mendes.
Na dúvida, procure ajuda – Muitas vezes, a família não tem certeza se a criança ou o adolescente foi vítima de abuso sexual. Nesse caso, a promotora Liz-Elainne explica que a melhor opção é buscar apoio psicológico. “Quando há a confirmação é importante buscar a rede de proteção. Primeiro, a rede de saúde e depois o acolhimento, seja pelo Conselho Tutelar, Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e até mesmo o Ministério Público, que vai atuar de maneira repressiva para interromper a situação de abuso, mas também inserir essa criança e essa família no mecanismo de proteção”, completou.
Para Liz-Elainne, a educação é a maior arma contra esse crime. “É difícil trabalhar em prevenção quando o assunto é um tabu. A sexualidade deve ser tema de diálogo em casa e na escola. Com a metodologia adequada, a criança deve aprender o que é abuso sexual para que possa reagir e ser a primeira a se proteger”, completou. Cabe ressaltar que a legislação penal foi alterada e o prazo prescricional para esse tipo de crime só começa a contar quando a vítima atinge a maioridade.
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