Menos área verde
Projeto de drenagem pluvial fere patrimônio de Brasília, diz Iphan
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) considera que o projeto de drenagem na Asa Norte proposto pelo governo do Distrito Federal fere o tombamento de Brasília. Ainda neste ano, o GDF pretende iniciar a construção de um sistema para escoar a chuva até duas grandes “bacias de qualidade” – reservatórios de 3 metros de altura, onde a água é filtrada antes de ser liberada até o Lago Paranoá.
Em novembro, um grupo técnico – composto por membros do GDF e do Iphan – emitiu parecer recomendando revisão de alguns pontos do projeto, orçado em R$ 90 milhões. Entre os destaques, o texto aponta que o projeto do governo pode mudar a “estrutura” de Brasília e sugere a adoção de algumas tecnologias, como o uso de asfalto que permita a infiltração da chuva.
O parecer também ressalta a preocupação de que vetores de doença, como o mosquito Aedes aegypti, possam se espalhar nas bacias destinadas a acumular água da chuva. “Tais reservatórios, principalmente quando inseridos em áreas urbanas, necessitam adequada e contínua manutenção”, cita o documento.
Ao G1, o secretário-adjunto de Infraestrutura, Maurício Canovas, afirmou não concordar com o parecer. “Não é uma discordância que nos impeça de rever algumas coisas do projeto”, disse. Segundo ele, o plano de drenagem na Asa Norte foi aprovado pelo Iphan em 2009 e o GDF fez as adequações recomendadas à época.
“A gestão anterior [do Iphan] tinha sinalizado que podíamos seguir com o projeto. A função principal do projeto é ampliar a capacidade de absorção das redes da Asa Norte, evitar alagamento e proteger o Lago Paranoá do assoreamento e a poluição”, declarou Canovas.
Em relação às novas críticas apontadas pelo parecer, o secretário-adjunto afirma que “não é alternativa nem plano do governo remover todo o asfalto que existe e trocar por asfalto permeável” porque o volume de chuva em dias de pico é muito grande.
Ele também descartou que os reservatórios representem risco para saúde. “As bacias são projetadas para reter água por 24 horas. Nesse período não tem tempo para mosquito se proliferar. Não vai ser uma lagoa permanente.”
O parecer elaborado pelo grupo técnico também aponta que o projeto de drenagem interfere na “escala bucólica” de Brasília. O entendimento é de que as obras podem diminuir a quantidade de área verde na cidade. “É uma análise bem subjetiva. Antes o Iphan não havia entendido desta forma.”
Obra paralela
A expectativa da Secretaria de Infraestrutura é de que o Iphan libere o início das obras em locais onde não há questionamento, como na área vizinha ao Estádio Mané Garrincha. As áreas mais criticadas no parecer ficam no Setor de Embaixadas Norte e na L4 Norte, próxima à UnB.
“Nosso interesse é começar pelo menos um trecho da obra, entrando com 5% do valor total, inicialmente. Isso porque 95% do projeto está ‘solucionado’. Na questão das bacias, ainda deve ser avaliado se será necessária alguma outra tecnologia”, continuou o secretário-adjunto Maurício Canovas.
Questionado sobre a possibilidade, o Iphan disse não ter sido procurado pelo governo para discutir o assunto. “Não há nenhum fato novo, apenas conjecturas sobre o caso. Portanto, nada há o que acrescentar ao que está dito no parecer do grupo técnico sobre o assunto.”
Para este ano, o GDF conta com R$ 80 milhões para investir no projeto de drenagem no Plano Piloto e também em Taguatinga (com custo total estimado em R$ 150 milhões). Como Taguatinga não é considerada patrimônio, não é necessária aprovação do Iphan para o governo começar as obras.
O que diz o Iphan?
O superintendente do Iphan no DF, Carlos Madson, negou que o parecer tenha sido elaborado somente pelo Iphan, insistindo que foi elaborado por um grupo técnico do qual o GDF faz parte. Ele negou que o órgão tenha aprovado o projeto de drenagem em 2009.
“É um processo antigo, que só tinha sido apresentado preliminarmente. Nunca foi aprovado de forma definitiva. Agora a gente pede novas informações, sendo que algumas questões precisam ser revistas.”
