Conselho Brasileiro de Oftalmologia
Envelhecimento e pobreza são principais fatores de risco para cegueira

Pessoas com menor poder aquisitivo e de faixas etárias mais elevadas estão mais suscetíveis a perder a visão ou desenvolver problemas que levam à deficiência visual. Essa é uma das principais conclusões da publicação “As Condições da Saúde Ocular no Brasil 2023”, que o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) lança nesta semana. O material, que faz uma radiografia desse segmento da assistência médica no País, se baseou em estimativas mundiais acerca da prevalência de diferentes doenças, somadas a dados demográficos e socioeconômicos do Brasil.
A publicação será lançada nesta quinta-feira (15), durante o VII Fórum Nacional de Saúde Ocular, das 8h30 às 12h, no plenário 7 da Comissão da Saúde, localizada na Câmara dos Deputados do Congresso Nacional. O evento é dedicado ao debate sobre os avanços das políticas públicas na oftalmologia brasileira, desde a publicação da Portaria GM/MS 957, assinada em maio de 2008 e que instituiu a Política Nacional de Atenção em Oftalmologia, até os dias atuais.
As principais causas de cegueira ou baixa visão incluem catarata, erros refrativos não corrigidos, glaucoma e Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI). De acordo com a publicação do CBO, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estimam que 2,2 bilhões de pessoas, no mundo, possuem algum tipo de deficiência visual. Pelo menos, 1 bilhão delas possui uma deficiência visual moderada ou grave ou cegueira que poderia ter sido evitada ou que ainda não foi tratada.
Entre os fatores de risco para esses quadros, se destaca o envelhecimento da população, além de mudanças no estilo de vida e a urbanização. Também influencia esse cenário a falta de acesso a um atendimento oftalmológico de qualidade. A catarata e os erros de refração não corrigidos são as duas principais causas de deficiência visual reversível, representando 75% de toda deficiência visual, sendo predominante entre os grupos etários mais altos. A OMS estima que 84% de toda deficiência visual se concentrará na faixa dos que têm 50 anos ou mais.
“A necessidade de debater políticas públicas que promovam o acesso igualitário a cuidados oftalmológicos é uma questão crucial que demanda atenção urgente. Um dos principais caminhos para combater a deficiência visual causada por erros refrativos não tratados é priorizar o atendimento oftalmológico na atenção primária da saúde pública. Além disso, é essencial elaborar estratégias específicas que abordem as doenças oculares relacionadas ao envelhecimento, considerando-o como um fator de risco significativo”, explica Wilma Lelis Barboza, 1ª secretária do CBO.
Brasil
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), devido à escassez de dados populacionais em várias regiões do país, não é possível estimar com segurança a prevalência da deficiência visual no Brasil. Entretanto, segundo a publicação do CBO, é possível utilizar as estatísticas mundiais que mostram que o nível de desenvolvimento socioeconômico e o envelhecimento da população estão diretamente relacionados às condições de saúde ocular dos brasileiros.
Por essa análise, assim como a idade, a pobreza também conduz à perpetuação de problemas de saúde, incluindo a saúde ocular. Tomando-se como base a estimativa da ONU uma população mundial de cerca de 8 bilhões de pessoas, como o Brasil detém 2,59% desse contingente se calcula que o País tenha 1,559 milhão de pessoas cegas, sendo que 948.190 em grupos economicamente vulneráveis; 857 mil na chamada classe média; e 174 mil entre os com maior poder aquisitivo.
Além de ser mais recorrente em pessoas de menor renda, a deficiência visual também causa maior impacto nessa parcela da população, que, com a chegada do problema ocular, sofre as consequências de produtividade e as dificuldades de acesso às fases de reabilitação e de educação dos cegos. Devido a essa condição, a pessoa com esse diagnóstico passa a ser vista, em muitos casos, como peso para a família e a sociedade.
