Infecções do fígado
Julho Amarelo: hepatites podem ser silenciosas; veja como identificar
Celebrado em 28 de julho, o Dia Mundial Contra as Hepatites Virais foi criado para promover informações sobre essas doenças, muitas vezes silenciosas. De maneira mais ampla, durante todo o mês, a campanha Julho Amarelo busca alertar sobre os riscos, formas de contágio e a importância do diagnóstico precoce.
“As hepatites virais são infecções do fígado, causadas por diferentes vírus, levando à inflamação e danos às células hepáticas. Existem cinco tipos principais de hepatites virais, classificadas com base no vírus causador”, explica o infectologista e consultor médico do Sabin Diagnóstico e Saúde, Marcelo Cordeiro.
Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado neste ano, revela que as mortes por hepatites virais têm aumentado. A doença já é a segunda principal causa infecciosa de óbitos em nível mundial, com 1,3 milhão de mortes por ano. Deste total, 83% foram causadas pela hepatite B e 17% pela hepatite C.
Tipos
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, as hepatites mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C; e com menor frequência pelos vírus D (mais comum na região Norte) e E, bem menos frequente no país.
As hepatites dos tipos A e E são transmitidas por via oral-fecal, de uma pessoa doente para outra saudável, e por meio de alimentos ou água contaminados. Já as hepatites B, C e D são transmitidas, principalmente, por contato com sangue contaminado.
“A hepatite D ocorre apenas em pessoas infectadas com o vírus da hepatite B”, afirma o infectologista do Sabin.
O Ministério da Saúde ressalta que, na maioria das vezes, as hepatites são infecções silenciosas. Entretanto, quando há sintomas, os mais comuns são: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Diagnóstico
Marcelo Cordeiro explica que o diagnóstico para as hepatites costuma ser feito com testes para pesquisa de anticorpos ou antígenos contra os vírus. O procedimento pode variar entre exames de sangue mais completos ou em testes rápidos específicos para cada tipo da doença.
“Os testes de antígenos e anticorpos detectam a presença de antígenos virais, como o HBsAg para hepatite B, ou anticorpos contra os vírus, como anti-HCV para hepatite C. Há também o exame PCR (Reação em Cadeia da Polimerase), que detecta o material genético dos vírus (RNA ou DNA) e é usado para confirmar a infecção ativa e medir a carga viral”, afirma o especialista.
Pelo fato de as infecções estarem ligadas ao fígado, o médico explica que também pode ser indicado o Teste de Função Hepática, que avalia os níveis de enzimas hepáticas (ALT, AST) para detectar o grau de dano ao órgão.
“Outros exames podem ser utilizados, tais como o de Biópsia Hepática, feito com uma amostra de tecido do fígado, para avaliar o grau de inflamação e dano hepático, embora seja menos comum hoje, devido ao avanço de testes não invasivos, como o Fibroscan (elastografia), que também avalia a fibrose hepática”, pontua.
Prevenção e tratamento
Dentre as orientações de prevenção para as doenças estão a importância de vacinação contra a hepatite A e hepatite B, e a adoção de cuidados comportamentais.
“É importante lavar corretamente as mãos, consumir água potável e alimentos bem cozidos para prevenir hepatite A e E. Em relação à segurança sanguínea e de fluidos corporais, use somente agulhas e seringas descartáveis, faça uso de preservativos durante o sexo e tenha uma triagem rigorosa de sangue em caso de transfusões para prevenir hepatites B, C e D”, orienta Marcelo Cordeiro.
O tratamento das hepatites varia conforme o tipo. Enquanto a hepatite A geralmente não necessita de tratamento específico e o corpo elimina o vírus naturalmente, as hepatites B e C podem requerer medicamentos antivirais que, quando administrados corretamente, têm altas taxas de sucesso. No caso das hepatites D e E, o tratamento é para controlar o dano hepático, pois não há antivirais específicos contra esses tipos da doença.
Atualizado em 03/07/2024 – 15:15.
Câncer de próstata
Exame de toque retal não pode ser substituído por PSA, diz patologista
A medição da concentração do antígeno prostático específico total (PSA), do inglês Prostate Specific Antigen, é mais um aliado na saúde masculina, mas não substitui o exame digital retal, que continua sendo o mais importante recurso adotado pelos médicos urologistas para o diagnóstico do câncer de próstata, mesma nas fases mais precoces da doença.
