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Pressão intraocular

Estudo associa baixa adesão ao tratamento do Glaucoma à progressão da doença

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Dia Mundial da Visão
Foto/Imagem: Freepik


Caracterizada pelo aumento da pressão intraocular (PIO), o glaucoma é uma neuropatia óptica apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a primeira causa de cegueira irreversível no mundo todo. Isso porque a doença evolui de forma assintomática e quando é percebida pelo paciente, geralmente entre 40% e 50% do campo de visão podem estar comprometidas. A PIO é o principal fator de risco para o avanço da doença e, embora haja casos em que a PIO seja normal, controlá-la ainda é a única maneira de retardar o dano ao nervo óptico. O glaucoma não tem cura e seu tratamento clínico visa prevenir a progressão e evitar a perda de qualidade de vida devido ao comprometimento visual. Porém, um dos grandes desafios enfrentados para o controle do glaucoma é a adesão do paciente ao tratamento medicamentoso. Embora o uso dos colírios seja fundamental nesse sentido, a maior parte dos portadores da doença não são capazes de utilizar o medicamento corretamente e, após um ano, boa parte deixa de administrá-lo.

Várias barreiras à adesão ao tratamento foram previamente descritas, incluindo esquecimento, o grande número de medicamentos prescritos e seus efeitos colaterais, falta de conscientização sobre a fisiopatologia do glaucoma, ausência de benefícios imediatos e incapacidade de arcar com o custo da medicação. No entanto, até hoje, nenhum desses estudos tinha investigado taxas de adesão ao tratamento usando métricas objetivas com dispositivos de monitoramento e correlacionou as taxas de adesão com a progressão do glaucoma e perda de seguimento. Realizado no Brasil, o trabalho “Associação entre a adesão ao tratamento do glaucoma e a progressão da doença e a perda de acompanhamento”, conduzido pelo oftalmologista Ricardo Yuji Abe, especialista em Glaucoma do Hospital Oftalmológico de Brasília, empresa do grupo Opty, foi o primeiro estudo na América Latina a avaliar a adesão ao tratamento do glaucoma com dispositivos de monitoramento de adesão ao medicamento (MEMS) e correlacionar as taxas de adesão com a progressão do glaucoma e perda de seguimento. “Identificamos que a baixa adesão ao tratamento está correlacionada com a progressão do glaucoma e perda se seguimento. Além disso, pacientes mais jovens, com menores níveis de escolaridade e renda familiar e pacientes sem convênio médico apresentam piores taxas de adesão ao tratamento. Os achados do nosso estudo contribuíram para termos um panorama mais preciso sobre o comportamento dos pacientes com glaucoma”, afirma o médico.

Publicado na revista Scientific Reports – Nature em fevereiro deste ano, o ensaio revelou que 28,18% dos pacientes com glaucoma não são aderentes ao tratamento medicamentoso. Foram acompanhados 110 pacientes com glaucoma tratados com pelo menos um colírio hipotensor ocular. Dispositivos eletrônicos foram usados para monitorar a adesão por 60 dias e avaliar a porcentagem do uso do colírio. A aderência ao tratamento do glaucoma foi avaliada com um dispositivo eletrônico de monitoramento. Este sistema contém um microchip que registra a data e a hora em que o paciente abre e fecha o dispositivo. “Ao analisar os dados extraídos do dispositivo conseguimos fazer correlação entre aderência ao tratamento e progressão do glaucoma. A adesão rigorosa ao tratamento é de suma importância, assim como manter o acompanhamento regular do paciente. Os resultados demonstram que identificar e abordar fatores que influenciam o tratamento podem ser cruciais na gestão eficaz do glaucoma e na prevenção de complicações associadas à doença”, afirma o Dr. Yuji.

No Brasil, apesar do baixo número de estudos epidemiológicos, estima-se que 3,4% dos indivíduos com mais de 40 anos possam ter glaucoma. A prevalência da enfermidade tende a aumentar com o envelhecimento da população, o que é uma preocupação em um país onde a expectativa de vida está em ascensão. Além disso, a falta de conscientização e acesso a serviços de saúde adequados pode dificultar o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz, agravando o impacto do glaucoma na população brasileira. “Por isso se faz cada vez mais necessário estudos que investiguem as taxas de adesão e identifiquem possíveis fatores de risco para baixa aderência ao tratamento, uma vez que os colírios permanecem como a opção principal para o tratamento do glaucoma, especialmente em países com poucos recursos como o Brasil, onde o acesso aos lasers e cirurgias minimamente invasivas é difícil. Enquanto isso, a detecção precoce da doença, identificada apenas com visitas regulares ao oftalmologista, é essencial para garantir a saúde ocular”, finaliza o Dr. Ricardo Yuji Abe.

