Dia do Doador Voluntário de Sangue
Com a pandemia, doação de sangue atinge o menor patamar desde 2008
Criado há mais de 45 anos com a intenção de estimular a solidariedade, o Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue é comemorado nesta quarta-feira, 25 de novembro, envolto em preocupação.
Dados oficiais do Ministério da Saúde mostram uma queda expressiva, de mais de 11%, nas doações de sangue nos primeiros nove meses de 2020.
Entre janeiro e setembro, foram 2.106.343 doações, contra 2.381.574 no mesmo período de 2019. É o menor patamar de toda a série histórica registrada no sistema DataSUS, que abarca as informações a partir de 2008.
É verdade que a doação de sangue cai ano a ano no Brasil desde 2016, mas a queda atual é expressiva. De 2018 para 2019, a diferença negativa nas doações foi na casa de 30 mil, nove vezes menos do que as 275 mil faltantes neste ano.
A razão principal apontada, como não deixaria de ser, é a pandemia do novo coronavírus. Segundo a Fundação Pró-Sangue, do Hemocentro de São Paulo, os bancos de sangue vêm sofrendo mais com a baixa quantidade de doadores desde o agravamento da pandemia.
A queda foi registrada em todas as 27 unidades da federação, com variações em percentual. As maiores reduções foram registradas em Roraima (-23,96%), Maranhão (-21,56%) e no Mato Grosso (-21,53%). Na outra ponta, as menores variações, na casa dos 2%, ocorreram no Acre, no Amazonas e em Goiás.
No estado de São Paulo, a queda foi de 10,47%.
Segundo a Pró-Sangue, a situação é tão delicada que dos oito estoques disponíveis, quatro estão em estado considerado crítico, quando só há sangue disponível para apenas mais um dia. São os casos dos tipos O+, O-, B+ e B-.
Os estoques de sangue são utilizados para os atendimentos tanto dos pacientes internados em estado grave em UTIs como para a realização de cirurgias eletivas que demandam transfusões.
De acordo com o Ministério da Saúde, um dos usos frequentes das bolsas de sangue é o atendimento a pacientes acidentados. Os estoques também são essenciais para o tratamento de leucemia e outros tipos de cânceres graves.
A estimativa é que cada doador possa beneficiar até quatro pessoas.
Doar na pandemia
Além do obstáculo natural de menor circulação de pessoas, com as medidas de distanciamento social incentivadas pelas autoridades, há o temor natural de que se possa contrair a Covid-19 durante o processo da doação.
Em posicionamento publicado no site oficial, o Ministério da Saúde afirma que os hemocentros brasileiros seguem critérios rígidos e que é seguro doar mesmo durante a pandemia.
“Todo material utilizado é descartável e só pode ser usado naquela doação. Não há a menor chance de um doador contrair uma doença infectocontagiosa pelo simples ato da doação”, explica Rodolfo Firmino, coordenador-geral de Sangue e Hemoderivados, segundo a nota.
Os hemocentros adotaram medidas para mitigar riscos. Doações estão sendo feitas mediante agendamento, maior distanciamento entre as cadeiras de coleta, e a higienização constante das mãos por parte de pacientes e profissionais.
A pandemia impôs algumas restrições adicionais, além das já existentes. Pessoas infectadas pela Covid-19 devem guardar pelo menos 30 dias depois da completa recuperação para fazerem a doação. Pessoas com sintomas gripais devem aguardar 7 dias.
Quem pode doar?
Os critérios são simples. É necessário ter entre 16 e 69 anos, pesar no mínimo 50 quilos. No dia da doação, estar alimentado, evitar alimentos gordurosos e ter dormido ao menos seis das últimas 24 horas. É necessário apresentar documento oficial com foto.
Homens podem doar novamente após dois meses da doação anterior, em um total de até quatro vezes por ano. Para mulheres, esse intervalo é de até três vezes por ano, com uma doação a cada no mínimo três meses.
Não podem doar gestantes, mães que estão amamentando, pessoas que tiveram quadro de hepatite após os 11 anos de idade e quem já utilizou drogas ilícitas injetáveis. São critérios de eliminação também evidências clínicas ou laboratoriais de doenças transmissíveis pelo sangue, como hepatites B e C, Aids, HTLV 1 e 2 e doença de Chagas.
Importante lembrar que, obedecendo a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a Anvisa retirou em julho a restrição da doação de homens gays. Até então, homens que tivessem se relacionado sexualmente com outros homens num prazo de 12 meses eram proibidos de doar. O STF julgou a medida discriminatória e, portanto, inconstitucional.
O que segue vigorando, e isso é averiguado durante a entrevista padrão realizada no momento da doação, é a restrição para quem se submeteu a situações de “risco acrescido para doenças transmissíveis pelo sangue”.
