De 5 a 11 anos
Covid-19: reações à vacina em crianças são raras, dizem especialistas
As chances de uma criança ter quadros graves de Covid-19 superam qualquer risco de evento adverso relacionado à vacina da Pfizer, avaliam pesquisadores da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
A vacina já está em uso em crianças de 5 a 11 anos em 30 países, e cerca de 10 milhões de doses foram aplicadas somente nos Estados Unidos e Canadá.
Membro do Departamento Científico de Imunizações da SBP, Eduardo Jorge da Fonseca Lima tem acompanhado os dados de vigilância farmacológica divulgados pela autoridade sanitária dos Estados Unidos, o FDA. Entre as mais de 8 milhões de crianças vacinadas no país, 4% tiveram eventos adversos pós vacinação, e, entre esses casos, 97% foram leves, tranquiliza o médico.
“Um evento adverso muito falado e que preocupa as pessoas é a miocardite, que é uma inflamação no coração, que qualquer vírus ou vacina pode causar. De 8 milhões de doses aplicadas, houve um registro de apenas 11 casos, e os pacientes evoluíram bem”, destaca.
A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) Flavia Bravo acrescenta que a miocardite pós-vacinação é muito rara, e mais rara ainda em crianças, já que acomete com mais frequência adolescentes e jovens adultos.
“Observou-se uma ocorrência raríssima de miocardite relacionada à vacina da Pfizer, 16 vezes menor que a incidência de miocardite causada pela própria Covid-19”, analisa. “São casos raros, não houve nem uma morte por causa deles e a maioria nem precisou de internação”.
Imunizante
A vacina da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos tem uma formulação diferente e uma dose menor que a dos adultos e adolescentes, com apenas 10 microgramas (0,2 mL) do imunizante. Seu uso foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 16 de dezembro.
Segundo a Anvisa, a tampa do frasco da vacina é da cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de vacinação e também pelos pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para serem vacinadas. Para os maiores de 12 anos, a vacina, que será aplicada em doses de 0,3 mL, terá tampa na cor roxa.
O médico da SBP explica que, nos ensaios clínicos, os pesquisadores buscam a menor dose capaz de provocar uma resposta imune efetiva, e que, no caso das crianças, foi possível reduzir a quantidade. “Percebeu-se que as crianças têm um sistema imunológico que responde muito melhor que o dos adultos”.
Reações
Os especialistas afirmam que os pais podem esperar como eventos adversos reações comuns a outras vacinas que já fazem parte do calendário infantil do Programa Nacional de Imunizações (PNI), como dor no local da aplicação, febre e mal estar.
Flávia Bravo compara que a frequência de eventos adversos relacionados à vacina da Pfizer em crianças tem se mostrado inferior a de vacinas como a meningocócica b e a pentavalente, que já são administradas no país:
“A gente recomenda aos pais o mesmo que a gente recomenda para qualquer vacina. Os eventos esperados são as reações locais, febre, cansaço, mal-estar. Podem aparecer gânglios. Esses eventos são todos previstos e autolimitados. Se o evento adverso estiver fora disso que ele já espera que aconteça com as outras vacinas, é hora de procurar o serviço que aplicou a vacina e o seu médico, se você tiver”.
Eduardo Jorge Fonseca reforça que os eventos adversos mais esperados são leves, como febre, dor no corpo e irritabilidade. Sintomas que devem alertar os pais para a necessidade de avaliação médica são febre persistente por mais de três dias, dor no tórax e dificuldade para respirar, aconselha ele, que reafirma que esses quadros são extremamente raros.
“A gente não está dizendo que a vacina tem 0% de risco. Estamos dizendo que a vacina é extremamente segura, que um percentual muito pequeno vai ter evento adverso, e a imensa maioria desses eventos adversos vai ser considerada leve”, explica Fonseca.
Covid-19 em crianças
O médico enfatiza que qualquer risco de evento adverso é inferior ao que vem sendo observado nos casos de Covid-19 em crianças. De janeiro ao início de dezembro de 2021, um levantamento da Fundação Oswaldo Cruz mostrou que houve 1.422 mortes por síndrome respiratória aguda grave decorrente de Covid-19 na faixa etária até 19 anos.
Outra preocupação no caso de crianças com Covid-19 é a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica, quadro que gera inflamações em diferentes partes do corpo, incluindo coração, pulmões, rins, cérebro, pele, olhos ou órgãos gastrointestinais. Desde o início da pandemia, foram registrados 1.412 casos desse tipo no Brasil, causando 85 óbitos.
Os dados fizeram parte do embasamento de uma nota técnica divulgada pela Fiocruz em defesa da vacinação de crianças de 5 a 11 anos. Os pesquisadores da instituição escreveram que “ainda que em proporções de agravamento e óbitos inferiores aos visualizados em adultos, as crianças também adoecem por Covid-19, são veículos de transmissão do vírus e podem desenvolver formas graves e até evoluírem para o óbito”.
