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Apesar das brigas judiciais, turnê comemora 30 anos do primeiro disco da Legião Urbana

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Então vamos falar de música? Esqueça as brigas judiciais. Deixe para lá os desentendimentos entre o espólio de Renato Russo, comandado pelo filho dele, Giuliano Manfredini, e os integrantes remanescentes da Legião Urbana, o baterista Marcelo Bonfá e o guitarrista Dado Villa-Lobos.

Por duas décadas a Legião Urbana não encontrou a sua legião, os fãs, de maneira satisfatória – por isso, não entra na conta o show com o ator Wagner Moura. A turnê que comemora os 30 anos do primeiro disco da banda estreou em Santos, passou pelo interior do estado e, na noite do último sábado, 7, chegou a São Paulo. A casa de shows Espaço das Américas borbulhava, do lado de dentro e fora, na ansiedade pelo reencontro.

Jovens, não nascidos quando Legião Urbana, o disco, saiu e impactou o rock nacional, amontoavam-se na grade que separava a pista comum da premium, esta mais próxima do palco no qual Dado e Marcelo receberam convidados para os vocais de Renato, morto em 1996.

Louvável o esforço dos integrantes do grupo de Brasília em mostrar seu antigo letrista como insubstituível. Escalaram como vocalista principal o ator André Frateschi, alguém que já conhece o caminho das pedras para interpretar canções dos outros – vide seu projeto com covers de David Bowie. A presença dele, no palco, é comedida. Cede os microfones para Dado, Marcelo, e outros cantores chamados aos montes, de fã vencedor de concurso a Rodrigo Amarante, do Los Hermanos, numa participação em Monte Castelo, Quase Sem Querer e Índios.

A celebração é, em tese, em homenagem às três décadas do primeiro álbum, executado do começo ao fim, de Será a Por Enquanto, mas acaba por ser uma grande ode ao líder já morto da banda. Ele, por sua vez, tem seu primeiro trabalho como compositor esquadrinhado, seus pontos fortes e seu lado compositor mais pueril. Não é por acaso que o show engata, mesmo, quando banda e convidados iniciam a jornada por toda a discografia da Legião. Aí, sim, fãs e músicos no palco se encontram naquela sinergia perfeita. Um verdadeiro coral entoava, junto com a banda, os longos versos de Faroeste Caboclo, por exemplo. A celebração dos 30 anos é uma desculpa para algo maior. As letras de Renato soam tão atuais quanto nos anos 1980. Parece profético, até. Infelizmente, companheiros de banda e filho, rivais na justiça, levam mais a sério o verso “amar o próximo é tão demodé” do que “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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