Atualizado em 25/05/2024 – 11:13.

Cada gota faz a diferença

Novembro Roxo alerta para a importância do leite materno na prematuridade

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bancos de leite humano
Foto/Imagem: Breno Esaki/Secretaria de Saúde

A campanha Novembro Roxo conscientiza a população acerca dos desafios dos nascimentos prematuros em todo o mundo. A campanha tem a finalidade de alertar sobre o crescente número de partos prematuros, como preveni-los e informar a respeito das consequências do nascimento antecipado tanto para o bebê, família, sociedade e também para a equipe de saúde.

O roxo simboliza sensibilidade e individualidade, características que são muito peculiares aos bebês prematuros. Além disso, a cor também significa transmutação e mudança. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é considerado bebê prematuro aquele que nasce antes das 37 semanas de gestação. Subdivide-se a classificação em prematuros extremos, os que vieram ao mundo antes das 28 semanas e correm mais risco de vida.

Referência no atendimento a gestantes de alto risco da região de saúde sul e entorno sul do Distrito Federal, o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) acaba realizando um número elevado de partos prematuros devido à complexidade do serviço. Atualmente, o HRSM possui 20 leitos na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), 15 leitos na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (UCIN) e mais 51 leitos na Maternidade, sendo dez deles destinados às gestantes de alto risco, além de contar com um Banco de Leite Humano (BLH) e uma equipe multidisciplinar para prestar toda a assistência a este bebê prematuro e sua família desde seu nascimento.

Essencial para o desenvolvimento da criança, o leite materno é um aliado importantíssimo para a vida dos recém-nascidos, principalmente os prematuros, tendo em vista que em alguns casos, eles ainda não podem ter contato com a mãe para mamar.

“Cada gota consumida faz a diferença na vida deste bebezinho prematuro. Por isso, todos os dias passamos visitando e conversando com as mães, perguntando como elas estão, se elas têm conseguido tirar o leite. Nesse processo, bem informal, é possível identificar aquelas mães que apresentam dificuldade e prestamos um auxílio”, afirma a chefe do serviço de Banco de Leite Humano do HRSM, Maria Helena Santos Faria.

Segundo ela, as doações são essenciais, pois a prioridade são os bebês prematuros. “Temos uma média de 600 bebês receptores de leite humano por mês, sendo diariamente cerca de 35 bebês alimentados com nossos estoques”, explica. Em outubro, o BLH do HRSM conseguiu coletar um total de 206,19 litros de leite, ficando atrás do mês de setembro, quando foram arrecadados 214,28 litros. As doações são sempre necessárias.

Toda mãe que amamenta seu filho é uma potencial doadora e pode ajudar centenas de bebês. Quem tiver interesse, basta procurar o Banco de Leite Humano do HRSM ou se preferir, se inscrever pelo site do Amamenta Brasília, ou fazer o cadastro no telefone 160 – opção 4.

Atualizado em 21/11/2024 – 10:56.

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Câncer de próstata

Exame de toque retal não pode ser substituído por PSA, diz patologista

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exame toque retal cãncer de próstata
Foto/Imagem: Freepik

A medição da concentração do antígeno prostático específico total (PSA), do inglês Prostate Specific Antigen, é mais um aliado na saúde masculina, mas não substitui o exame digital retal, que continua sendo o mais importante recurso adotado pelos médicos urologistas para o diagnóstico do câncer de próstata, mesma nas fases mais precoces da doença.

O médico patologista clínico e professor titular de Clínica Médica e Medicina Laboratorial da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC/ML), Dr. Adagmar Andriolo, esclarece que exames laboratoriais, como a medida do PSA total, com os cálculos da relação PSA livre sobre Total e do PHI (do inglês Prostate Health Index) e outros marcadores, devem ser entendidos como recursos complementares.

“Em relação ao exame digital e a medida do PSA, um não exclui o outro, portanto, os dois recursos devem ser realizados inicialmente, até mesmo para detectar, precocemente, a presença de câncer. Diante de uma suspeita clínica obtida pela história e/ou pelo exame digital e/ou pelo valor de PSA elevado, são realizados os exames de imagem, como a ressonância magnética e, somente, por fim, o de anatomia patológica ( biópsia), que auxilia na confirmação ou exclusão do diagnóstico”, explica.