Outro alerta diz respeito à disseminação da variante Ômicron, muito mais transmissível que as formas anteriores do novo coronavírus: “diante da transmissão e avanço atual da variante Ômicron, existe uma preocupação aumentada com seu maior poder de transmissão, especialmente, nos indivíduos não vacinados. Isso torna as crianças abaixo de 12 anos um grande alvo dessa e possivelmente outras variantes de preocupação”.
O pesquisador da Sociedade Brasileira de Pediatria acrescenta ainda que outro perigo é o desenvolvimento de um quadro de Covid-19 longa, que pode trazer impactos cognitivos e prejuízos ao aprendizado. “O risco do adoecimento de uma criança por Covid-19 e suas repercussões de curto prazo, como a própria miocardite pós-Covid, as consequências da Covid longa e a letalidade no Brasil, que é muito maior que em outros países, é incomparável ao risco-benefício de vacinar todas as crianças”, avalia Fonseca.
Ele rechaça a ideia repetida por movimentos antivacina de que o imunizante seria experimental: “esse nome experimental é altamente equivocado. É uma vacina recente, que passou por todas as fases de estudo clínico, que mostrou sua eficácia e sua segurança”.
Flávia Bravo ressalta que os pais devem ficar tranquilos em relação à segurança da vacina. Mesmo com a celeridade no desenvolvimento, nenhuma etapa de testagem foi pulada, os resultados foram avaliados por outros cientistas ao redor do mundo e agora a efetividade da vacina está sendo confirmada pelas autoridades sanitárias de cada país que já iniciou a aplicação. “Além de já termos ensaios clínicos pré-licenciamento que são tranquilizadores, na prática, na vida real, a gente está observando isso também”.
Atualizado em 05/01/2022 – 21:01.
Cada gota faz a diferença
Novembro Roxo alerta para a importância do leite materno na prematuridade
A campanha Novembro Roxo conscientiza a população acerca dos desafios dos nascimentos prematuros em todo o mundo. A campanha tem a finalidade de alertar sobre o crescente número de partos prematuros, como preveni-los e informar a respeito das consequências do nascimento antecipado tanto para o bebê, família, sociedade e também para a equipe de saúde.
O roxo simboliza sensibilidade e individualidade, características que são muito peculiares aos bebês prematuros. Além disso, a cor também significa transmutação e mudança. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é considerado bebê prematuro aquele que nasce antes das 37 semanas de gestação. Subdivide-se a classificação em prematuros extremos, os que vieram ao mundo antes das 28 semanas e correm mais risco de vida.
Referência no atendimento a gestantes de alto risco da região de saúde sul e entorno sul do Distrito Federal, o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) acaba realizando um número elevado de partos prematuros devido à complexidade do serviço. Atualmente, o HRSM possui 20 leitos na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), 15 leitos na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (UCIN) e mais 51 leitos na Maternidade, sendo dez deles destinados às gestantes de alto risco, além de contar com um Banco de Leite Humano (BLH) e uma equipe multidisciplinar para prestar toda a assistência a este bebê prematuro e sua família desde seu nascimento.
Essencial para o desenvolvimento da criança, o leite materno é um aliado importantíssimo para a vida dos recém-nascidos, principalmente os prematuros, tendo em vista que em alguns casos, eles ainda não podem ter contato com a mãe para mamar.
“Cada gota consumida faz a diferença na vida deste bebezinho prematuro. Por isso, todos os dias passamos visitando e conversando com as mães, perguntando como elas estão, se elas têm conseguido tirar o leite. Nesse processo, bem informal, é possível identificar aquelas mães que apresentam dificuldade e prestamos um auxílio”, afirma a chefe do serviço de Banco de Leite Humano do HRSM, Maria Helena Santos Faria.
Segundo ela, as doações são essenciais, pois a prioridade são os bebês prematuros. “Temos uma média de 600 bebês receptores de leite humano por mês, sendo diariamente cerca de 35 bebês alimentados com nossos estoques”, explica. Em outubro, o BLH do HRSM conseguiu coletar um total de 206,19 litros de leite, ficando atrás do mês de setembro, quando foram arrecadados 214,28 litros. As doações são sempre necessárias.
Toda mãe que amamenta seu filho é uma potencial doadora e pode ajudar centenas de bebês. Quem tiver interesse, basta procurar o Banco de Leite Humano do HRSM ou se preferir, se inscrever pelo site do Amamenta Brasília, ou fazer o cadastro no telefone 160 – opção 4.
Atualizado em 21/11/2024 – 10:56.
Câncer de próstata
Exame de toque retal não pode ser substituído por PSA, diz patologista
A medição da concentração do antígeno prostático específico total (PSA), do inglês Prostate Specific Antigen, é mais um aliado na saúde masculina, mas não substitui o exame digital retal, que continua sendo o mais importante recurso adotado pelos médicos urologistas para o diagnóstico do câncer de próstata, mesma nas fases mais precoces da doença.
O médico patologista clínico e professor titular de Clínica Médica e Medicina Laboratorial da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC/ML), Dr. Adagmar Andriolo, esclarece que exames laboratoriais, como a medida do PSA total, com os cálculos da relação PSA livre sobre Total e do PHI (do inglês Prostate Health Index) e outros marcadores, devem ser entendidos como recursos complementares.
