Simone Esser*
Farmacêutica esclarece principais mitos e verdades sobre o Diabetes
É um fato que a transformação digital facilitou o acesso à informação em vários setores, inclusive na área da saúde, mas os recursos tecnológicos, se mal-usados, são grandes agentes para a disseminação de informações falsas. Com o Diabetes, não é diferente.
Apesar de ser uma doença amplamente difundida, muitas coisas que sabemos são mitos compartilhados de geração em geração, no boca a boca, que acabaram se tornaram verdade no nosso inconsciente. Vamos abordar os principais tópicos sobre a doença para conscientizar sobre a importância de checar as informações para que o tratamento seja seguido de forma correta.
Por isso, é preciso buscar por fontes confiáveis, profissionais renomados e até checar as informações recebidas via redes sociais, WhatsApp ou ditas em rodas de amigos. Desta forma, é possível se certificar da veracidade dos fatos e garantir que está recebendo e compartilhando uma informação correta e cientificamente comprovada.
Antes de falar sobre os mitos e verdades do Diabetes, é preciso esclarecer que existem três tipos principais:
O Diabetes Tipo 1, que ocorre quando o pâncreas não produz insulina suficiente para metabolizar a glicose. Geralmente acomete crianças e adolescentes e tem causa desconhecida.
O Diabetes Tipo 2, quando há má absorção da insulina. Esse tipo é mais frequente após os 40 anos, normalmente está relacionado a condições como obesidade, hipertensão, sedentarismo e má alimentação.
O Diabetes Gestacional, que acontece temporariamente durante a gravidez, podendo causar complicações para a mãe e o bebê. Os fatores de risco são os mesmos do tipo 2, mas há outros, como gestação em idades extremas e ganho de peso excessivo na gestação.
Confira a seguir os principais mitos e verdades sobre Diabetes, segundo Simone Esser*, gerente farmacêutica da Drogaria São Paulo:
Pessoas obesas ou acima do peso têm mais chances de desenvolver a doença: Verdade!
Obesidade e excesso de peso, entre outros fatores como hereditariedade e idade avançada, podem colaborar para o desenvolvimento do Diabetes Tipo 2.
Para os três tipos de Diabetes é obrigatório tomar insulina: Mito!
Pessoas com Diabetes tipo 1 podem necessitar de doses de insulina diariamente para controlar os níveis de glicose no sangue. Mas a insulina também pode ser usada em alguns casos específicos de diabetes Tipo 2 ou de diabetes gestacional, porém o uso de medicamentos e/ou insulina vai depender de cada caso, não é uma regra.
Diabetes é uma doença que não tem cura: Verdade!
O Diabetes é uma doença crônica, ou seja, precisa de acompanhamento e tratamento contínuo, que inclui mudanças importantes no estilo de vida do paciente, como fazer atividade física regularmente e manter uma alimentação equilibrada, evitando o consumo de açúcares e carboidratos em excesso.
Comer muitos doces pode causar Diabetes: Mito!
É claro que precisa ser consumido com moderação e com orientação médica, mas os doces não são os causadores principais da doença. O Diabetes Tipo 1, por exemplo, é causado principalmente por fatores genéticos. Já o Tipo 2, como citamos, além da hereditariedade e idade avançada, está relacionado ao sobrepeso e obesidade. A alimentação e o tratamento devem ser acompanhados por um endocrinologista e um nutricionista, idealmente.
Diabetes é uma doença silenciosa: Verdade!
Principalmente o Diabetes Gestacional, que costuma ser assintomático na maioria dos casos, por isso são realizados alguns exames para checar os níveis de glicemia ao longo da gravidez. Já para os Tipos 1 e 2 é possível notar alguns sintomas principais como fome e sede excessiva, micção frequente, fraqueza, perda de peso, fadiga, náuseas e vômito.
Bebidas alcoólicas não podem ser consumidas por pessoas diabéticas: Mito!
Assim como os doces, é preciso ter cuidado e consumir com moderação e orientação médica, já que a bebida alcoólica aumenta o risco de hipoglicemia, especialmente nos pacientes que usam insulina ou medicamentos que estimulam a produção do hormônio. A Associação Americana de Diabetes (ADA) recomenda o consumo diário máximo de 1 dose para mulheres e 2 doses para homens, sendo 1 dose equivalente a 360 mL de cerveja (1 lata), 150 mL de vinho (1 taça) ou 45 mL de destilado.
