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King's College

Coronavírus: o que a Ciência já sabe sobre imunidade pós-covid

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virus coronavirus
Foto/Imagem: Getty Images
James Gallagher

Um novo estudo com pessoas que tiveram Covid-19 e se recuperaram do coronavírus levanta a probabilidade de que a imunidade ao vírus tenha curta duração.

Cientistas do King’s College em Londres estudaram como o corpo naturalmente combate o vírus por meio da produção de anticorpos, e o quanto esses anticorpos duram nas semanas e meses depois da recuperação.

Quase todas as 96 pessoas analisadas no estudo apresentaram anticorpos que poderiam neutralizar e parar o coronavírus. Mas os níveis começaram a diminuir três meses após a pesquisa.

A possibilidade de que a proteção contra Covid-19 para quem já pegou a doença dure pouco tempo coloca em xeque teses que indicam que regiões que foram muito afetadas pelo coronavírus e agora registram queda nos casos – como Europa, EUA e cidades como São Paulo e Manaus, no Brasil – estejam permanentemente protegidas.

Como você se torna imune ao coronavírus?

Nosso sistema imunológico é a defesa do corpo contra infecções, e é composto, basicamente, por duas partes.

A primeira está sempre pronta para agir quando qualquer invasor é detectado no corpo. É conhecida como a resposta imunológica natural e inclui a liberação de substâncias químicas que causam inflamação e células brancas capazes de destruir células infectadas.

Mas esse sistema não é específico para o coronavírus. Ele não irá aprender e tampouco lhe dará imunidade contra o coronavírus.

Em vez disso, será necessária a resposta imune adaptativa, que inclui células que produzem anticorpos específicos que podem aderir ao vírus para neutralizá-lo e células T que podem atacar apenas as células infectadas com o vírus, a chamada resposta celular.

Isso leva tempo – estudos indicam que é preciso cerca de 10 dias para que o organismo comece a produzir anticorpos que possam atacar o coronavírus e para que os pacientes mais doentes desenvolvam uma resposta imunológica mais forte.

Se a imunidade adaptativa for forte o suficiente, então pode deixar uma memória duradoura da infecção, que garantirá proteção no futuro.

Não se sabe até agora se pessoas que têm apenas sintomas leves, ou que não apresentam sintoma nenhum, irão desenvolver uma resposta imune adaptativa suficiente.

Cientistas ainda trabalham para compreender o papel dessas células T na resposta à Covid-19. Mas um estudo recente apontou que pessoas que testaram negativo para anticorpos contra o coronavírus ainda podem ter alguma imunidade.

Para cada pessoa que testou positivo para anticorpos, o estudo encontrou duas que tinham células T específicas que identificam e atacam células infectadas.

Quanto dura a imunidade?

A memória do sistema imunológico é como a nossa – se lembra claramente de algumas infecções, mas esquece de outras.

O sarampo, por exemplo, é altamente memorável – um único contato dá imunidade para a vida inteira (como fazem a versão enfraquecida dos vírus na vacina tríplice viral contra sarampo, rubéola e caxumba).

Há muitas outras infecções, no entanto, que são plenamente “esquecíveis”. Crianças, por exemplo, podem pegar o vírus respiratório sincicial muitas vezes durante um mesmo inverno.

O novo coronavírus, o chamado Sars-CoV-2, não é conhecido há tempo suficiente para se saber o quanto dura a imunidade contra ele, mas há outros seis coronavírus que atingem humanos e podem dar uma pista.

Quatro deles produzem os sintomas de uma gripe comum e a imunidade é curta. Estudos mostram que, nesses casos, pacientes podem ser reinfectados em menos de um ano.

No caso dos dois outros vírus – os que causam Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers) -, anticorpos foram detectados alguns anos depois.

“A questão não é se você se torna ou não imune, é por quanto tempo”, afirmou Paul Hunter, um professor de medicina na University de East Anglia. Ele acrescenta: “É quase certo que não durará por toda a vida”, diz.

“Baseado nos estudos de Sars é possível que a imunidade só dure cerca de um ou dois anos, embora ainda não se tenha certeza sobre isso.”

Mesmo se você não estiver completamente imune, no entanto, é possível que uma segunda infecção não seja tão grave.

Alguém já pegou Covid duas vezes?

Há relatos preliminares de pessoas que parecem ter sido infectadas mais de uma vez pelo novo coronavírus em um período curto de tempo.

Mas o consenso científico é de que a questão eram os testes, com os pacientes sendo incorretamente informados de que estavam livres do vírus.

Ninguém foi deliberadamente reinfectado com o vírus para testar a imunidade, mas alguns macacos rhesus foram submetidos a tal experiência.

Eles foram infectados duas vezes, uma para estimular uma resposta imunológica e uma segunda vez três semanas depois. Esses experimentos, muito limitados, mostraram que eles não desenvolveram os sintomas novamente depois de uma reinfecção tão rápida.

