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Recuperação

450 dependentes de álcool e outras drogas são atendidos por mês nos CAPs

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Eles chegam como zumbis. Caminham aos tropeços. Levam consigo o meio em que vivem, os abusos sofridos, as negligências vivenciadas e a curiosidade viciante. Características gerais, mas que podem descrever casos de pacientes atendidos nos oito centros de atenção psicossocial de álcool e drogas do Distrito Federal (CAPs-AD). Dos 14 centros, 8 se destinam a tratar dependentes e 6, doenças mentais.

A idade limite para ser atendido nos centros infantojuvenis é de 18 anos, mas não há idade mínima. O caso mais novo foi de um menino de 8 anos. Há atendimento ambulatorial, exceto na desintoxicação — que requer duas semanas de internação. De acordo com a Secretaria de Saúde, cerca de 30% a 40% dos usuários tratados pelo serviço ambulatorial têm se recuperado.

Segundo a pasta, os oito CAPs-AD atendem em média 450 pessoas mensalmente e possuem equipe multidisciplinar. Os tratamentos são feitos por terapeuta ocupacional, psiquiatra, psicólogo, enfermeiro, clínico-geral e assistente social. Segundo a chefe de enfermagem do centro da Asa Norte, Letícia Rodrigues Cipriano, o atendimento aos usuários, especialmente adolescentes, deve ser feito com a participação da família, pois o consumo de drogas pode ter influência do ambiente social. “A criança é fruto do meio, e a família que adere ao tratamento traz muito mais resultados.” Letícia citou o caso de um garoto de 10 anos, encaminhado pelo conselho tutelar, e cujo pai também faz uso de drogas.

Vida arriscada
No CAP da Asa Norte, encontram-se Izabel, Miguel, Sofia e Maomé (nomes fictícios). Izabel usou maconha pela primeira vez aos 9 anos. Ela cresceu em um abrigo e foi adotada. Relata violência e agressões pela mãe adotiva e, por isso, fugia de casa. Nas ruas, experimentou maconha. Hoje, aos 17 anos, voltou a morar no abrigo e é mãe de uma criança de 2 anos e 8 meses.

“Quis parar mesmo por causa do meu filho”, admite a moradora de Ceilândia. O conselho tutelar sugeriu que ela frequentasse o centro, o que faz há dois anos e percebe mudanças no próprio comportamento. “Aumentou minha confiança em parar de usar, e eu também era muito estourada, nem conseguia conversar direito.”

Bebida e LSD
Miguel, de 17 anos, decidiu procurar o CAP por conta própria. Ele disse que começou com o álcool aos 15 anos. Em seguida, vieram a maconha, o LSD e a cocaína. Depois de ter sido apreendido no Carnaval do ano passado, na unidade de internação, foi-lhe indicado o centro.

O adolescente conta que procurou ajuda para melhorar a relação familiar: “Estava dando muito problema para a minha mãe e queria que ela tivesse orgulho de mim”, reconhece. “Tinha vontade de conversar com um psicólogo.”

O rapaz é skatista, mora em Sobradinho II e quer seguir carreira profissional no esporte. Acredita que a atividade também contribuiu para diminuir o consumo de drogas. Há dois meses no CAP, sente-se mais calmo e faz parte de grupos em busca de atividade remunerada — como emprego, estágios e o programa federal Jovem Aprendiz.

Fuga de casa
Para Sofia, de 14 anos, o vínculo com o centro ocorreu de forma diferente. Ela foi encaminhada pelo conselho tutelar assim que a mãe descobriu o uso de maconha. Agora, a garota frequenta o local por vontade própria: “No começo, não gostava porque era obrigada, mas tinha que vir”.

A adolescente conta que nem sempre foi de seguir regras e era comum fugir de casa: “Já fiquei um mês fugida, pulando de casa em casa. Ia para a minha avó, depois para a de outra pessoa”. Os pais dela participam do acompanhamento familiar: “Eles vêm mesmo por minha causa”, alegra-se a moradora de Sobradinho.

Indicação da igreja
Assim como Miguel, Maomé (nome fictício), de 14 anos, também já foi apreendido. Segundo o jovem, ele estava com posse de drogas e foi levado a uma das unidades de internação do DF. Com isso, a família, que vive em Sobradinho, descobriu que Maomé, desde os 11 anos, fazia uso de maconha, cigarro, lança-perfume, LSD, cocaína e Rohypnol — potente medicamento tarja preta, usado em golpes como o chamado Boa- noite, Cinderela.

