Cartel
Ministério Público vê indício de favorecimento da Petrobras a dono de postos
Documentos do Ministério Público apontam “indícios de favorecimento indevido” na relação entre a BR Distribuidora – subsidiária da Petrobras – e a Cascol, empresa dona de 30% dos postos de combustíveis e suspeita de integrar um cartel que combinava preços e aumentava o valor da gasolina em 20%.
A denúncia sobre as supostas irregularidades foi feita em 2003. O processo que investiga o caso tramita desde 2011 no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Ele está em fase final de análise e não tem prazo para ser julgado. Pelos cálculos da Polícia Federal, o prejuízo gerado pelo suposto cartel pode chegar a R$ 1 bilhão por ano aos consumidores.
“A gente tem documentos que provam que a Petrobras dá condições comerciais melhores ao grupo Cascol”, afirmou ao G1 o promotor de Defesa do Consumidor Paulo Binicheski. “A Cascol tem preços melhores e prazos maiores para pagar o combustível.” Os documentos correm em sigilo. A reportagem não teve acesso a eles.
De acordo com o Cade, a estatal tem 77 postos próprios no DF – 29 arrendados para a Cascol. A empresa não cobra aluguel e IPTU de nenhuma das 29 unidades arrendadas. No entanto, os valores são cobrados dos 48 outros postos de combustíveis concorrentes.
A Cascol nega receber vantagens. “Como a rede compra em grande quantidade e paga à vista, acaba gerando um desconto maior”, afirmou a empresa. Procurada, a Petrobras não quis se pronunciar sobre o caso.
De acordo com o promotor Paulo Binicheski, contratos entre as duas companhias foram analisados antes mesmo da denúncia do suposto esquema de cartel – divulgado em novembro do ano passado. “Isso é grave. É emblemático”, disse o promotor.
Lucro limitado
O MP aguarda o julgamento do Cade e o andamento das investigações sobre o suposto cartel para pedir a limitação do lucro de donos de postos do DF.
A medida chegou a ser aplicada em 2011, quando os donos de postos não podiam faturar mais que 15,87% sobre o valor da gasolina. O objetivo é abaixar o preço do combustível.
“Em economias mais avançadas, a margem de lucro não chega a 3%. Atualmente a margem de lucro no DF é muito alta. O brasiliense paga mais caro do que em lugares vizinhos”, afirmou o promotor Paulo Binicheski. “Podemos pedir para limitar a margem de lucro em torno de 10% ou 12% para os próximos cinco anos.”
Entre os dias 10 e 16 de janeiro, a Agência Nacional do Petróleo observou que o litro de gasolina custava em média R$ 3,96 no DF. Na capital goiana, o litro do combustível saía por R$ 3,61.
Outra intenção do MP é de aplicar multa às empresas que forem condenadas como integrantes do suposto cartel sobre 10% do faturamento que tiveram nos últimos cinco anos. Segundo o Cade, a multa pode chegar até 20% do que as companhias faturaram.
Na opinião do promotor, no entanto, os preços do DF só cairão realmente quando tiver mais opção no mercado. “Só com aumento da concorrência o preço pode cair”, disse. Uma das iniciativas aprovadas pelo MP é a instalação de postos de combustível em supermercados e shoppings.
Lei é ‘obscura’
Em entrevista ao G1, o promotor Paulo Binicheski disse considerar o texto da lei que autoriza a instalação de postos de combustíveis em shoppings e supermercados do Distrito Federal “obscura”. Segundo ele, o texto abre brecha para questionamentos de empresários contrários à instalação de postos em comércios. O Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do DF informou ser a favor da medida “desde que esteja na conformidade da lei”.
Lei é ‘obscura’
Em entrevista ao G1, o promotor Paulo Binicheski disse considerar o texto da lei que autoriza a instalação de postos de combustíveis em shoppings e supermercados do Distrito Federal “obscura”. Segundo ele, o texto abre brecha para questionamentos de empresários contrários à instalação de postos em comércios. O Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do DF informou ser a favor da medida “desde que esteja na conformidade da lei”.
Questionado sobre o teor da medida, validada pelo governador Rodrigo Rollemberg, o GDF disse que o texto foi criado “após inúmeros encontros do governo, com MP e sociedade civil, visando ao aumento da concorrência saudável para estimular a queda dos preços dos combustíveis”.
No anúncio da sanção, o governador Rodrigo Rollemberg afirmou esperar “uma gasolina mais barata para a população”, mas declarou que o “aumento do número de estabelecimentos vai depender dos comerciantes apresentarem projetos”.