Os portadores de Diabetes podem ter uma vida normal como qualquer outra pessoa, porém tomando alguns cuidados especiais. Para reduzir o risco de desenvolver qualquer um dos tipos da doença, é preciso manter hábitos saudáveis, fazer acompanhamento com um endocrinologista e um nutricionista, e seguir recomendações médicas à risca para viver bem. Além disso, evitar seguir dicas de amigos, parentes ou vizinhos, ouvindo apenas orientações médicas ou do profissional de saúde responsável sobre o consumo de alimentos e/ou medicamentos.
Informações falsas podem ser prejudiciais de várias maneiras: podem atrapalhar diagnósticos, deteriorar ou provocar uma doença a partir do momento em que a pessoa acredita em “receitas milagrosas” e faz uso de remédios não receitados por um especialista. Pode criar mitos e aumentar a descrença em vacinas, como estamos vendo hoje, com a volta de doenças infantis antes erradicadas. Compartilhar informações de fontes confiáveis é um ato responsável e uma maneira de nos educarmos coletivamente.
*Simone Esser, é gerente farmacêutica da Drogaria São Paulo.
Atualizado em 15/11/2023 – 06:49.
Cada gota faz a diferença
Novembro Roxo alerta para a importância do leite materno na prematuridade
A campanha Novembro Roxo conscientiza a população acerca dos desafios dos nascimentos prematuros em todo o mundo. A campanha tem a finalidade de alertar sobre o crescente número de partos prematuros, como preveni-los e informar a respeito das consequências do nascimento antecipado tanto para o bebê, família, sociedade e também para a equipe de saúde.
O roxo simboliza sensibilidade e individualidade, características que são muito peculiares aos bebês prematuros. Além disso, a cor também significa transmutação e mudança. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é considerado bebê prematuro aquele que nasce antes das 37 semanas de gestação. Subdivide-se a classificação em prematuros extremos, os que vieram ao mundo antes das 28 semanas e correm mais risco de vida.
Referência no atendimento a gestantes de alto risco da região de saúde sul e entorno sul do Distrito Federal, o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) acaba realizando um número elevado de partos prematuros devido à complexidade do serviço. Atualmente, o HRSM possui 20 leitos na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), 15 leitos na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (UCIN) e mais 51 leitos na Maternidade, sendo dez deles destinados às gestantes de alto risco, além de contar com um Banco de Leite Humano (BLH) e uma equipe multidisciplinar para prestar toda a assistência a este bebê prematuro e sua família desde seu nascimento.
Essencial para o desenvolvimento da criança, o leite materno é um aliado importantíssimo para a vida dos recém-nascidos, principalmente os prematuros, tendo em vista que em alguns casos, eles ainda não podem ter contato com a mãe para mamar.
“Cada gota consumida faz a diferença na vida deste bebezinho prematuro. Por isso, todos os dias passamos visitando e conversando com as mães, perguntando como elas estão, se elas têm conseguido tirar o leite. Nesse processo, bem informal, é possível identificar aquelas mães que apresentam dificuldade e prestamos um auxílio”, afirma a chefe do serviço de Banco de Leite Humano do HRSM, Maria Helena Santos Faria.
Segundo ela, as doações são essenciais, pois a prioridade são os bebês prematuros. “Temos uma média de 600 bebês receptores de leite humano por mês, sendo diariamente cerca de 35 bebês alimentados com nossos estoques”, explica. Em outubro, o BLH do HRSM conseguiu coletar um total de 206,19 litros de leite, ficando atrás do mês de setembro, quando foram arrecadados 214,28 litros. As doações são sempre necessárias.
Toda mãe que amamenta seu filho é uma potencial doadora e pode ajudar centenas de bebês. Quem tiver interesse, basta procurar o Banco de Leite Humano do HRSM ou se preferir, se inscrever pelo site do Amamenta Brasília, ou fazer o cadastro no telefone 160 – opção 4.
Atualizado em 21/11/2024 – 10:56.
Câncer de próstata
Exame de toque retal não pode ser substituído por PSA, diz patologista
A medição da concentração do antígeno prostático específico total (PSA), do inglês Prostate Specific Antigen, é mais um aliado na saúde masculina, mas não substitui o exame digital retal, que continua sendo o mais importante recurso adotado pelos médicos urologistas para o diagnóstico do câncer de próstata, mesma nas fases mais precoces da doença.
O médico patologista clínico e professor titular de Clínica Médica e Medicina Laboratorial da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC/ML), Dr. Adagmar Andriolo, esclarece que exames laboratoriais, como a medida do PSA total, com os cálculos da relação PSA livre sobre Total e do PHI (do inglês Prostate Health Index) e outros marcadores, devem ser entendidos como recursos complementares.
