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Além dos animais

Pesquisas indicam ingestão de microplásticos por humanos

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Foto/Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil
Léo Rodrigues

Aquele canudinho ou copo plástico descartado incorretamente no ambiente pode acabar sendo ingerido por uma pessoa em fragmentos imperceptíveis no copo de água e até no alimento. Os chamados microplásticos vêm gerando preocupações na comunidade científica, em parte porque pouco se sabe acerca dos possíveis impactos na saúde humana. Este é um dos assuntos presentes em discussões propostas por instituições ambientalistas de diversos países que realizam neste sábado (21) o World Cleanup Day ou, simplesmente, Dia Mundial da Limpeza, como o evento é chamado em português.

“Teremos neste dia, em todo o mundo, mutirões para limpeza, por exemplo, do lixo local gerado na praia: bituca de cigarro, tampa de garrafa, canudos, copos, garrafas, sacolas plásticas”, diz Jonas Leite, doutor em oceanografia e gerente no Rio de Janeiro do Projeto Meros do Brasil, uma das iniciativas responsáveis por organizar as ações em cidades brasileiras.

Leite considera que as atividades na praia fomentam a conscientização, mas alerta que, em qualquer lugar do país, quando o lixo é jogado no chão ou levado para um lixão que não faz o tratamento correto, o resíduo vai acabar indo para os rios e pode percorrer milhares de quilômetros até o oceano. “É o destino final de praticamente todo o lixo que não é gerido da forma correta. Você pode nunca ter pisado na praia, mas o seu lixo, se não for bem gerido, vai chegar lá”, disse.

Ações

O Dia Mundial da Limpeza busca chamar a atenção e oferecer atividades de combate ao problema global de resíduos sólidos. O impulsionamento mundial é liderado pela Let’s Do It World (LDIW), um movimento cívico global sediado na Estônia e com alcance em 157 países. Eles criaram um mapa online que traz informações das iniciativas espalhados pelo mundo. A proposta do evento teve como base experiências que vinham sendo realizadas desde 2008, quando 50 mil pessoas se uniram na Estônia para recolher lixo em todo o país.

O movimento decidiu fixar o Dia Mundial da Limpeza sempre no terceiro sábado de setembro. No ano passado, o Brasil registrou ações em 363 cidades. Neste ano, a expectativa é que o evento chegue a mais municípios.

Os cariocas que quiserem participar, por exemplo, terão diversas opções nas praias. Em Copacabana, o Instituto Aqualung e grupos de escoteiros realizarão um mutirão de voluntários. Na Barra da Tijuca, além de iniciativas na orla, haverá até intervenção musical: o Chegando de Surpresa, grupo formado por garis da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), apresentará um repertório de conscientização na Praça Soldado Geraldo da Cruz.

Projetos socioambientais apoiados pela Petrobras planejam ações em todo o país. Um deles, o Projeto Ilhas do Rio, vai promover uma gincana na praia da Copacabana e premiará, com uma mochila, uma barraca de praia e um kit ecobag, as três duplas que conseguirem coletar o maior volume de lixo. O Projeto Meros do Brasil, que também tem o apoio da estatal, planejou uma série de iniciativas nos nove estados onde atua. Em Niterói, na região metropolitana do Rio, Jonas Leite vai liderar, na Praia de Itaipu, um mutirão de limpeza com oficina de pintura corporal e pintura em desenho, jogo da memória e outras atividades.

De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgados no ano passado, apenas 9% das 9 bilhões de toneladas de plásticos já produzidos no mundo foram reciclados até hoje. Cerca de 40% dos produtos plásticos são usados uma única vez e em seguida descartados. Anualmente, entre 8 milhões e 13 milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos e tiram a vida de aproximadamente 100 mil animais marinhos. As mortes ocorrem por diversos motivos: problemas com a ingestão, asfixia e impossibilidade de locomoção quando os animais ficam presos nos produtos descartados.

Microplásticos

O crescimento do índice de mortalidade entre as espécies que habitam os oceanos não é o único problema decorrente do incorreto descarte de resíduos plásticos. Uma vez no ambiente, eles vão se fragmentando ao se ressecarem em decorrência, por exemplo, da exposição ao sol ou da ação do sal marinho. Os pedaços ficam tão pequenos que se inserem nas cadeias alimentares dos oceanos. Estimativas da ONU sugerem que existem cerca de 51 trilhões de partículas de microplásticos dispersos no oceano.

“Um canudo, por exemplo, vai se fragmentando continuamente e liberando partículas cada vez menores. Dependendo do tamanho dele, o microplástico adentra em todas as etapas da cadeia alimentar dos oceanos. Começa a ser consumido pelos menores organismos e vai passando para outros até que chega aos peixes que nos servem de alimento. Mas podemos ingerir esses fragmentos não apenas por meio de peixes e frutos do mar, mas também por meio de um vegetal que não foi bem limpo e até de um copo de água”, explica Jonas.

