Fernando Valente
Endocrinologista elenca mitos e verdades sobre o Diabetes; confira

O Diabetes, doença crônica e silenciosa que atinge cerca de 62 milhões de pessoas somente nas Américas, segundo o Panorama do Diabetes da OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), tem quase metade dos pacientes (44,7%) sem diagnóstico, número preocupante diante das complicações ocasionadas por essa enfermidade.
c, no ranking global da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para 2045, a previsão é que o país conte com 23,2 milhões de diabéticos.
Além do Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), o tipo mais prevalente da doença (90% dos casos), há também o Diabetes do tipo 1 (DM1), uma doença autoimune, na maior parte dos casos, descoberta na infância ou na adolescência. No Diabetes tipo 2, ocorre uma resistência ao hormônio insulina, produzido pelo pâncreas, e são recomendados como formas de controle o uso de medicamentos orais e insulina, além de modificações no estilo de vida. Já em pacientes com Diabetes tipo 1, há uma destruição das células do pâncreas que são responsáveis pela produção de insulina. Nesses casos, o tratamento é à base de insulina.
O acompanhamento por meio de testes laboratoriais é essencial para pacientes com ambos os tipos de Diabetes (1 e 2). O exame de hemoglobina glicada, que aponta o nível de glicose no sangue dos últimos três meses, é fundamental não apenas para o controle do Diabetes já existente, mas também para identificar casos de pré-Diabetes e Diabetes de pacientes que ainda desconhecem o diagnóstico.
Novembro é considerado o mês internacional de conscientização do Diabetes e da importância de realização dos exames periódicos de rotina, principalmente, em pacientes que apresentam fatores de risco. Embora a doença seja conhecida, o subdiagnóstico ainda é uma preocupação de saúde pública, informa o médico Fernando Valente, endocrinologista e professor da Faculdade de Medicina do ABC na disciplina de Endocrinologia. Para esclarecer as dúvidas mais importantes sobre o diagnóstico do Diabetes, o médico listou alguns mitos e verdades que envolvem o tema. Veja a seguir.
O Diabetes pode ser evitado. DEPENDE!
As duas formas mais conhecidas do Diabetes Mellitus são o tipo 1, na qual o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina [DM1] e o tipo 2, que afeta a forma como o corpo processa a glicose, aparecendo quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz [DM2]. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes4, cerca de 90% das pessoas que têm Diabetes tem o tipo 2, enfermidade que se desenvolve principalmente junto a outras condições, como doenças metabólicas, obesidade, hipertensão, colesterol alto e esteatose hepática (gordura no fígado).
O DM1 é uma doença autoimune, aguda e que se manifesta principalmente por meio de sintomas típicos como perda de peso, sede excessiva, necessidade de urinar com frequência e cansaço, segundo Fernando Valente. Por suas características, não pode ser evitado. “Quando é diagnosticado, comumente em crianças e adolescentes, normalmente o paciente perdeu de 80% a 90% da função do pâncreas”, explica.
Já o DM2, segundo o endocrinologista, é mais comum em adultos, principalmente a partir de 40 a 45 anos. “Indivíduos com problema de obesidade correm mais risco de desenvolver o Diabetes tipo 2 por conta do aumento da resistência à insulina. O pâncreas é mais exigido e isso acaba levando o órgão à uma situação de exaustão. No caso do Diabetes tipo 2, quando são feitos exames de rotina em pessoas que são predispostas e correm risco de desenvolver a doença, podemos evitar a evolução no caso do pré-Diabetes, ou o agravamento da doença quando descoberto em fase inicial. Se o paciente não realiza a glicemia em jejum e a hemoglobina glicada periodicamente, ele pode manifestar o DM2 em fase mais avançada, ou seja: quando o pâncreas está próximo à falência. Por isso, a realização de exames laboratoriais, como a glicemia de jejum e a hemoglobina glicada são tão importantes”, reforça.
Quando diagnosticado a tempo, o pré-Diabetes pode ser revertido. VERDADE!
O endocrinologista explica que o pré-Diabetes é uma forma intermediária entre o padrão normal da glicemia e o Diabetes. “Essa é uma situação de alerta, pois o risco de desenvolvimento para o Diabetes é alto, além de aumentar também o risco cardiovascular”, afirma. A condição pode vir acompanhada de outras alterações metabólicas, como triglicérides alto, esteatose hepática e colesterol alto, além de outras comorbidades associadas com o aumento de peso, como a pressão alta.
Segundo o especialista, embora o pré-Diabetes não seja totalmente inofensivo, também não é uma situação que apresenta a mesma gravidade do Diabetes já diagnosticado.