O superintendente disse que o parecer “é muito claro” e que o Iphan “não embargou nenhuma obra”. “O que a gente precisa dizer é que o projeto é importantíssimo para a cidade porque a gente sabe os problemas de drenagem da cidade. O que se está discutindo é a melhor intervenção possível desse projeto, que é complexo e caro.”
Segundo Carlos Madson, Brasília “precisa incorporar alternativas que não mexem com a estrutura da cidade”. O superintendente mencionou projetos de áreas urbanas da Europa, que são acessíveis à população. “Brasília precisa manter suas características de escala bucólica. O projeto que for aprovado não pode reduzir o verde da cidade.”
Atualizado em 15/01/2016 – 08:49.
Será enviado à CLDF
Governador Ibaneis Rocha anuncia projeto de lei para reduzir o ITBI no DF
O governador Ibaneis Rocha anunciou, nesta sexta-feira (22), um projeto de lei para alterar a alíquota do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), sendo de 1% na primeira transmissão de imóvel novo edificado e de 2% nos demais casos.
A fala ocorreu durante as comemorações dos 60 anos do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Distrito Federal (Sinduscon-DF), onde o chefe do Executivo foi homenageado pelo trabalho em prol do setor.
O projeto de lei será enviado em breve à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) para votação e, se aprovado, terá validade a partir de 1º de janeiro de 2025.
No discurso, o governador Ibaneis Rocha afirmou que a redução do tributo não vai afetar os investimentos no DF, que terá de R$ 8 bilhões a R$ 10 bilhões de investimentos para o próximo ano. “O compromisso no momento que a gente tivesse com as contas ajustadas era fazer essa redução. Ela tem um impacto muito grande, principalmente na vida das pessoas que compram seus imóveis, seja o primeiro imóvel, seja o primeiro imóvel novo. Porque quando você fala de redução de 3% para 2% você está falando de uma redução de quase 50% desse valor do ITBI. Isso faz uma diferença muito grande na vida das pessoas, porque os imóveis no Brasil são muito caros. E a gente, por outro lado, com essa redução para 1% do imóvel novo, aquele primeiro imóvel, aquela primeira escritura, a gente incentiva também a construção civil, porque os empresários vão investir mais. Então nós vamos ter um retorno disso aí na parte do ICMS, porque nós vamos vender mais ferro, cimento, tijolo, e vamos gerar mais emprego nas cidades, porque a cidade precisa de geração de emprego. A construção civil é muito importante para o Distrito Federal”, disse Ibaneis Rocha.
A redução na alíquota do ITBI faz parte do trabalho do GDF para fortalecer setores importantes da economia e colaborar com a geração de emprego e renda.
“Nós vamos ter uma redução na arrecadação em torno de R$ 500 milhões, mas que está perfeitamente acomodada dentro do nosso orçamento. Isso mostra que nós estamos trabalhando no caminho certo, com organização, sem deixar de fazer os investimentos necessários, mas também pensando no lado da geração de emprego na nossa cidade”, acrescentou Ibaneis Rocha.
Em 2015, o ITBI subiu de 2% para 3%. Em 2022, o Governo do Distrito Federal (GDF) reduziu temporariamente para 1% pelo período de três meses como parte do programa Pró-Economia II, criado para recuperar e fortalecer a economia da capital, afetada pela pandemia de covid-19. Agora, a redução virá por meio de lei, conforme explica o secretário de Economia, Ney Ferraz.
“A determinação do governador Ibaneis Rocha é trabalharmos sempre na construção de um ambiente favorável para o desenvolvimento econômico da nossa cidade. E a redução do ITBI converge nesse sentido, pois estimula as transações imobiliárias, novas construções, gera emprego e renda. Além disso, estamos estimulando também a arrecadação do ICMS, com a venda de material de construção, por exemplo. Ou seja, a redução é na verdade um estímulo para o crescimento da nossa economia. O melhor é que não se trata de uma medida temporária. A proposta do governo é manter as alíquotas de 2% para transações de imóveis usados e 1%, no caso de novos imóveis”, detalhou Ney Ferraz.
A medida foi bem recebida por diferentes setores. Para o presidente do Sinduscon-DF, Adalberto Valadão Júnior, a medida mostra uma visão inteligente do governo.