“Em relação ao exame digital e a medida do PSA, um não exclui o outro, portanto, os dois recursos devem ser realizados inicialmente, até mesmo para detectar, precocemente, a presença de câncer. Diante de uma suspeita clínica obtida pela história e/ou pelo exame digital e/ou pelo valor de PSA elevado, são realizados os exames de imagem, como a ressonância magnética e, somente, por fim, o de anatomia patológica ( biópsia), que auxilia na confirmação ou exclusão do diagnóstico”, explica.
Para a suspeita e posterior diagnóstico do câncer da próstata, vários aspectos devem ser considerados e, por essa razão, a consulta com o urologista se faz muito necessária. Dentre esses aspectos, ressaltam-se a idade do paciente, seu histórico pessoal e familiar, características anatômicas da glândula, dentre outros.
“Indivíduos com mais de 50 anos de idade possuem maior risco de desenvolverem esse tipo de câncer, assim como aqueles com história familiar na qual parentes de primeiro grau tenham tido câncer de próstata antes dos 50 anos (ainda que, do ponto de vista legal, parentes de primeiro grau sejam apenas pais e filhos, para essa avaliação, devem ser incluídos irmãos e tios paternos). Para esses indivíduos, está indicada uma avaliação mais precoce (antes dos 50 anos), que inclui, ao menos, o exame digital (toque) e medida do PSA total. Entendemos que há resistência das pessoas e muitos preferem fazer apenas o PSA, mas essa não é a recomendação médica, uma vez que, como em todos os exames laboratoriais, existe a possibilidade de resultados falso positivos e falso negativos”, detalha o professor Adagmar Andriolo.
Diante de evidências de tumor, o exame digital retal também é usado para direcionar a biópsia, caso necessário, com a finalidade de reduzir o risco de resultado falso negativo. O médico lembra que o exame de próstata não precisa, obrigatoriamente, ser anual, podendo ser realizado mais espaçadamente, a critério do urologista, baseado no risco individual.
“A idade de 50 anos para o primeiro exame digital retal e eventual medida da concentração do PSA é apenas para pessoas sem parentes próximos com câncer. Se a pessoa teve um irmão que apresentou o tumor antes dos 45 anos, o ideal é que ele comece a investigar também nessa mesma idade ou até um pouco antes. A mesma conduta deve ser aplicada ao indivíduos afrodescendentes, nos quais a ocorrência deste tipo de câncer é maior e , em geral, mais precoce” diz.
Alguns anos atrás, discutiu-se muito a validade da realização do exame de PSA como triagem populacional, chegando a ser contraindicado por entidades científicas internacionais. “Essa decisão se baseou no fato de que muitos pacientes eram encaminhados para realizar biópsia a partir de níveis alterados de PSA e os resultados eram negativo. para a presença de câncer. A supressão total de medida do PSA, no entanto, fez com que um grande número de pacientes fosse diagnosticado apenas em fases mais avançadas da doença, quando o tratamento é menos efetivo. A partir dessa constatação, as recomendações foram revistas e, no momento, o exame de PSA deve ser solicitado após avaliação adequada do risco do indivíduo e conscientização a respeito de suas limitações. Diante de alteração, faz-se exame de imagem e a biópsia é o último recurso na maioria dos casos”, explica Dr. Andriolo.
Sobre a SBPC/ML
A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) é uma associação de direito privado para fins não econômicos, fundada em 31 de Maio de 1944. Tem como finalidade congregar médicos, portadores do Título de Especialista em Patologia Clínica/Medicina Laboratorial e de outras especialidades, regularmente inscritos nos seus respectivos Conselhos Regionais de Medicina, e pessoas físicas e jurídicas que, direta ou indiretamente, estejam ligados à Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, e estimular sempre o engrandecimento da especialidade dentro dos padrões ético-científicos.
Entre associados estão médicos patologistas clínicos e de outras especialidades (como farmacêuticos-bioquímicos, biomédicos, biólogos, técnicos e outros profissionais de laboratórios clínicos, estudantes de nível universitário e nível médio). Também podem se associar laboratórios clínicos e empresas fabricantes e distribuidoras de equipamentos, produtos e serviços para laboratórios. Ao longo das últimas décadas a SBPC/ML tem promovido o aperfeiçoamento científico em Medicina Laboratorial, buscando a melhoria contínua dos processos, evolução da ciência, tecnologia e da regulação do setor, com o objetivo principal de qualificar de forma permanente a assistência à saúde do brasileiro.
A SBPC/ML completou 80 anos em 2024. Além de fomentar o desenvolvimento contínuo da ciência, tecnologia e regulação no setor, a SBPC/ML lançou seu novo portal de notícias para aprimorar a comunicação com associados e a população, e está atualizando regularmente o Lab Tests Online, plataforma que oferece informações sobre exames laboratoriais, visando qualificar a assistência à saúde.
Atualizado em 20/11/2024 – 14:46.
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