“No caso do pré-Diabetes, é possível reverter a situação. O paciente terá a indicação de realizar um acompanhamento médico adequado para garantir que não desenvolva o Diabetes. A pessoa pode voltar ao nível de glicose normal. A condição também não apresenta sintomas, mas pode ser diagnosticada com os mesmos exames laboratoriais utilizados para diagnosticar o Diabetes. Por isso o rastreio é tão importante para todos a partir de 45 anos ou antes disso, na presença de fatores de risco. Lembrando que, uma vez diagnosticado, o Diabetes não tem cura”, diz.
O diagnóstico tardio pode levar a complicações crônicas. VERDADE!
Fernando Valente alerta: a glicose agudamente alta é extremamente perigosa e pode levar a inúmeras complicações, que vão desde a cegueira até o coma diabético.
“Entre as complicações mais graves, está a cetoacidose diabética, que acomete principalmente pacientes com DM1. Acontece quando a pessoa não produz insulina alguma e não realiza o tratamento corretamente. Nesse caso, o sangue fica mais ácido, e isso pode gerar uma série de complicações, que podem levar à morte”, ressalta.
Além disso, outras possíveis complicações são a retinopatia diabética, que pode levar à cegueira, o desenvolvimento da doença renal crônica e, posteriormente a falência renal, que leva o paciente à necessidade de um transplante. Ele destaca também a neuropatia diabética, que leva ao comprometimento dos nervos e pode resultar em risco maior de amputação. “Por conta da neuropatia, a pessoa pode não sentir um machucado grave e ter complicações. O Diabetes é, portanto, a maior causa de amputação de membros”, diz o médico.
Uma vez diagnosticada, a realização de exames para o Diabetes não é mais necessária. MITO!
Valente reforça que, mesmo após o diagnóstico, os exames de acompanhamento são essenciais. “Além da hemoglobina glicada e da glicemia de jejum, uma vez por ano é necessário que o paciente realize uma avaliação com oftalmologista, exame de função dos rins, além de ter os pés examinados”, ressalta.
O médico recomenda também o acompanhamento multidisciplinar com nutricionista, educador físico e psicólogo. “Mesmo que o paciente não tenha sintomas, é necessário realizar periodicamente o rastreamento para complicações crônicas”. O médico recomenda ainda que os pacientes evitem o estresse, o tabaco e que mantenham bons hábitos, com alimentação adequada e atividades físicas regulares.
“A Siemens Healthineers, por meio de múltiplos canais e soluções, oferece uma ampla variedade de testes que estão relacionados ao diabetes e que auxiliam na diferenciação entre o diabetes tipo 1 e o tipo 2. Estudos5mostram que manter os níveis de açúcar no sangue próximos ao normal, medidos pelo teste de hemoglobina glicada, reduz bastante o risco de complicações, inclusive em pequenos vasos sanguíneos. Por isso, o teste de HbA1c é de extrema importância para acompanhar quem já possui o diagnóstico de diabetes. É o exame mais indicado no momento para proporcionar uma ampla visão à eficácia dos planos de tratamento e escolhas do estilo de vida. A redução dos níveis de Hemoglobina Glicada ajuda a prevenir doenças oculares, renais e nervosas causadas pelo diabetes”, explica Thais Leonel, Especialista Clínica de Assuntos Médicos da Siemens Healthineers.

Protegendo bebês
Saúde do DF é pioneira na aplicação de medicamento contra bronquiolite

O Governo do Distrito Federal (GDF) dá um passo importante para a proteção da saúde de bebês prematuros: a capital do Brasil é a primeira unidade da federação a aplicar o Nirsevimabe na rede pública de saúde. O medicamento adquirido pela Secretaria de Saúde (SES-DF) é um anticorpo de ação prolongada que protege bebês contra infecções graves causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR), principal responsável por casos de bronquiolite e pneumonia nos primeiros meses de vida.
A pequena Ana Ísis, nascida com 36 semanas, foi a primeira bebê da rede pública a tomar o medicamento. Nesta quinta-feira (17), ao lado da mãe Raimunda Ribeiro, 38 anos, ela recebeu o Nirsevimabe no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). Ana Ísis integra o público-alvo do medicamento: recém-nascidos prematuros, com idade gestacional entre 32 semanas e 36 semanas e 6 dias, nascidos a partir de 1º de outubro de 2024 – faixa etária que integra o período de maior circulação do VSR no Distrito Federal em 2025.
“O Nirsevimabe representa um avanço enorme na proteção da primeira infância. Essa ação reforça o compromisso do Governo do Distrito Federal com a prevenção, o cuidado e a inovação na saúde pública, especialmente para os nossos pequenos mais vulneráveis”, afirmou o secretário de Saúde do DF, Juracy Cavalcante Lacerda Júnior.
A aplicação do medicamento é feita antes do pico da sazonalidade das infecções respiratórias em bebês, como medida preventiva para reduzir complicações e internações – o que tem impacto direto na ocupação de leitos de UTI neonatal. A distribuição está sendo realizada para as 11 maternidades da rede pública, de forma proporcional à estimativa de nascimentos prematuros.