Se eu tenho anticorpos, estou imune?

Não há garantia sobre isso, e é por isso que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem demonstrado preocupação com países que estão adotando os chamados “passaportes de imunidade” como maneira de sair do lockdown.

A ideia da estratégia é que se você passar no teste de anticorpos estará seguro para voltar a trabalhar. Isso poderia ser particularmente valioso para equipes de saúde em casa ou em hospitais que entram em contato com pessoas do grupo de risco de desenvolver sintomas graves.

Mas, ao mesmo tempo que você encontra alguns anticorpos em quase todos os pacientes, nem todos são iguais. Anticorpos neutralizadores são aqueles que aderem ao coronavírus e são capazes de impedir que eles infectem outras células.

Um estudo realizado com 175 pacientes recuperados na China mostrou que 30% tinham níveis muito baixos de anticorpos neutralizadores.

É por isso que a OMS diz que a “imunidade celular [a outra parte da resposta adaptativa] também pode ser fundamental para a recuperação”.

Outra questão é que só porque você pode estar protegido pelos seus anticorpos não significa que não possa ainda abrigar o vírus e o transmitir para outras pessoas.

Por que a imunidade é importante?

A questão da imunidade importa por razões óbvias de saúde e porque define se você vai pegar Covid-19 diversas vezes, e com que frequência.

A imunidade também ajudará a definir o quão mortal o coronavírus é. Se as pessoas retiverem alguma proteção, ainda que imperfeita, isso tornará a doença menos perigosa.

Entender a imunidade poderia ajudar a relaxar o confinamento, se ficar claro quem não está em risco de pegar e nem espalhar o vírus.

Se for muito difícil produzir imunidade de longo prazo, pode significar que conseguir uma vacina será uma tarefa mais difícil. Ou pode mudar a maneira como a vacina precisa ser usada – poderá ser uma vez na vida ou uma vez por ano, como a vacina contra a gripe.

E a duração da imunidade, seja por infecção ou por vacinação, nos dirá se somos ou não capazes de impedir que o vírus se espalhe.

Todas são grandes perguntas para as quais ainda não existe resposta.

26 de abril

Dia nacional de prevenção à hipertensão alerta para o controle da doença

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Ao Vivo de Brasília
hipertensão arterial
Foto/Imagem: Freepik

Celebrado no próximo sábado, 26, o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial faz um alerta importante para a conscientização da população sobre a identificação dessa doença “silenciosa”, mas que pode ser controlada com o acompanhamento médico e mudanças de hábitos.

Estima-se que cerca de 27,9% dos brasileiros sejam hipertensos. A maior prevalência ocorre entre mulheres, com 29,3% das pessoas do sexo feminino com a doença. Entre os homens, 26,4% tem hipertensão. Os dados são do levantamento feito pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde, realizado, em 2023, nas 27 capitais.

O médico da Família e Comunidade da Amparo Saúde, Pedro Pina, informa que “a hipertensão arterial sistêmica, popularmente conhecida como pressão alta, é uma condição crônica caracterizada pelo aumento persistente da pressão sanguínea nas artérias. Isso significa que o coração precisa fazer mais força para bombear o sangue para o resto do corpo, o que pode causar sérios problemas de saúde ao longo do tempo”.

Pina explica que uma pessoa é considerada hipertensa quando apresenta valores iguais ou superiores a 140/90 mmHg em medições repetidas em diferentes ocasiões. “É importante ressaltar que apenas uma aferição acima do normal não caracteriza hipertensão arterial sistêmica, mas indica que a pessoa deve procurar um médico para compreender o motivo”, salienta ele, acrescentando que o diagnóstico preciso para essa doença “silenciosa” deve ser feito por um profissional de saúde, considerando também fatores de risco e condições clínicas.

A pressão alta pode ter diversas causas, incluindo fatores genéticos, como histórico familiar de hipertensão; hábitos alimentares inadequados, com o consumo excessivo de sal, gorduras e alimentos ultraprocessados; sedentarismo; obesidade; estresse; tabagismo; consumo excessivo de álcool; e doenças preexistentes, a exemplo de diabetes e doenças renais.

Sinais de pressão alta

Os sintomas da hipertensão podem não aparecem em todos os pacientes, como alerta Pina, tornando a doença ainda mais perigosa. No entanto, alguns sinais podem indicar que algo está errado, como dores de cabeça frequentes, tontura e mal-estar, visão embaçada ou alterações visuais associadas à dor de cabeça, falta de ar e dor no peito.

“Caso esses sintomas apareçam, é essencial buscar atendimento médico, porque o grande problema da hipertensão arterial sistêmica são suas consequências. Se não for controlada, ela pode levar a sérias complicações, como acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, doenças renais e problemas na visão”, informa.