No mês passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um primeiro relatório sobre os efeitos dos microplásticos na saúde humana. Foram avaliados os resultados de pesquisas recentes sobre a presença desses pequenos fragmentos em água potável. De acordo com as conclusões, o corpo humano consegue eliminar os microplásticos com mais de 150 micrômetros. Em relação a partículas menores, a entidade considerou que os dados atuais ainda são extremamente limitados e concluiu pela necessidade de mais pesquisas.

Lixo de outros locais

Segundo o especialista em oceanografia Jonas Leite, nem todo o lixo encontrado em uma praia é gerado no local. “Durante toda a maré cheia, o mar traz resíduos que não foram jogados ali. O mar não tem país. E o lixo, independente de qual país o gerou, é o mesmo para todos. Ele continua no planeta Terra. O lixo que se joga aqui pode aparecer um dia na Argentina dependendo das correntes marinhas”.

No ritmo atual, se nada for feito, as projeções da ONU apontam que os oceanos terão mais plástico do que peixes em 2050. Em alguns pontos, tem se formado as ilhas de plástico. Segundo Jonas, isso ocorre nos vórtices das correntes marinhas.

“As principais correntes fazem como se fossem redemoinhos, promovendo o acúmulo do lixo em certos pontos. Esse lixo que está na superfície boiando atrai a vida marinha. Então a presença de um marisco, um mexilhão, faz com que uma garrafa grude na outra. E os resíduos vão sendo aglutinados pelos seres marinhos, até que vira um grande aglomerado. Algumas dessas ilhas crescem tanto que já ocorreram acidentes com navios e há vários países buscando soluções para a questão”, explica.

Correntes

Criada em 2002, o Projeto Meros do Brasil é uma iniciativa com foco na conservação do mero, uma das maiores espécies de peixes marinhos, podendo chegar a medir quase três metros. A espécie está ameaçada de extinção e sua pesca e comercialização é proibida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O projeto busca promover a preservação de ambientes associados à espécie, como o oceano, costões rochosos e manguezais.

Ao mesmo tempo, a iniciativa desenvolve pesquisas científicas, em interlocução com universidades e outras instituições, e atividades de educação ambiental. “No Dia Mundial da Limpeza, todo o lixo que recolhermos vai ser catalogado, pesado, analisado. E daí vai gerar um dado técnico a ser enviado a autoridades competentes para servir de base para futuras legislações e ações mais concretas por parte não só da comunidade, mas também do Poder Público”, diz Jonas.

Soluções

A melhor solução de médio e longo prazo, segundo o gerente do Projeto Meros do Brasil, é a conscientização tanto de consumidores como de gestores públicos. Segundo ele, a adoção de novos hábitos pela população será um indicativo da capacidade das sociedades no enfrentamento da questão dos resíduos e da preservação ambiental.

“É preciso respeitar as legislações, não pescar espécies ameaçadas de extinção. Educar o consumidor para sempre procurar saber o que está consumindo. Saber se o peixe que está sendo servido em um restaurante tem sua comercialização proibida, tem período de defeso ou se vem da pesca predatória. E cuidar dos resíduos desde o momento em que se compra os produtos. Se você tem dois produtos similares, opte por aquele que usa menos embalagem. O consumidor tem um poder grande de forçar mudanças na indústria em médio e longo prazo”.

Segundo ele, o mundo, inclusive o Brasil, já possui soluções para quase todas as questões relacionadas com embalagem. “A indústria só não recorre a elas porque é mais caro, ou porque falta interesse e o mercado continua consumindo com as embalagens desnecessárias. Mas já tem, por exemplo, mercado embalando vegetais e legumes com folha de bananeira. Um caso clássico é a pasta de dente. Para quê tem uma caixa de papelão protegendo o tubo da pasta de dente? Para quê embalar frutas com várias camadas de isopor e plástico, se a casca já é uma embalagem natural que garante a durabilidade do alimento?”, questiona.

Do ponto de vista da gestão do lixo, ele afirma que o Poder Público deve ser cobrado para ampliar o saneamento básico. Hoje, diversas cidades brasileiras ainda jogam todo o esgoto sem tratamento nos oceanos. Ele lembra que o lixo pode gerar dinheiro, através da reciclagem, e mesmo os resíduos orgânicos podem ser usados na produção de biogás, por exemplo. “Pode parecer que o oceano, por ser tão grande, quase infinito, tem a capacidade de reciclar ou de sumir com as coisas. E não é bem assim”, alerta Jonas.

Xô, Aedes!