De acordo com a publicação “As Condições da Saúde Ocular no Brasil 2023”, os efeitos econômicos da deficiência visual podem ser divididos em dois tipos. De um lado, há os custos diretos gerados pelo tratamento das doenças oculares, incluindo serviços médicos, produtos farmacêuticos, pesquisa e administração.
Por outro lado, existem os custos indiretos relacionados à perda de ganhos e os gastos com recursos visuais, equipamentos, reformas em moradias, reabilitação, perda de receita fiscal, além da percepção de dor, sofrimento e morte prematura resultantes do problema visual. Para se ter uma ideia da dimensão dos números, em 2012, os custos globais diretos com a cegueira foram estimados em U$ 25 bilhões, o que pode ser, no mínimo, multiplicado por dois, quando levamos em conta os custos indiretos.
Combate
Para enfrentar esse quadro, evitando o surgimento de novos casos e melhorando a qualidade de vida de pessoas afetadas por problemas de visão, a publicação do CBO aponta algumas estratégias que devem ser adotadas pelos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) e pela sociedade em geral. A primeira delas é o conhecimento real sobre a incidência e prevalência de dados sobre a saúde ocular, o que é fundamental para definição e planejamento de políticas públicas específicas e até para definir o volume dos investimentos nas ações.
Outro ponto importante é conhecer o número de médicos oftalmologistas disponíveis para coordenar as ações de prevenção, diagnóstico e tratamento dos problemas oculares. De posse dessa informação, a gestão pode desenvolver planos de ação com a disponibilidade de força de trabalho especializada, identificando possíveis lacunas no atendimento e possibilitando o ajuste dos planos de recursos humanos. É essencial garantir que haja profissionais capacitados o suficiente para atender às demandas da população.
Além desses pontos, a publicação aponta a necessidade de ampliar o acesso aos serviços oftalmológicos, bem como de monitorar o volume de procedimentos realizados. Segundo o CBO, a OMS reforçou a necessidade de os países se empenharem em coletar esses dados e utilizá-los para o desenvolvimento de políticas efetivas de saúde ocular. Segundo os especialistas, ao estabelecer metas e acompanhar indicadores, é possível traçar estratégias mais precisas para combater a deficiência visual e garantir o acesso igualitário a serviços oftalmológicos de qualidade em todo o mundo.
Para Cristiano Caixeta Umbelino, o VII Fórum Nacional de Saúde Ocular representa um momento singular para discutir ações concretas de enfrentamento da realidade relacionada à cegueira e à baixa visão no país.
“De um lado, temos uma especialidade médica dedicada a apresentar os principais aspectos do cuidado oftalmológico em nosso país. Do outro lado, os deputados, senadores e gestores de saúde demonstram receptividade para ouvir o que é apresentado, de modo que possam trabalhar juntos na construção de uma política de saúde pública sólida e sustentável”, explica o presidente do CBO.

Atlas Mundial da Obesidade 2025
Uma a cada três pessoas no Brasil vive com obesidade, mostra relatório

Aproximadamente uma a cada três pessoas no Brasil, 31%, vive com obesidade e essa porcentagem tende a crescer nos próximos cinco anos. No país cerca da metade da população adulta, entre 40% e 50%, não pratica atividade física na frequência e intensidade recomendadas.
Os dados são do Atlas Mundial da Obesidade 2025, da Federação Mundial da Obesidade (World Obesity Federation – WOF).
O relatório mostra que, no Brasil, 68% da população tem excesso de peso e, dessas, 31% tem obesidade e 37% tem sobrepeso. O Atlas traz ainda uma projeção de que o número de homens com obesidade até 2030 pode aumentar em 33,4%. Entre as mulheres, essa porcentagem pode crescer 46,2%.
O sobrepeso e a obesidade podem trazer riscos. Segundo o Atlas, 60,9 mil mortes prematuras no Brasil podem ser atribuídas as doenças crônicas não transmissíveis devido ao sobrepeso e obesidade, como diabetes tipo 2 e Acidente Vascular Cerebral (AVC) – a informação é baseada em dados de 2021.
