Cidades
PMs agredidos durante os ataques de 8 de janeiro são promovidos por bravura
O governador Ibaneis Rocha promoveu, por ato de bravura, dois policiais militares que se feriram gravemente durante os trabalhos para conter as pessoas que depredaram as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro.
Os militares promovidos são do Batalhão de Choque, do 3º Pelotão da Companhia de Patamo, e estavam escalados para trabalhar naquele dia. Eram 20 policiais do pelotão que se dedicavam a dispersar os invasores do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e da sede do Supremo Tribunal Federal (STF).
O subtenente Beroaldo José de Freitas Júnior e a cabo Marcela da Silva Morais Pinno ficaram entre a vida e a morte enquanto lutavam pela ordem pública durante os ataques. Eles foram jogados da cúpula do Congresso Nacional, a uma altura de três metros, e espancados pelos vândalos, que lhes desferiam golpes e tentavam roubar seus equipamentos de defesa.
“Parecia uma eternidade”, relembrou Marcela. “Fui atacada duas vezes, fui espancada, batiam em mim com uma barra de ferro. Meu capacete ficou amassado. O que me manteve ali e me fez resistir, apesar de toda a agressividade, foi saber que posso contar com meus colegas de trabalho. Foi o subtenente que me salvou e me tirou daquela selvageria”, detalhou.
“Quando vi que a cabo Marcela estava sendo atingida, fui até lá e a ajudei a se levantar. Ela recuperou o seu escudo, e, quando estávamos recuando, eu fui derrubado e espancado de uma forma muito agressiva”, contou o subtenente Freitas. “Eles queriam estraçalhar. Queriam matar. Não tinha outro objetivo”, relatou, emocionado.
Mesmo sob tanta agressividade, os oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) mantiveram a postura. De acordo com o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, graças à atuação ostensiva da PMDF, não houve nenhuma tragédia pior que custasse a vida de um militar. “A PMDF sofreu muito naquele dia 8. O fato de não ter morrido ninguém foi uma bênção. Os militares levaram pauladas a ponto de quase terem tido quebrado um capacete balístico e, mesmo assim, resistiram e ficaram até o final, feridos. Não deram um tiro de arma de fogo, mesmo vendo os colegas correrem risco de morte. Isso é para a gente se orgulhar, e muito”, defendeu o secretário.
Promoção por ato de bravura
De acordo com o Decreto nº 37.483/2016, para que haja uma promoção por ato de bravura, há uma série de requisitos a ser cumprida. São eles:
→ Ocorrência de ato ou de atos incomuns de coragem e audácia no desempenho de ações cuja natureza seja inerente à atividade policial militar;
→ Indícios veementes de que a conduta apurada ultrapassou os limites normais do cumprimento do dever;
→ Prática de ato que represente feito excepcionalmente valioso pelos resultados alcançados ou pelo exemplo edificante deles emanado;
→ Existência de prova inequívoca de que o perigo era certo (com real probabilidade de dano), conhecido, iminente, inevitável e que não era exigível ao militar enfrentá-lo;
→ Que esteja comprovada a individualidade e a discricionariedade do autor em relação à exposição ao risco excessivo, caracterizadores de coragem e audácia no desempenho da ação apreciada.
A promoção por ato de bravura é aquela que resulta de ato não comum de coragem e audácia, que, ultrapassando os limites normais do cumprimento do dever, representa feito heroico indispensável ou relevante às operações policiais militares ou à sociedade, pelos resultados alcançados ou pelo exemplo positivo deles emanado.
De primeiro-sargento a subtenente
A poucos anos para conquistar a aposentadoria, o subtenente Freitas não esperava que fosse passar por tantas emoções logo nos primeiros meses de 2023.
“Iria chegar o momento da minha aposentadoria e eu não teria atingido o tempo necessário para conseguir essa promoção. Normalmente, são de cinco a dez anos para conquistar a patente de subtenente”, explicou. “Com essa graduação maior, as responsabilidades são maiores também. Estou muito feliz com o reconhecimento, e espero poder repassar a experiência aos novos colegas de farda.”
De soldado a cabo
A cabo Marcela da Silva Morais Pinno faz parte da Segurança Pública do DF há quatro anos. Para ela, foram momentos que jamais serão esquecidos.
“Estávamos na linha de frente. Foram atos extremamente violentos, e eu nunca atuei em nada daquela proporção. A nossa promoção é um reconhecimento a todos do batalhão, que atuaram mesmo feridos e em momento nenhum pensaram em desistir”, defendeu.