Entram nessa característica quem pratica sexo não seguro ou tem vários parceiros, independentemente do gênero, ser usuário de drogas injetáveis e inalatórias ou ser parceiro sexual de portadores de Aids ou de hepatite.
Para doar, interessados devem procurar o hemocentro do seu estado. No Distrito Federal, as informações sobre agendamento podem ser encontradas no site da Fundação Hemocentro de Brasília (FHB). Já em São Paulo, o agendamento pode ser feito direto pelo site da Fundação Pró-Sangue.
Mitos
O Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), desmentiu mitos comuns em torno da doação de sangue.
Segundo Maria Cristina Pessoa, coordenadora de Hemoterapia da entidade, a doação de sangue não causa nenhum prejuízo à saúde do doador, sendo falsas as afirmações de que o sangue poderia ser “engrossado” ou “afinado” com a doação.
Também não há nenhum prejuízo à doação por mulheres menstruadas nem risco de anemia por “ficar sem sangue suficiente”.
A exigência do peso mínimo de 50kg visa garantir que a coleta máxima de 450ml de sangue, menos de 10% do total, não afete em nada a saúde do doador.
Em todos os casos, o pré-teste que mede o hematócrito do sangue visa também essa garantia. Quando o resultado indica taxa baixa nesse quesito, o que seria um sinal de anemia, o interessado é impedido de doar.
Atualizado em 25/11/2020 – 08:40.
Cada gota faz a diferença
Novembro Roxo alerta para a importância do leite materno na prematuridade
A campanha Novembro Roxo conscientiza a população acerca dos desafios dos nascimentos prematuros em todo o mundo. A campanha tem a finalidade de alertar sobre o crescente número de partos prematuros, como preveni-los e informar a respeito das consequências do nascimento antecipado tanto para o bebê, família, sociedade e também para a equipe de saúde.
O roxo simboliza sensibilidade e individualidade, características que são muito peculiares aos bebês prematuros. Além disso, a cor também significa transmutação e mudança. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é considerado bebê prematuro aquele que nasce antes das 37 semanas de gestação. Subdivide-se a classificação em prematuros extremos, os que vieram ao mundo antes das 28 semanas e correm mais risco de vida.
Referência no atendimento a gestantes de alto risco da região de saúde sul e entorno sul do Distrito Federal, o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) acaba realizando um número elevado de partos prematuros devido à complexidade do serviço. Atualmente, o HRSM possui 20 leitos na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), 15 leitos na Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (UCIN) e mais 51 leitos na Maternidade, sendo dez deles destinados às gestantes de alto risco, além de contar com um Banco de Leite Humano (BLH) e uma equipe multidisciplinar para prestar toda a assistência a este bebê prematuro e sua família desde seu nascimento.
Essencial para o desenvolvimento da criança, o leite materno é um aliado importantíssimo para a vida dos recém-nascidos, principalmente os prematuros, tendo em vista que em alguns casos, eles ainda não podem ter contato com a mãe para mamar.
“Cada gota consumida faz a diferença na vida deste bebezinho prematuro. Por isso, todos os dias passamos visitando e conversando com as mães, perguntando como elas estão, se elas têm conseguido tirar o leite. Nesse processo, bem informal, é possível identificar aquelas mães que apresentam dificuldade e prestamos um auxílio”, afirma a chefe do serviço de Banco de Leite Humano do HRSM, Maria Helena Santos Faria.
Segundo ela, as doações são essenciais, pois a prioridade são os bebês prematuros. “Temos uma média de 600 bebês receptores de leite humano por mês, sendo diariamente cerca de 35 bebês alimentados com nossos estoques”, explica. Em outubro, o BLH do HRSM conseguiu coletar um total de 206,19 litros de leite, ficando atrás do mês de setembro, quando foram arrecadados 214,28 litros. As doações são sempre necessárias.
Toda mãe que amamenta seu filho é uma potencial doadora e pode ajudar centenas de bebês. Quem tiver interesse, basta procurar o Banco de Leite Humano do HRSM ou se preferir, se inscrever pelo site do Amamenta Brasília, ou fazer o cadastro no telefone 160 – opção 4.
Atualizado em 21/11/2024 – 10:56.
Câncer de próstata
Exame de toque retal não pode ser substituído por PSA, diz patologista
A medição da concentração do antígeno prostático específico total (PSA), do inglês Prostate Specific Antigen, é mais um aliado na saúde masculina, mas não substitui o exame digital retal, que continua sendo o mais importante recurso adotado pelos médicos urologistas para o diagnóstico do câncer de próstata, mesma nas fases mais precoces da doença.
O médico patologista clínico e professor titular de Clínica Médica e Medicina Laboratorial da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC/ML), Dr. Adagmar Andriolo, esclarece que exames laboratoriais, como a medida do PSA total, com os cálculos da relação PSA livre sobre Total e do PHI (do inglês Prostate Health Index) e outros marcadores, devem ser entendidos como recursos complementares.