Comerciantes que pretendem instalar bombas de combustíveis precisam apresentar uma proposta ao governo para conseguir licenciamentos de obra e ambiental.
Com a medida, shoppings, supermercados, lotes de uso industrial, concessionárias de veículos, terminais de transporte e garagens de ônibus podem construir postos de combustíveis.
Cartel
A lei autorizando postos em comércios voltou a transitar na Câmara em novembro, quando a Polícia Federal deflagrou uma operação para desmembrar um grupo que combinava preços na distribuição e revenda de combustíveis no DF e no Entorno. Segundo a PF, o suposto cartel atuava há pelo menos dez anos.
Pelos cálculos da PF, o prejuízo gerado pelo cartel pode chegar a R$ 1 bilhão por ano. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e o Ministério Público do DF também participam das investigações.
Foram expedidos sete mandados de prisões temporárias, 44 mandados de busca e apreensão e 25 de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento). Os mandados da operação, batizada de Dubai, foram cumpridos também no Rio de Janeiro.
O suposto cartel investigado pela PF envolvia donos de postos e de distribuidoras que combinariam preços de álcool, diesel e gasolina. De acordo com a polícia, a principal rede investigada vendia 1,1 milhão de litros de combustível por dia. Com o esquema, a empresa chegava a lucrar diariamente quase R$ 800 mil, estimaram os investigadores.
Gabriel Luiz, G1 DF
Atualizado em 19/01/2016 – 10:27.
Mudança de vida
Ex-moradores de rua do DF ganham oportunidades de emprego na Sejus
O pedreiro Francisco Tavares, 40 anos, pai de três filhos, viveu quase três anos nas ruas, desde que perdeu o seu último emprego. No entanto, há três meses sua vida se transformou. Ele recebeu a abordagem do governo e dias depois foi nomeado para uma oportunidade de trabalho na Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF). “Já tinha perdido as esperanças e, de repente, as portas do mercado de trabalho voltaram a se abrir para mim. Estou trabalhando com pintura, reforma, o que eu já sei fazer, mas me aprimorando. Essa oportunidade me trouxe condições de sustentar minha família e de sonhar com um futuro melhor”, celebrou.
Francisco é mais um dos beneficiados pelas políticas públicas do Governo do Distrito Federal (GDF) voltadas para à inclusão social de pessoas em situação de rua. Por meio do Decreto 46.250/2024, o Executivo oficializou a criação de 15 cargos dentro da estrutura do GDF destinados exclusivamente para atendimento deste público. A medida estabelece que os postos de trabalho sejam oferecidos nas estruturas administrativas da Sejus e das outras pastas que trabalham com temas relacionados a direitos humanos, qualificação profissional e assistência social.
A secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani, define a iniciativa como uma política de inclusão social inovadora. “A contratação de pessoas que já estiveram em situação de rua é uma forma de dignidade, ao oferecer trabalho e possibilidades reais de reintegração à sociedade. Este projeto piloto quebra barreiras e cria pontes para quem mais precisa, pois pessoas em situação de vulnerabilidade terão a chance de recomeçar e contribuir ativamente para o desenvolvimento do Distrito Federal”, afirma.
Mudança de vida
Gilvandro Soares, de 55 anos, foi mais um dos selecionados para fazer parte dessa iniciativa na Sejus. Ele relatou as dificuldades que passou neste período em que viveu nas ruas e como esta oportunidade deve mudar sua vida. “Foi um período difícil e sem privacidade. Esse emprego tem um impacto muito grande na minha vida. Agora tenho renda para adquirir o que eu quero e, mais importante, tenho muitos planos. A gente sonha quando não pode, tendo um salário fixo é outra coisa”.
Os selecionados para trabalhar na Sejus estão lotados no departamento de manutenção e participam das obras de revitalização de equipamentos públicos entregues pela pasta. Tanto Francisco quanto Gilvandro participaram da recente revitalização da sede da Associação Nova Cidadania, uma entidade sem fins lucrativos, que oferece atividades culturais e desportivas para pessoas idosas de Santa Maria.
A reserva de vagas de emprego para pessoas em situação de rua se soma às demais propostas do governo previstas no Plano de Ação para a Efetivação da Política Distrital para a População em Situação de Rua. Criado em 25 de maio, o documento está dividido em sete eixos, entre os quais está o Eixo de Trabalho e Renda. Nele, o GDF reconhece a importância do trabalho e da geração de renda como meio de inclusão social e dignidade, e oferece estratégias para a consolidação desse objetivo.
Atualizado em 22/11/2024 – 19:05.