O médico patologista clínico e professor titular de Clínica Médica e Medicina Laboratorial da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC/ML), Dr. Adagmar Andriolo, esclarece que exames laboratoriais, como a medida do PSA total, com os cálculos da relação PSA livre sobre Total e do PHI (do inglês Prostate Health Index) e outros marcadores, devem ser entendidos como recursos complementares.
“Em relação ao exame digital e a medida do PSA, um não exclui o outro, portanto, os dois recursos devem ser realizados inicialmente, até mesmo para detectar, precocemente, a presença de câncer. Diante de uma suspeita clínica obtida pela história e/ou pelo exame digital e/ou pelo valor de PSA elevado, são realizados os exames de imagem, como a ressonância magnética e, somente, por fim, o de anatomia patológica ( biópsia), que auxilia na confirmação ou exclusão do diagnóstico”, explica.
Para a suspeita e posterior diagnóstico do câncer da próstata, vários aspectos devem ser considerados e, por essa razão, a consulta com o urologista se faz muito necessária. Dentre esses aspectos, ressaltam-se a idade do paciente, seu histórico pessoal e familiar, características anatômicas da glândula, dentre outros.
“Indivíduos com mais de 50 anos de idade possuem maior risco de desenvolverem esse tipo de câncer, assim como aqueles com história familiar na qual parentes de primeiro grau tenham tido câncer de próstata antes dos 50 anos (ainda que, do ponto de vista legal, parentes de primeiro grau sejam apenas pais e filhos, para essa avaliação, devem ser incluídos irmãos e tios paternos). Para esses indivíduos, está indicada uma avaliação mais precoce (antes dos 50 anos), que inclui, ao menos, o exame digital (toque) e medida do PSA total. Entendemos que há resistência das pessoas e muitos preferem fazer apenas o PSA, mas essa não é a recomendação médica, uma vez que, como em todos os exames laboratoriais, existe a possibilidade de resultados falso positivos e falso negativos”, detalha o professor Adagmar Andriolo.
Diante de evidências de tumor, o exame digital retal também é usado para direcionar a biópsia, caso necessário, com a finalidade de reduzir o risco de resultado falso negativo. O médico lembra que o exame de próstata não precisa, obrigatoriamente, ser anual, podendo ser realizado mais espaçadamente, a critério do urologista, baseado no risco individual.
“A idade de 50 anos para o primeiro exame digital retal e eventual medida da concentração do PSA é apenas para pessoas sem parentes próximos com câncer. Se a pessoa teve um irmão que apresentou o tumor antes dos 45 anos, o ideal é que ele comece a investigar também nessa mesma idade ou até um pouco antes. A mesma conduta deve ser aplicada ao indivíduos afrodescendentes, nos quais a ocorrência deste tipo de câncer é maior e , em geral, mais precoce” diz.
Alguns anos atrás, discutiu-se muito a validade da realização do exame de PSA como triagem populacional, chegando a ser contraindicado por entidades científicas internacionais. “Essa decisão se baseou no fato de que muitos pacientes eram encaminhados para realizar biópsia a partir de níveis alterados de PSA e os resultados eram negativo. para a presença de câncer. A supressão total de medida do PSA, no entanto, fez com que um grande número de pacientes fosse diagnosticado apenas em fases mais avançadas da doença, quando o tratamento é menos efetivo. A partir dessa constatação, as recomendações foram revistas e, no momento, o exame de PSA deve ser solicitado após avaliação adequada do risco do indivíduo e conscientização a respeito de suas limitações. Diante de alteração, faz-se exame de imagem e a biópsia é o último recurso na maioria dos casos”, explica Dr. Andriolo.
Sobre a SBPC/ML
A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) é uma associação de direito privado para fins não econômicos, fundada em 31 de Maio de 1944. Tem como finalidade congregar médicos, portadores do Título de Especialista em Patologia Clínica/Medicina Laboratorial e de outras especialidades, regularmente inscritos nos seus respectivos Conselhos Regionais de Medicina, e pessoas físicas e jurídicas que, direta ou indiretamente, estejam ligados à Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, e estimular sempre o engrandecimento da especialidade dentro dos padrões ético-científicos.