Diante desse cenário, o endocrinologista Marcio Mancini, diretor do Departamento de Tratamento Farmacológico da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) e diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), diz que o Brasil precisa tratar o sobrepeso e a obesidade com uma questão de saúde pública.
“É um problema de saúde pública, não dá mais para responsabilizar um indivíduo. Não dá para falar para aquela pessoa que sai às 5h da manhã de casa e chega em casa às 21h, que passa várias horas em transporte público, para comer mais frutas e legumes e ir para academia fazer exercício”, defende. “O problema de saúde pública tem que ser enfrentado com medidas de saúde pública”, enfatiza.
Ele cita exemplos de medidas como aumentar as taxas de bebidas açucaradas como formas de conscientizar a população e colocar avisos nos rótulos dos alimentos de que aquele produto possui altas taxas de açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio. Mas reforça que ainda são necessárias outras ações, como reduzir os preços de alimentos saudáveis e campanhas permanentes nas escolas.
“Tem um dia por ano que se fala de alimentação saudável na escola. Isso não adianta absolutamente nada. Ninguém vai mudar a sua alimentação por escutar uma vez do ano alguma coisa sobre a alimentação saudável. Tem muito a ser feito”, diz o médico.
Ele acrescenta que até mesmo medidas de segurança pública e urbanismo podem incentivar e permitir que a população tenha uma melhor qualidade de vida.
“Até mesmo violência urbana, iluminação urbana [têm impacto] porque as pessoas têm medo de andar na rua. As pessoas poderiam usar menos o carro e usar transporte público, se o transporte público fosse de qualidade”, diz. “Ter parques em todas as regiões da cidade, não só em regiões privilegiadas, ter calçadas adequadas para as pessoas caminharem. Vai muito além de só falar para a pessoa, olha, coma direito e vá se movimentar”.
Situação no mundo
De acordo com o Atlas, atualmente, mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo vivem com obesidade. Projeções indicam que esse número pode ultrapassar 1,5 bilhão até 2030, caso medidas efetivas não sejam implementadas.
O relatório mostra que dois terços dos países estão despreparados para lidar com o aumento dos níveis de obesidade, com apenas 7% tendo sistemas de saúde adequadamente preparados.
A obesidade está ligada a 1,6 milhão de mortes prematuras anuais por doenças não transmissíveis, superando as fatalidades em acidentes de trânsito. A Federação Mundial da Obesidade calcula um possível aumento de 115% na obesidade entre 2010 e 2030, e pede que a questão seja tratada por “toda a sociedade”, com políticas como rotulagem de alimentos, tributação e promoção da atividade física.
O relatório mostra que os índices brasileiros são melhores que os dos Estados Unidos, por exemplo, com 75% da população com excesso de peso e, dentro desse grupo, 44% das pessoas com obesidade. Mas, na outra ponta, são piores que países como a China, com 41% da população com excesso de peso e, desses, 9% com obesidade.
“Apesar de a alimentação do brasileiro estar piorando ano a ano, cada vez se come menos arroz e feijão e se come mais esses alimentos processados, o Brasil não come tanto ultraprocessado como os Estados Unidos, por exemplo. É o momento de tentar reverter esse cenário”, defende Mancini.
Mudar o Mundo Pela Saúde
Diante desses dados, a campanha Mudar o Mundo Pela Saúde busca mobilizar governos, organizações de saúde e toda a sociedade para promover mudanças. Esta terça-feira (4) é o Dia Mundial da Obesidade, que buscar conscientizar população e governos sobre a obesidade.
Como parte da campanha no Brasil, a Abeso, em parceria com a Sociedade SBEM, lança o e-book gratuito Mudar o Mundo Pela Nossa Saúde, que tem como objetivo analisar e propor mudanças em políticas públicas, iniciativas privadas e diversos setores para criar sistemas mais eficazes na prevenção e tratamento da obesidade.