Todo o processo seguirá um protocolo rigoroso e humanizado da SES-DF, elaborado em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria e o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). A capacitação dos profissionais da rede – médicos, enfermeiros e farmacêuticos – já foi iniciada.
Aprovado pela Anvisa em outubro de 2023 e incorporado ao SUS em fevereiro deste ano, o Nirsevimabe é um anticorpo pronto, que oferece proteção imediata sem necessidade de ativação do sistema imunológico, sendo especialmente eficaz para prematuros e crianças com menos de dois anos com comorbidades.
“É importante destacar que o Palivizumabe continuará sendo utilizado para os grupos de risco já estabelecidos, como crianças com cardiopatias congênitas e displasias pulmonares. O Nirsevimabe vem ampliar a estratégia de proteção, de forma complementar e integrada ao protocolo vigente”, explicou a médica pediatra e gestora da SES-DF, Julliana Macêdo.
Com essa iniciativa pioneira, o Distrito Federal assume o protagonismo nacional no enfrentamento das síndromes respiratórias graves em crianças, priorizando a vida desde os primeiros dias.
26 de abril
Dia nacional de prevenção à hipertensão alerta para o controle da doença

Celebrado no próximo sábado, 26, o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial faz um alerta importante para a conscientização da população sobre a identificação dessa doença “silenciosa”, mas que pode ser controlada com o acompanhamento médico e mudanças de hábitos.
Estima-se que cerca de 27,9% dos brasileiros sejam hipertensos. A maior prevalência ocorre entre mulheres, com 29,3% das pessoas do sexo feminino com a doença. Entre os homens, 26,4% tem hipertensão. Os dados são do levantamento feito pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde, realizado, em 2023, nas 27 capitais.
O médico da Família e Comunidade da Amparo Saúde, Pedro Pina, informa que “a hipertensão arterial sistêmica, popularmente conhecida como pressão alta, é uma condição crônica caracterizada pelo aumento persistente da pressão sanguínea nas artérias. Isso significa que o coração precisa fazer mais força para bombear o sangue para o resto do corpo, o que pode causar sérios problemas de saúde ao longo do tempo”.
Pina explica que uma pessoa é considerada hipertensa quando apresenta valores iguais ou superiores a 140/90 mmHg em medições repetidas em diferentes ocasiões. “É importante ressaltar que apenas uma aferição acima do normal não caracteriza hipertensão arterial sistêmica, mas indica que a pessoa deve procurar um médico para compreender o motivo”, salienta ele, acrescentando que o diagnóstico preciso para essa doença “silenciosa” deve ser feito por um profissional de saúde, considerando também fatores de risco e condições clínicas.
A pressão alta pode ter diversas causas, incluindo fatores genéticos, como histórico familiar de hipertensão; hábitos alimentares inadequados, com o consumo excessivo de sal, gorduras e alimentos ultraprocessados; sedentarismo; obesidade; estresse; tabagismo; consumo excessivo de álcool; e doenças preexistentes, a exemplo de diabetes e doenças renais.
Sinais de pressão alta
Os sintomas da hipertensão podem não aparecem em todos os pacientes, como alerta Pina, tornando a doença ainda mais perigosa. No entanto, alguns sinais podem indicar que algo está errado, como dores de cabeça frequentes, tontura e mal-estar, visão embaçada ou alterações visuais associadas à dor de cabeça, falta de ar e dor no peito.
“Caso esses sintomas apareçam, é essencial buscar atendimento médico, porque o grande problema da hipertensão arterial sistêmica são suas consequências. Se não for controlada, ela pode levar a sérias complicações, como acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, doenças renais e problemas na visão”, informa.
Embora seja mais comum em adultos, crianças e adolescentes também podem desenvolver hipertensão, principalmente devido a fatores genéticos, obesidade e maus hábitos alimentares. “O acompanhamento pediátrico é fundamental para a prevenção e tratamento. A hipertensão em crianças, geralmente, tem causas de maior gravidade e que precisam ser investigadas com maior atenção”, pontua.
Para confirmar o diagnóstico da hipertensão será necessária a aferição da pressão arterial em diferentes momentos. Em alguns casos, exames complementares, como monitorização ambulatorial da pressão arterial (Mapa) ou monitorização residencial da pressão arterial (MRPA), podem ser solicitados pelo médico.
“O tratamento inclui mudanças no estilo de vida e, em muitos casos, o uso de medicamentos anti-hipertensivos”, informa Pina, pontuando que as principais medidas para o controle da hipertensão são: reduzir o consumo de sal e alimentos ultraprocessados, principalmente aqueles ricos em sódio, como refrigerantes; praticar atividade física regularmente para manter um peso saudável; controlar o estresse e evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, além de seguir corretamente as orientações médicas e tomar os medicamentos prescritos.
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