Segurança Pública
Sete RAs do Distrito Federal estão há mais de um ano sem registrar homicídios
O Distrito Federal tem reduzido de forma consistente o número de homicídios. Em 2024, alcançou as menores taxas já verificadas em toda a série histórica, chegando à redução de 35% no total de homicídios registrados em outubro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Como efeito positivo da estabilidade dos dados, algumas regiões administrativas têm se destacado e estão há mais de um ano sem registros desta natureza criminal.
Em novembro, Candangolândia e Sudoeste/Octogonal completaram 12 meses sem registro de homicídios. O secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar, ressalta o esforço das forças de segurança, das demais áreas de governo e da sociedade civil na redução desses crimes: “O planejamento constante de nossas ações, tanto preventivas quanto repressivas, pautadas na integralidade, converge para promover a pacificação das regiões administrativas”.
O monitoramento dos crimes no DF, desenvolvido pela Subsecretaria de Gestão da Informação da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), mostra, ainda, que Jardim Botânico, Cruzeiro, Riacho Fundo, Varjão e Arniqueira também integram a lista das cidades sem registro de homicídio em 12 meses.
“Trabalhamos para que todas as regiões administrativas alcancem essas taxas. Reconhecemos que ainda temos a evoluir e estamos constantemente em busca de novas soluções e parcerias com esse foco. No entanto, esses resultados precisam ser evidenciados e demonstram que o programa DF Mais Seguro – Segurança Integral está no caminho certo”, assegura Avelar.
Para a comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Ana Paula Barros Habka, os números refletem as permanentes ações da corporação pautadas em dados e estudos analíticos deste fenômeno criminal. “O policiamento ostensivo do Distrito Federal é permanentemente orientado pelos dados e análises de manchas criminais, sendo determinante para uma maior eficiência das ações de prevenção.”
O delegado-geral da Polícia Civil, José Werick, destaca, ainda, a atuação da instituição na responsabilização dos autores de crimes de homicídio. “Nosso empenho é intenso para que nenhum caso fique sem solução no Distrito Federal. Prova disso é a recente pesquisa divulgada pelo Instituto Sou da Paz, que nos posicionou como a unidade da Federação com a maior taxa de elucidação de homicídios do país”, afirma.
Operações integradas
A Subsecretaria de Operações Integradas da SSP-DF promove sistematicamente reuniões técnicas com as forças de segurança pública e demais agências do Governo do Distrito Federal (GDF) para aprimoramento do planejamento das ações com foco na redução de homicídios. A subsecretária Cintia Queiroz enfatiza que esses encontros são fundamentais para que todos possam atuar com o mesmo foco.
“Reuniões integradas entre diferentes esferas de governo, forças de segurança e sociedade civil são fundamentais para o enfrentamento da violência. Ao promover o compartilhamento de informações, a articulação de estratégias conjuntas e a troca de experiências, essas reuniões contribuem para a aplicação de políticas públicas e planejamento operacional mais eficazes e direcionadas”
Evidências
A Subsecretaria de Gestão da Informação é o setor encarregado da análise de dados e da elaboração de estudos diagnósticos na área de segurança pública. O papel dela é crucial no planejamento tático-operacional, fornecendo informações estratégicas para a execução de ações integradas.
“É imprescindível entender a dinâmica criminal em todo o Distrito Federal, considerando as particularidades regionais e as principais causas dessas ocorrências, para orientar de maneira mais eficaz a atuação conjunta das forças de segurança. Desta forma, estamos sempre em busca de criar ferramentas e análises que possam contribuir com nossas políticas e para servir de base para atuação de nossas forças de segurança”, ressalta o subsecretário de Gestão da Informação, George Couto.
Pesquisas recentes
Segundo o levantamento do Atlas da Violência 2024, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a capital federal tem a segunda menor taxa de homicídio: 13%. A cidade só perde para Florianópolis (8,9%), capital de Santa Catarina. Os dados se referem ao ano de 2022. Salvador (BA), Macapá (AP) e Manaus (AM) figuram entre as capitais com o maior número de assassinatos.
DF Mais Seguro – Segurança Integral
O programa DF Mais Seguro tem sido fundamental para o fortalecimento das políticas de segurança pública, por meio de uma abordagem inovadora, com base na integralidade, ou seja, com a participação de órgãos governamentais e população. Lançado há um ano, o objetivo da reformulação da política era sustentar a redução histórica da criminalidade no DF. A política, que vinha sendo implementada desde o início de 2023, foi oficialmente lançada em novembro do ano passado.
Atualizado em 22/11/2024 – 06:17.
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