Entre associados estão médicos patologistas clínicos e de outras especialidades (como farmacêuticos-bioquímicos, biomédicos, biólogos, técnicos e outros profissionais de laboratórios clínicos, estudantes de nível universitário e nível médio). Também podem se associar laboratórios clínicos e empresas fabricantes e distribuidoras de equipamentos, produtos e serviços para laboratórios. Ao longo das últimas décadas a SBPC/ML tem promovido o aperfeiçoamento científico em Medicina Laboratorial, buscando a melhoria contínua dos processos, evolução da ciência, tecnologia e da regulação do setor, com o objetivo principal de qualificar de forma permanente a assistência à saúde do brasileiro.
A SBPC/ML completou 80 anos em 2024. Além de fomentar o desenvolvimento contínuo da ciência, tecnologia e regulação no setor, a SBPC/ML lançou seu novo portal de notícias para aprimorar a comunicação com associados e a população, e está atualizando regularmente o Lab Tests Online, plataforma que oferece informações sobre exames laboratoriais, visando qualificar a assistência à saúde.
Atualizado em 20/11/2024 – 14:46.
Novembro Vermelho
Campanha alerta para prevenção e diagnóstico precoce do câncer de boca
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 15 mil novos casos de câncer de boca são diagnosticados anualmente no Brasil, com uma taxa de mortalidade elevada, já que muitos pacientes só buscam ajuda médica quando a doença está em estágio avançado. A campanha Novembro Vermelho busca conscientizar a população sobre os riscos dessa doença e reforçar a importância do diagnóstico precoce, essencial para aumentar as chances de cura e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
A doença afeta lábios, língua, gengivas e outras regiões da boca, sendo o tabagismo e o consumo excessivo de álcool alguns dos principais fatores de risco. Além disso, a exposição ao sol sem proteção adequada pode aumentar as chances de câncer nos lábios. A cirurgiã-dentista Ianara Pinho, explica que a campanha também orienta sobre esses fatores. “Muitos não sabem que hábitos como fumar e beber em excesso são responsáveis por grande parte dos casos. É essencial que essas informações cheguem ao público, para que possam adotar hábitos preventivos”, afirma.
Ianara destaca que as consultas regulares ao dentista são fundamentais na prevenção e no diagnóstico precoce. “O exame clínico feito por um profissional capacitado é capaz de identificar lesões suspeitas que, muitas vezes, o paciente nem percebe. Qualquer alteração que dure mais de 15 dias, como feridas na boca ou manchas, deve ser investigada”, orienta a especialista, lembrando que o diagnóstico precoce pode fazer uma grande diferença no tratamento.
Ianara lista alguns fatores de risco para o câncer de boca:
1. Tabagismo: o uso de cigarros e outros produtos de tabaco aumenta significativamente o risco de desenvolver câncer bucal.
2. Álcool em excesso: o consumo elevado de bebidas alcoólicas é outro fator importante que contribui para o aparecimento da doença.
3. Exposição ao sol sem proteção: a falta de proteção solar, especialmente nos lábios, pode aumentar o risco de câncer bucal, principalmente em áreas expostas.
4. Alimentação inadequada: dietas pobres em frutas e vegetais e ricas em alimentos processados podem contribuir para o desenvolvimento do câncer bucal.
5. Infecção pelo HPV: o Papilomavírus Humano (HPV), especialmente tipos de alto risco, está relacionado ao câncer na região orofaríngea.
6. Histórico familiar: pessoas com antecedentes familiares de câncer bucal têm maior chance de desenvolver a doença.
7. Idade avançada: o risco de câncer bucal aumenta com a idade, sendo mais comum em pessoas com mais de 40 anos.
8. Sistema imunológico enfraquecido: indivíduos com baixa imunidade, como aqueles com HIV ou que fazem uso de medicamentos imunossupressores, estão mais vulneráveis.
De acordo com a especialista, a campanha não se limita a alertar sobre os sintomas e fatores de risco; ela também incentiva uma atitude ativa em relação à saúde bucal. “A adoção de medidas simples, como proteger os lábios do sol, evitar o cigarro e o consumo excessivo de álcool, e manter uma alimentação equilibrada, pode salvar vidas. Cuidar da saúde bucal é também uma forma de cuidar da saúde geral”, conclui Ianara.
Atualizado em 19/11/2024 – 21:20.
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