“Em relação ao exame digital e a medida do PSA, um não exclui o outro, portanto, os dois recursos devem ser realizados inicialmente, até mesmo para detectar, precocemente, a presença de câncer. Diante de uma suspeita clínica obtida pela história e/ou pelo exame digital e/ou pelo valor de PSA elevado, são realizados os exames de imagem, como a ressonância magnética e, somente, por fim, o de anatomia patológica ( biópsia), que auxilia na confirmação ou exclusão do diagnóstico”, explica.
Para a suspeita e posterior diagnóstico do câncer da próstata, vários aspectos devem ser considerados e, por essa razão, a consulta com o urologista se faz muito necessária. Dentre esses aspectos, ressaltam-se a idade do paciente, seu histórico pessoal e familiar, características anatômicas da glândula, dentre outros.
“Indivíduos com mais de 50 anos de idade possuem maior risco de desenvolverem esse tipo de câncer, assim como aqueles com história familiar na qual parentes de primeiro grau tenham tido câncer de próstata antes dos 50 anos (ainda que, do ponto de vista legal, parentes de primeiro grau sejam apenas pais e filhos, para essa avaliação, devem ser incluídos irmãos e tios paternos). Para esses indivíduos, está indicada uma avaliação mais precoce (antes dos 50 anos), que inclui, ao menos, o exame digital (toque) e medida do PSA total. Entendemos que há resistência das pessoas e muitos preferem fazer apenas o PSA, mas essa não é a recomendação médica, uma vez que, como em todos os exames laboratoriais, existe a possibilidade de resultados falso positivos e falso negativos”, detalha o professor Adagmar Andriolo.
Diante de evidências de tumor, o exame digital retal também é usado para direcionar a biópsia, caso necessário, com a finalidade de reduzir o risco de resultado falso negativo. O médico lembra que o exame de próstata não precisa, obrigatoriamente, ser anual, podendo ser realizado mais espaçadamente, a critério do urologista, baseado no risco individual.
“A idade de 50 anos para o primeiro exame digital retal e eventual medida da concentração do PSA é apenas para pessoas sem parentes próximos com câncer. Se a pessoa teve um irmão que apresentou o tumor antes dos 45 anos, o ideal é que ele comece a investigar também nessa mesma idade ou até um pouco antes. A mesma conduta deve ser aplicada ao indivíduos afrodescendentes, nos quais a ocorrência deste tipo de câncer é maior e , em geral, mais precoce” diz.
Alguns anos atrás, discutiu-se muito a validade da realização do exame de PSA como triagem populacional, chegando a ser contraindicado por entidades científicas internacionais. “Essa decisão se baseou no fato de que muitos pacientes eram encaminhados para realizar biópsia a partir de níveis alterados de PSA e os resultados eram negativo. para a presença de câncer. A supressão total de medida do PSA, no entanto, fez com que um grande número de pacientes fosse diagnosticado apenas em fases mais avançadas da doença, quando o tratamento é menos efetivo. A partir dessa constatação, as recomendações foram revistas e, no momento, o exame de PSA deve ser solicitado após avaliação adequada do risco do indivíduo e conscientização a respeito de suas limitações. Diante de alteração, faz-se exame de imagem e a biópsia é o último recurso na maioria dos casos”, explica Dr. Andriolo.
Sobre a SBPC/ML
A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) é uma associação de direito privado para fins não econômicos, fundada em 31 de Maio de 1944. Tem como finalidade congregar médicos, portadores do Título de Especialista em Patologia Clínica/Medicina Laboratorial e de outras especialidades, regularmente inscritos nos seus respectivos Conselhos Regionais de Medicina, e pessoas físicas e jurídicas que, direta ou indiretamente, estejam ligados à Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, e estimular sempre o engrandecimento da especialidade dentro dos padrões ético-científicos.
Entre associados estão médicos patologistas clínicos e de outras especialidades (como farmacêuticos-bioquímicos, biomédicos, biólogos, técnicos e outros profissionais de laboratórios clínicos, estudantes de nível universitário e nível médio). Também podem se associar laboratórios clínicos e empresas fabricantes e distribuidoras de equipamentos, produtos e serviços para laboratórios. Ao longo das últimas décadas a SBPC/ML tem promovido o aperfeiçoamento científico em Medicina Laboratorial, buscando a melhoria contínua dos processos, evolução da ciência, tecnologia e da regulação do setor, com o objetivo principal de qualificar de forma permanente a assistência à saúde do brasileiro.
A SBPC/ML completou 80 anos em 2024. Além de fomentar o desenvolvimento contínuo da ciência, tecnologia e regulação no setor, a SBPC/ML lançou seu novo portal de notícias para aprimorar a comunicação com associados e a população, e está atualizando regularmente o Lab Tests Online, plataforma que oferece informações sobre exames laboratoriais, visando qualificar a assistência à saúde.
Atualizado em 20/11/2024 – 14:46.
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