A indicação do centro veio da pastora da igreja, que trabalha no conselho tutelar. Maomé está em tratamento há dois meses e afirma não usar mais entorpecente: “Gosto mais não”, garante. “Quando vejo alguém usando, falo coisas que escuto na igreja e oriento para procurar o CAP.” O adolescente também faz parte de grupo voltado à busca de atividade remunerada. Está prestes a tirar a primeira Carteira de Trabalho.

A idade limite para participar do centro de criança e adolescente é de 18 anos, mas não há idade mínima. O caso mais jovem registrado no CAP foi de um menino de 8 anos.

Trabalho em grupos
Além dos acompanhamentos multidisciplinares, há trabalhos em grupo e oficinas que estimulam a socialização e lidam com a experiência de cada um. Entre os projetos, destacam-se o grupo Saiba Mais, que explica e tira dúvidas sobre os efeitos das drogas no organismo; e Sexualidade, que alerta sobre abusos, prevenções de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez.

Os trabalhos Projeto de Vida e Primeiro Emprego também são voltados aos adolescentes e direcionados à vida profissional. Há aulas sobre como fazer um currículo e se preparar para uma entrevista de emprego. Na Asa Norte, ainda existe um grupo voltado à comunidade — aberto à população em geral — que trabalha na prevenção do tabagismo. Os encontros ocorrem uma vez por semana, e as reuniões de 2016 devem recomeçar em 13 de janeiro.

Como funcionam os CAPs

1-CAP-AD Infantojuvenil III Brasília
Para crianças e adolescentes de até 18 anos incompletos
Acolhimento e funcionamento: de segunda a sexta, das 7 às 18 horas
Funcionamento: de segunda a sexta, das 7 às 18 horas
Documentos: identidade ou certidão de nascimento e comprovante de residência
Quadra 714/715 Norte, Bloco C, Lojas 1, 2 e 3, Asa Norte
Contato: (61) 3349-2061

2-CAP-AD Ceilândia
Para adultos acima de 18 anos
Acolhimento: diariamente, das 7 às 21 horas
Funcionamento: 24 horas
Documentos: não são obrigatórios, mas o ideal é levar o cartão do Sistema Único de Saúde (SUS), identidade e comprovante de residência
QNN 1, Conjunto A, Lote 45/47, Avenida Leste
Contato: (61) 3372-1091 e 3373-2179

3-CAP-AD Itapoã
Para adultos acima de 18 anos
Acolhimento: de segunda a sexta, das 8 às 18 horas. Exceto na terça-feira à tarde (casos emergenciais)
Funcionamento: de segunda a sexta, das 8 às 18 horas
Documentos: cartão do SUS, identidade e comprovante de residência
Anexo II, Complexo Administrativo do Itapoã, Quadra 378, Conjunto A, Área Especial 4, Lago Oeste
Contato: 3369-9438 e 3369-9428

4-CAP-AD III Rodoviária ou CAP Candanga
Para adultos acima de 18 anos.
Acolhimento: diariamente, das 7 às 19 horas
Funcionamento: diariamente, 24 horas
Documentos: sem necessidade
Há leitos para acolhimento noturno ou desintoxicação
Setor Comercial Sul, Quadra 5, Bloco B, Loja 73
Contato: 3326-4631

5-CAP-AD III Samambaia
Para adultos acima de 18 anos
Acolhimento e funcionamento: diariamente, das 7 às 19 horas
Documentos: identidade
QS 107, Conjunto 7, Lotes 3, 4 e 5 (ao lado da unidade de pronto-atendimento — UPA)
Contato: (61) 3459-2581

6-CAP-AD de Santa Maria
Para adultos acima de 18 anos
Acolhimento: de segunda a sexta, das 7 às 22 horas. Exceto na quinta-feira
Funcionamento: de segunda a sexta, das 7 às 22 horas
Documentos: identidade ou documento com foto
Quadra 312, Conjunto H, Casa 12, Santa Maria Norte
Contato: (61) 3394-3968 e 3394-2513

7-CAP-AD Sobradinho
Para adultos acima de 18 anos
Acolhimento e funcionamento: de segunda a sexta, das 7 às 12 horas e das 13 às 18 horas. Exceto na quinta-feira
Documentos: não são obrigatórios, mas é recomendável levar identidade e comprovante de residência
Área Residencial 17, Chácara 14, Sobradinho II
Contato: (61) 3901-3325 e 3901-3328

8-CAP-AD Infantojuvenil III Taguatinga
Para crianças e adolescentes de até 18 anos incompletos
Acolhimento: diariamente, das 7 às 19 horas
Funcionamento: diariamente, 24 horas
Documentos: identidade e cartão do SUS
QNF Área Especial 24, Setor F, Norte
Contato: (61) 3562-7510

Jade Abreu, da Agência Brasília

Atualizado em 07/01/2016 – 17:05.