Distrito Federal tem queda de 81% no número de casos de dengue

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Ao Vivo de Brasília
Combate à dengue GDF
Foto/Imagem: Freepik

O engajamento da população e as iniciativas do Governo do Distrito Federal (GDF) para combater o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, têm dado resultado. No ano passado, nesta mesma época, foram 1.354 novos casos em uma semana. Agora, foram 256, uma queda de 81%.

“Esse levantamento mostra o resultado das ações, seja do governo, seja da população. É uma situação do momento, então pode haver mudanças. O importante é mantermos o foco e a união para juntos mantermos a dengue sob controle”, afirma a secretária de Saúde do DF, Lucilene Florêncio.

O mais recente boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde mostra que, até o fim da Semana Epidemiológica 48, o DF somava 283.841 casos suspeitos de dengue ao longo de todo o ano, frente a 283.685 da semana epidemiológica 47, um acréscimo de 256. Já em 2023, a SE 48 somava 31.997 casos suspeitos, uma diferença maior que a apresentada frente ao término da SE 47 de 2023, com 30.643, à época, um acréscimo de 1.345 em uma semana.

O maior registro de números absolutos em 2024 ocorre por conta do “pico” dos casos de dengue ocorrido no início do ano. No entanto, o subsecretário de Vigilância à Saúde, Fabiano dos Anjos, reforça que o cenário atual é melhor que o vivido no fim de 2023, quando houve uma aceleração de infecções por dengue. “No mesmo período do ano passado, o número de casos era muito superior ao que se tem observado até o momento”, explica.

Visando à prevenção da dengue, a Secretaria de Saúde ampliou as ferramentas para monitoramento, como o uso de novas tecnologias digitais para análise de dados, por exemplo. A pasta também ampliou a força de trabalho envolvida nas ações diárias de combate à dengue, além de ter adotado novas estratégias, como as ovitrampas.

Ao longo de 2024, foram realizadas 1.357.780 inspeções em imóveis pela Vigilância Ambiental em Saúde. Além das inspeções de rotina, foram instaladas até o momento 2.175 armadilhas ovitrampas, tendo sido removidos 1.390.606 ovos do Aedes aegypti. Foram instaladas, ainda, 1.278 estações disseminadoras de larvicida.

Outros órgãos do GDF, como as administrações regionais e o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), atuam em ações de limpeza, por exemplo. Já a Secretaria de Educação, em parceria com a Secretaria de Saúde, se destaca pelas ações realizadas ao longo do ano com a comunidade escolar.

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Estoque crítico

A negativo: FHB oferece senhas preferenciais para doadores de sangue

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Ao Vivo de Brasília
estoque Hemocentro de Brasília
Foto/Imagem: Divulgação/Hemocentro

A Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) está distribuindo senhas preferenciais para doadores de sangue A negativo até 11 de dezembro. A medida prioriza o atendimento a esse grupo em um momento crítico, em que os estoques operam com apenas 66% do nível considerado ideal.

“A senha preferencial é uma estratégia que utilizamos quando os estoques de determinada tipagem atingem níveis críticos, como é o caso, agora, do A negativo. Precisamos restabelecê-lo a níveis considerados seguros, a fim de manter o atendimento regular aos hospitais”, explica a gerente de Captação de Doadores do Hemocentro de Brasília, Kelly Barbi.

A queda no volume de doações foi intensificada pelos diversos feriados do mês de novembro. “Com a proximidade das festas de fim de ano e das férias escolares, convidamos a população a doar sangue, realizar esse gesto solidário e altruísta para com os pacientes do DF que necessitam de transfusões para manter ou recuperar a saúde. Há um aumento histórico de transfusões nesse período, motivo pelo qual fazemos esse apelo junto à população”, completa Kelly.

O Hemocentro de Brasília é responsável por abastecer toda a rede de saúde pública do Distrito Federal, além de instituições conveniadas, como o Hospital da Criança, o Instituto de Cardiologia do DF e o Hospital das Forças Armadas.

Como funciona a senha preferencial

A senha preferencial para doadores A negativo será concedida mediante comprovação do grupo sanguíneo, seja com o cadastro no Hemocentro ou por meio de um exame de tipagem sanguínea. A medida otimiza o atendimento e prioriza as necessidades emergenciais, garantindo que o Hemocentro possa atender à alta demanda desses pacientes.

Para doar sangue, é preciso ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 51 kg e estar saudável. Quem passou por cirurgia, exame endoscópico ou adoeceu recentemente deve consultar o site do Hemocentro para saber se está apto a doar sangue.

Quem teve gripe deve aguardar 15 dias após o desaparecimento dos sintomas para poder doar sangue. Quem teve covid-19 deve aguardar 10 dias após o fim dos sintomas, desde que sem sequelas. Se assintomático, o prazo é contado da data de coleta do exame. Pacientes diagnosticados com dengue clássica devem aguardar 30 dias para se candidatar à doação de sangue. Para a dengue hemorrágica, o prazo é de seis meses.

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