Para a suspeita e posterior diagnóstico do câncer da próstata, vários aspectos devem ser considerados e, por essa razão, a consulta com o urologista se faz muito necessária. Dentre esses aspectos, ressaltam-se a idade do paciente, seu histórico pessoal e familiar, características anatômicas da glândula, dentre outros.

“Indivíduos com mais de 50 anos de idade possuem maior risco de desenvolverem esse tipo de câncer, assim como aqueles com história familiar na qual parentes de primeiro grau tenham tido câncer de próstata antes dos 50 anos (ainda que, do ponto de vista legal, parentes de primeiro grau sejam apenas pais e filhos, para essa avaliação, devem ser incluídos irmãos e tios paternos). Para esses indivíduos, está indicada uma avaliação mais precoce (antes dos 50 anos), que inclui, ao menos, o exame digital (toque) e medida do PSA total. Entendemos que há resistência das pessoas e muitos preferem fazer apenas o PSA, mas essa não é a recomendação médica, uma vez que, como em todos os exames laboratoriais, existe a possibilidade de resultados falso positivos e falso negativos”, detalha o professor Adagmar Andriolo.

Diante de evidências de tumor, o exame digital retal também é usado para direcionar a biópsia, caso necessário, com a finalidade de reduzir o risco de resultado falso negativo. O médico lembra que o exame de próstata não precisa, obrigatoriamente, ser anual, podendo ser realizado mais espaçadamente, a critério do urologista, baseado no risco individual.

“A idade de 50 anos para o primeiro exame digital retal e eventual medida da concentração do PSA é apenas para pessoas sem parentes próximos com câncer. Se a pessoa teve um irmão que apresentou o tumor antes dos 45 anos, o ideal é que ele comece a investigar também nessa mesma idade ou até um pouco antes. A mesma conduta deve ser aplicada ao indivíduos afrodescendentes, nos quais a ocorrência deste tipo de câncer é maior e , em geral, mais precoce” diz.

Alguns anos atrás, discutiu-se muito a validade da realização do exame de PSA como triagem populacional, chegando a ser contraindicado por entidades científicas internacionais. “Essa decisão se baseou no fato de que muitos pacientes eram encaminhados para realizar biópsia a partir de níveis alterados de PSA e os resultados eram negativo. para a presença de câncer. A supressão total de medida do PSA, no entanto, fez com que um grande número de pacientes fosse diagnosticado apenas em fases mais avançadas da doença, quando o tratamento é menos efetivo. A partir dessa constatação, as recomendações foram revistas e, no momento, o exame de PSA deve ser solicitado após avaliação adequada do risco do indivíduo e conscientização a respeito de suas limitações. Diante de alteração, faz-se exame de imagem e a biópsia é o último recurso na maioria dos casos”, explica Dr. Andriolo.

Sobre a SBPC/ML

A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) é uma associação de direito privado para fins não econômicos, fundada em 31 de Maio de 1944. Tem como finalidade congregar médicos, portadores do Título de Especialista em Patologia Clínica/Medicina Laboratorial e de outras especialidades, regularmente inscritos nos seus respectivos Conselhos Regionais de Medicina, e pessoas físicas e jurídicas que, direta ou indiretamente, estejam ligados à Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, e estimular sempre o engrandecimento da especialidade dentro dos padrões ético-científicos.

Entre associados estão médicos patologistas clínicos e de outras especialidades (como farmacêuticos-bioquímicos, biomédicos, biólogos, técnicos e outros profissionais de laboratórios clínicos, estudantes de nível universitário e nível médio). Também podem se associar laboratórios clínicos e empresas fabricantes e distribuidoras de equipamentos, produtos e serviços para laboratórios. Ao longo das últimas décadas a SBPC/ML tem promovido o aperfeiçoamento científico em Medicina Laboratorial, buscando a melhoria contínua dos processos, evolução da ciência, tecnologia e da regulação do setor, com o objetivo principal de qualificar de forma permanente a assistência à saúde do brasileiro.

A SBPC/ML completou 80 anos em 2024. Além de fomentar o desenvolvimento contínuo da ciência, tecnologia e regulação no setor, a SBPC/ML lançou seu novo portal de notícias para aprimorar a comunicação com associados e a população, e está atualizando regularmente o Lab Tests Online, plataforma que oferece informações sobre exames laboratoriais, visando qualificar a assistência à saúde.

Atualizado em 20/11/2024 – 14:46.

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