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Mudança de vida

Ex-moradores de rua do DF ganham oportunidades de emprego na Sejus

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Ao Vivo de Brasília
Pedreiro Francisco Tavares - Emprego Sejus-DF
Foto/Imagem: Divulgação/Sejus-DF

O pedreiro Francisco Tavares, 40 anos, pai de três filhos, viveu quase três anos nas ruas, desde que perdeu o seu último emprego. No entanto, há três meses sua vida se transformou. Ele recebeu a abordagem do governo e dias depois foi nomeado para uma oportunidade de trabalho na Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF). “Já tinha perdido as esperanças e, de repente, as portas do mercado de trabalho voltaram a se abrir para mim. Estou trabalhando com pintura, reforma, o que eu já sei fazer, mas me aprimorando. Essa oportunidade me trouxe condições de sustentar minha família e de sonhar com um futuro melhor”, celebrou.

Francisco é mais um dos beneficiados pelas políticas públicas do Governo do Distrito Federal (GDF) voltadas para à inclusão social de pessoas em situação de rua. Por meio do Decreto 46.250/2024, o Executivo oficializou a criação de 15 cargos dentro da estrutura do GDF destinados exclusivamente para atendimento deste público. A medida estabelece que os postos de trabalho sejam oferecidos nas estruturas administrativas da Sejus e das outras pastas que trabalham com temas relacionados a direitos humanos, qualificação profissional e assistência social.

A secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani, define a iniciativa como uma política de inclusão social inovadora. “A contratação de pessoas que já estiveram em situação de rua é uma forma de dignidade, ao oferecer trabalho e possibilidades reais de reintegração à sociedade. Este projeto piloto quebra barreiras e cria pontes para quem mais precisa, pois pessoas em situação de vulnerabilidade terão a chance de recomeçar e contribuir ativamente para o desenvolvimento do Distrito Federal”, afirma.

Mudança de vida

Gilvandro Soares, de 55 anos, foi mais um dos selecionados para fazer parte dessa iniciativa na Sejus. Ele relatou as dificuldades que passou neste período em que viveu nas ruas e como esta oportunidade deve mudar sua vida. “Foi um período difícil e sem privacidade. Esse emprego tem um impacto muito grande na minha vida. Agora tenho renda para adquirir o que eu quero e, mais importante, tenho muitos planos. A gente sonha quando não pode, tendo um salário fixo é outra coisa”.

Os selecionados para trabalhar na Sejus estão lotados no departamento de manutenção e participam das obras de revitalização de equipamentos públicos entregues pela pasta. Tanto Francisco quanto Gilvandro participaram da recente revitalização da sede da Associação Nova Cidadania, uma entidade sem fins lucrativos, que oferece atividades culturais e desportivas para pessoas idosas de Santa Maria.

A reserva de vagas de emprego para pessoas em situação de rua se soma às demais propostas do governo previstas no Plano de Ação para a Efetivação da Política Distrital para a População em Situação de Rua. Criado em 25 de maio, o documento está dividido em sete eixos, entre os quais está o Eixo de Trabalho e Renda. Nele, o GDF reconhece a importância do trabalho e da geração de renda como meio de inclusão social e dignidade, e oferece estratégias para a consolidação desse objetivo.

Gilvandro Soares - Emprego Sejus-DF

Gilvandro Soares/Divulgação/Sejus-DF

Atualizado em 22/11/2024 – 19:05.

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Segurança Pública

Sete RAs do Distrito Federal estão há mais de um ano sem registrar homicídios

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Ao Vivo de Brasília
PCDF
Foto/Imagem: Divulgação/Sinpol-DF

O Distrito Federal tem reduzido de forma consistente o número de homicídios. Em 2024, alcançou as menores taxas já verificadas em toda a série histórica, chegando à redução de 35% no total de homicídios registrados em outubro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Como efeito positivo da estabilidade dos dados, algumas regiões administrativas têm se destacado e estão há mais de um ano sem registros desta natureza criminal.