“Em relação ao exame digital e a medida do PSA, um não exclui o outro, portanto, os dois recursos devem ser realizados inicialmente, até mesmo para detectar, precocemente, a presença de câncer. Diante de uma suspeita clínica obtida pela história e/ou pelo exame digital e/ou pelo valor de PSA elevado, são realizados os exames de imagem, como a ressonância magnética e, somente, por fim, o de anatomia patológica ( biópsia), que auxilia na confirmação ou exclusão do diagnóstico”, explica.
Para a suspeita e posterior diagnóstico do câncer da próstata, vários aspectos devem ser considerados e, por essa razão, a consulta com o urologista se faz muito necessária. Dentre esses aspectos, ressaltam-se a idade do paciente, seu histórico pessoal e familiar, características anatômicas da glândula, dentre outros.
“Indivíduos com mais de 50 anos de idade possuem maior risco de desenvolverem esse tipo de câncer, assim como aqueles com história familiar na qual parentes de primeiro grau tenham tido câncer de próstata antes dos 50 anos (ainda que, do ponto de vista legal, parentes de primeiro grau sejam apenas pais e filhos, para essa avaliação, devem ser incluídos irmãos e tios paternos). Para esses indivíduos, está indicada uma avaliação mais precoce (antes dos 50 anos), que inclui, ao menos, o exame digital (toque) e medida do PSA total. Entendemos que há resistência das pessoas e muitos preferem fazer apenas o PSA, mas essa não é a recomendação médica, uma vez que, como em todos os exames laboratoriais, existe a possibilidade de resultados falso positivos e falso negativos”, detalha o professor Adagmar Andriolo.
Diante de evidências de tumor, o exame digital retal também é usado para direcionar a biópsia, caso necessário, com a finalidade de reduzir o risco de resultado falso negativo. O médico lembra que o exame de próstata não precisa, obrigatoriamente, ser anual, podendo ser realizado mais espaçadamente, a critério do urologista, baseado no risco individual.
“A idade de 50 anos para o primeiro exame digital retal e eventual medida da concentração do PSA é apenas para pessoas sem parentes próximos com câncer. Se a pessoa teve um irmão que apresentou o tumor antes dos 45 anos, o ideal é que ele comece a investigar também nessa mesma idade ou até um pouco antes. A mesma conduta deve ser aplicada ao indivíduos afrodescendentes, nos quais a ocorrência deste tipo de câncer é maior e , em geral, mais precoce” diz.
Alguns anos atrás, discutiu-se muito a validade da realização do exame de PSA como triagem populacional, chegando a ser contraindicado por entidades científicas internacionais. “Essa decisão se baseou no fato de que muitos pacientes eram encaminhados para realizar biópsia a partir de níveis alterados de PSA e os resultados eram negativo. para a presença de câncer. A supressão total de medida do PSA, no entanto, fez com que um grande número de pacientes fosse diagnosticado apenas em fases mais avançadas da doença, quando o tratamento é menos efetivo. A partir dessa constatação, as recomendações foram revistas e, no momento, o exame de PSA deve ser solicitado após avaliação adequada do risco do indivíduo e conscientização a respeito de suas limitações. Diante de alteração, faz-se exame de imagem e a biópsia é o último recurso na maioria dos casos”, explica Dr. Andriolo.
Sobre a SBPC/ML
A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) é uma associação de direito privado para fins não econômicos, fundada em 31 de Maio de 1944. Tem como finalidade congregar médicos, portadores do Título de Especialista em Patologia Clínica/Medicina Laboratorial e de outras especialidades, regularmente inscritos nos seus respectivos Conselhos Regionais de Medicina, e pessoas físicas e jurídicas que, direta ou indiretamente, estejam ligados à Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, e estimular sempre o engrandecimento da especialidade dentro dos padrões ético-científicos.
Entre associados estão médicos patologistas clínicos e de outras especialidades (como farmacêuticos-bioquímicos, biomédicos, biólogos, técnicos e outros profissionais de laboratórios clínicos, estudantes de nível universitário e nível médio). Também podem se associar laboratórios clínicos e empresas fabricantes e distribuidoras de equipamentos, produtos e serviços para laboratórios. Ao longo das últimas décadas a SBPC/ML tem promovido o aperfeiçoamento científico em Medicina Laboratorial, buscando a melhoria contínua dos processos, evolução da ciência, tecnologia e da regulação do setor, com o objetivo principal de qualificar de forma permanente a assistência à saúde do brasileiro.
A SBPC/ML completou 80 anos em 2024. Além de fomentar o desenvolvimento contínuo da ciência, tecnologia e regulação no setor, a SBPC/ML lançou seu novo portal de notícias para aprimorar a comunicação com associados e a população, e está atualizando regularmente o Lab Tests Online, plataforma que oferece informações sobre exames laboratoriais, visando qualificar a assistência à saúde.
Atualizado em 20/11/2024 – 14:46.
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