Gustavo Quirino
Médico-veterinário alerta para cuidados com os pets durante onda de calor

Segundo a Organização Mundial de Meteorologia, o calor intenso experimentado nas últimas semanas deve continuar, sendo registradas as máximas temperaturas já vistas no Brasil nos últimos anos. Um sinal de alerta para os tutores de pets durante a onda de calor, que devem ficar atentos ao comportamento dos animais e redobrar alguns cuidados quando o assunto é a alimentação e hidratação, levando em conta as particularidades dos cães e dos gatos.
Os cães, por exemplo, regulam a temperatura de seu corpo por meio da ofegação, o que faz com que percam uma considerável quantidade de água. Por isso, seu consumo hídrico deve ser maior nos dias mais quentes. Os gatos, por sua vez, são descendentes de animais que viviam no deserto e, como reflexo, ainda hoje bebem pouca água voluntariamente, mesmo no calor. Por isso, os felinos necessitam de estímulo constante para maior ingestão hídrica.
Outro ponto a ser considerado é que o calor pode levar à diminuição do apetite. Além disso, o cuidado deve ser ainda maior em relação à conservação do alimento, tanto o armazenado quanto o que ficará disponível no comedouro, pois nessa temporada, além da alta temperatura e umidade, ocorre maior proliferação de insetos transmissores de doenças, como moscas, formigas e baratas, e outras pragas que contaminam os alimentos e que são atraídos pela ração.
O médico-veterinário Gustavo Quirino, que atua na capacitação técnica de nutrição de cães e gatos na Adimax, reforça os principais cuidados com os pets no calor. Seguindo essas dicas o tutor estará proporcionando saúde, bem-estar e qualidade de vida ao seu pet!
✔ Mantenha o bebedouro e o comedouro em ambiente tranquilo, fresco, livre da luz solar direta e da possibilidade de pegar chuva;
✔ Tenha mais de um bebedouro espalhado pela casa, tanto para os cães quanto para os gatos, pois isso estimula a ingestão de água;
✔ Quando possível, prefira fontes de água (principalmente para gatos), pois eles dão preferência por água fresca e corrente, estimulando, assim, o consumo;
✔ Lave e troque a água do bebedouro do animal pelo menos uma vez ao dia; podem ser adicionadas pedras de gelo no bebedouro;
✔ Procure reorganizar os horários de alimentação para os períodos mais frescos do dia (manhã e noite); se viajar, leve a alimentação que seu pet já está acostumado. Nunca faça trocas bruscas;
✔ Evite deixar sobras de alimentos no pote para evitar atrair insetos e também para evitar que o alimento se deteriore pela exposição prolongada. Além disso, a exposição longa promove perda do aroma, crocância e sabor, diminuindo a aceitação;
✔ Adicione alimentos úmidos na dieta, como os sachês, que colaboram para a ingestão hídrica. Estes alimentos podem ainda ser misturados com água e colocados em formas de gelo, e oferecidos ao pet como “sorvete”;
✔ Sempre que sair para passeios mais longos ou se o pet for te acompanhar na rotina, jamais esqueça de levar seu bebedouro e uma garrafinha com água para ir oferecendo;
✔ Na loja, verifique se o pacote do alimento a ser adquirido não apresenta pequenos furos ou até pequenos rasgos, que podem ter sido porta de entrada para insetos, bem como observe se nas dobras não existem pequenos pontos brancos ou “teias” que podem indicar contaminação do alimento por insetos;
✔ Em casa, se optar por manter o produto na embalagem original, garanta que estará bem fechada e vedada, longe do chão e de paredes. Se for utilizar um recipiente para guardar, ele deve ser bem vedado, limpo, seco e proteger o alimento da luz. Independentemente da escolha, o alimento deve ser sempre guardado em ambiente seco, ao abrigo da luz e longe de produtos químicos. E muito importante: não se esqueça de guardar a embalagem original para uma eventual necessidade de contato com o fabricante.
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