Em novembro, Candangolândia e Sudoeste/Octogonal completaram 12 meses sem registro de homicídios. O secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar, ressalta o esforço das forças de segurança, das demais áreas de governo e da sociedade civil na redução desses crimes: “O planejamento constante de nossas ações, tanto preventivas quanto repressivas, pautadas na integralidade, converge para promover a pacificação das regiões administrativas”.

O monitoramento dos crimes no DF, desenvolvido pela Subsecretaria de Gestão da Informação da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), mostra, ainda, que Jardim Botânico, Cruzeiro, Riacho Fundo, Varjão e Arniqueira também integram a lista das cidades sem registro de homicídio em 12 meses.

“Trabalhamos para que todas as regiões administrativas alcancem essas taxas. Reconhecemos que ainda temos a evoluir e estamos constantemente em busca de novas soluções e parcerias com esse foco. No entanto, esses resultados precisam ser evidenciados e demonstram que o programa DF Mais Seguro – Segurança Integral está no caminho certo”, assegura Avelar.

Para a comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Ana Paula Barros Habka, os números refletem as permanentes ações da corporação pautadas em dados e estudos analíticos deste fenômeno criminal. “O policiamento ostensivo do Distrito Federal é permanentemente orientado pelos dados e análises de manchas criminais, sendo determinante para uma maior eficiência das ações de prevenção.”

O delegado-geral da Polícia Civil, José Werick, destaca, ainda, a atuação da instituição na responsabilização dos autores de crimes de homicídio. “Nosso empenho é intenso para que nenhum caso fique sem solução no Distrito Federal. Prova disso é a recente pesquisa divulgada pelo Instituto Sou da Paz, que nos posicionou como a unidade da Federação com a maior taxa de elucidação de homicídios do país”, afirma.

Operações integradas

A Subsecretaria de Operações Integradas da SSP-DF promove sistematicamente reuniões técnicas com as forças de segurança pública e demais agências do Governo do Distrito Federal (GDF) para aprimoramento do planejamento das ações com foco na redução de homicídios. A subsecretária Cintia Queiroz enfatiza que esses encontros são fundamentais para que todos possam atuar com o mesmo foco.

“Reuniões integradas entre diferentes esferas de governo, forças de segurança e sociedade civil são fundamentais para o enfrentamento da violência. Ao promover o compartilhamento de informações, a articulação de estratégias conjuntas e a troca de experiências, essas reuniões contribuem para a aplicação de políticas públicas e planejamento operacional mais eficazes e direcionadas”

Evidências

A Subsecretaria de Gestão da Informação é o setor encarregado da análise de dados e da elaboração de estudos diagnósticos na área de segurança pública. O papel dela é crucial no planejamento tático-operacional, fornecendo informações estratégicas para a execução de ações integradas.

“É imprescindível entender a dinâmica criminal em todo o Distrito Federal, considerando as particularidades regionais e as principais causas dessas ocorrências, para orientar de maneira mais eficaz a atuação conjunta das forças de segurança. Desta forma, estamos sempre em busca de criar ferramentas e análises que possam contribuir com nossas políticas e para servir de base para atuação de nossas forças de segurança”, ressalta o subsecretário de Gestão da Informação, George Couto.

Pesquisas recentes

Segundo o levantamento do Atlas da Violência 2024, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a capital federal tem a segunda menor taxa de homicídio: 13%. A cidade só perde para Florianópolis (8,9%), capital de Santa Catarina. Os dados se referem ao ano de 2022. Salvador (BA), Macapá (AP) e Manaus (AM) figuram entre as capitais com o maior número de assassinatos.

DF Mais Seguro – Segurança Integral

O programa DF Mais Seguro tem sido fundamental para o fortalecimento das políticas de segurança pública, por meio de uma abordagem inovadora, com base na integralidade, ou seja, com a participação de órgãos governamentais e população. Lançado há um ano, o objetivo da reformulação da política era sustentar a redução histórica da criminalidade no DF. A política, que vinha sendo implementada desde o início de 2023, foi oficialmente lançada em novembro do ano passado.

Atualizado em 22/11/2024 – 06:17.

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