“Cabe a gente ser bastante grato e reconhecer esse esforço que o governador fez. São basicamente três motivos importantes pelo qual isso nos orgulha e nos agrada muito. Primeiro, é uma demonstração de sensibilidade com os pleitos do setor. Segundo, é a correção de um erro histórico, que como eu falei, aconteceu há cerca de 10 anos, quando numa sanha arrecadatória, o governo anterior aumentou o ITBI, prejudicando não só o setor produtivo, mas também boa parte da população. E terceiro, demonstra uma ideologia pouco presente hoje entre os políticos, mas que deveria estar mais presente e que é muito importante, que é compreender que carregar, que colocar peso sobre o empresário, sobre a população, isso só atrasa a vida de todo mundo”, avalia.
Em visão semelhante, o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), José Aparecido da Costa Freire, comemorou o anúncio. “Há tempos destacamos a necessidade de reduzir a carga tributária como uma medida essencial para impulsionar o investimento, a expansão e a inovação nos negócios. Essa iniciativa do GDF promove benefícios amplos, como a facilitação da regularização de imóveis, a redução de custos operacionais e o estímulo à formalização”, avalia.
Atualizado em 22/11/2024 – 23:37.
Mudança de vida
Ex-moradores de rua do DF ganham oportunidades de emprego na Sejus
O pedreiro Francisco Tavares, 40 anos, pai de três filhos, viveu quase três anos nas ruas, desde que perdeu o seu último emprego. No entanto, há três meses sua vida se transformou. Ele recebeu a abordagem do governo e dias depois foi nomeado para uma oportunidade de trabalho na Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF). “Já tinha perdido as esperanças e, de repente, as portas do mercado de trabalho voltaram a se abrir para mim. Estou trabalhando com pintura, reforma, o que eu já sei fazer, mas me aprimorando. Essa oportunidade me trouxe condições de sustentar minha família e de sonhar com um futuro melhor”, celebrou.
Francisco é mais um dos beneficiados pelas políticas públicas do Governo do Distrito Federal (GDF) voltadas para à inclusão social de pessoas em situação de rua. Por meio do Decreto 46.250/2024, o Executivo oficializou a criação de 15 cargos dentro da estrutura do GDF destinados exclusivamente para atendimento deste público. A medida estabelece que os postos de trabalho sejam oferecidos nas estruturas administrativas da Sejus e das outras pastas que trabalham com temas relacionados a direitos humanos, qualificação profissional e assistência social.
A secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani, define a iniciativa como uma política de inclusão social inovadora. “A contratação de pessoas que já estiveram em situação de rua é uma forma de dignidade, ao oferecer trabalho e possibilidades reais de reintegração à sociedade. Este projeto piloto quebra barreiras e cria pontes para quem mais precisa, pois pessoas em situação de vulnerabilidade terão a chance de recomeçar e contribuir ativamente para o desenvolvimento do Distrito Federal”, afirma.
Mudança de vida
Gilvandro Soares, de 55 anos, foi mais um dos selecionados para fazer parte dessa iniciativa na Sejus. Ele relatou as dificuldades que passou neste período em que viveu nas ruas e como esta oportunidade deve mudar sua vida. “Foi um período difícil e sem privacidade. Esse emprego tem um impacto muito grande na minha vida. Agora tenho renda para adquirir o que eu quero e, mais importante, tenho muitos planos. A gente sonha quando não pode, tendo um salário fixo é outra coisa”.
Os selecionados para trabalhar na Sejus estão lotados no departamento de manutenção e participam das obras de revitalização de equipamentos públicos entregues pela pasta. Tanto Francisco quanto Gilvandro participaram da recente revitalização da sede da Associação Nova Cidadania, uma entidade sem fins lucrativos, que oferece atividades culturais e desportivas para pessoas idosas de Santa Maria.
A reserva de vagas de emprego para pessoas em situação de rua se soma às demais propostas do governo previstas no Plano de Ação para a Efetivação da Política Distrital para a População em Situação de Rua. Criado em 25 de maio, o documento está dividido em sete eixos, entre os quais está o Eixo de Trabalho e Renda. Nele, o GDF reconhece a importância do trabalho e da geração de renda como meio de inclusão social e dignidade, e oferece estratégias para a consolidação desse objetivo.
Atualizado em 22/11/2024 – 19:05.
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