Embora seja mais comum em adultos, crianças e adolescentes também podem desenvolver hipertensão, principalmente devido a fatores genéticos, obesidade e maus hábitos alimentares. “O acompanhamento pediátrico é fundamental para a prevenção e tratamento. A hipertensão em crianças, geralmente, tem causas de maior gravidade e que precisam ser investigadas com maior atenção”, pontua.

Para confirmar o diagnóstico da hipertensão será necessária a aferição da pressão arterial em diferentes momentos. Em alguns casos, exames complementares, como monitorização ambulatorial da pressão arterial (Mapa) ou monitorização residencial da pressão arterial (MRPA), podem ser solicitados pelo médico.

“O tratamento inclui mudanças no estilo de vida e, em muitos casos, o uso de medicamentos anti-hipertensivos”, informa Pina, pontuando que as principais medidas para o controle da hipertensão são: reduzir o consumo de sal e alimentos ultraprocessados, principalmente aqueles ricos em sódio, como refrigerantes; praticar atividade física regularmente para manter um peso saudável; controlar o estresse e evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, além de seguir corretamente as orientações médicas e tomar os medicamentos prescritos.

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Sem fake news

Vacina contra gripe é segura e não causa a doença

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Ao Vivo de Brasília
Vacina gripe SUS
Foto/Imagem: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF

A campanha de vacinação contra a gripe começou na última segunda-feira (7), nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, com o objetivo de imunizar 90% do público-alvo, composto principalmente por idosos, crianças de idades entre 6 meses e 6 anos, gestantes e puérperas.

O Ministério da Saúde convoca esses grupos e os demais aptos a se vacinar procurem a proteção o mais rápido possível em unidades de saúde de seus municípios, porque o vírus causador da gripe circula com mais força no outono e no inverno nessas regiões. No segundo semestre, será a vez da Região Norte ser imunizada, para cobrir o “inverno amazônico”, período de chuvas de dezembro a maio.

Mas um obstáculo importante que a sociedade brasileira precisa superar para atingir a meta de vacinação são as muitas informações falsas circulando nas redes sociais. A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Monica Levi, alerta que o maior risco são os grupos vulneráveis acreditarem na desinformação e correrem riscos, inclusive de morte, sem a proteção.

“Informação falsa, às vezes, é mais letal do que a própria doença. Essa é uma das grandes ameaças à saúde humana”, avisa . “Algumas pessoas podem deixar de se vacinar, acreditando em histórias falsas e consequentemente vão continuar vulneráveis, o que pode até levar ao óbito”, ela complementa.

De acordo com o Ministério da Saúde, o imunizante é capaz de evitar entre 60% e 70% dos casos graves e dos óbitos relacionados à doença.

Verdade e  fake news

Veja abaixo as explicações da presidente da SBIm que desmentem algumas das informações falsas que mais circulam contra a vacina da gripe e colocam em risco a vida das pessoas:

MENTIRA: “A vacina pode fazer algumas pessoas pegarem a gripe”

VERDADE: De acordo com a especialista, essa é a época do ano em que mais circulam o rinovírus, o metapneumovírus, o vírus sincicial respiratório, entre outros vírus, mas as pessoas chamam qualquer quadro respiratório de gripe. Mesmo que a pessoa tenha febre, dor de garganta e tosse, pode ser outro vírus respiratório, como o da covid, por exemplo. Além disso, se a pessoa já tiver sido infectada, e estiver incubando o vírus, os sintomas podem aparecer depois que ela tomou a vacina. E é preciso duas semanas, no mínimo, para desenvolver a proteção. Nesse período, a pessoa continua vulnerável, inclusive à gripe, como quem não foi vacinado.

MENTIRA: “A vacina contra a gripe não é segura e pode provocar a morte de pessoas mais velhas”

VERDADE: Essa é uma vacina extremamente segura, tanto que os grupos prioritários escolhidos para tomar a vacina são os que têm maior comprometimento da imunidade. Uma pessoa que faz um transplante de medula óssea, a primeira vacina que ele tem que tomar, três meses pós-transplante, é a vacina contra a gripe. Por que ela é segura? Porque é uma vacina inativada, ou seja, o vírus é morto, fracionado e você só usa uma fração dele na produção de anticorpos.  Então, em qualquer pessoa, seja imunocompetente ou imunocompromtida, seja uma pessoa que tenha alguma comorbidade, ela vai ser extremamente segura.

MENTIRA: “A vacina não evita totalmente o contágio, logo, não tem eficácia”

VERDADE: A vacina contra a gripe é eficaz principalmente para proteger contra a doença grave e suas complicações e contra o óbito. Dependendo da faixa etária e do grau de resposta imunológica da pessoa vacinada, ela pode ter uma menor eficácia contra o contágio pelo vírus, mas ela continua sendo muito importante para prevenir a forma grave da doença. Por isso, a recomendação é que as pessoas que são mais vulneráveis se vacinem todos os anos para não correr esse risco.

MENTIRA: “A gripe é uma doença comum, sem gravidade. Por isso, não é importante se vacinar”

VERDADE: A gripe é uma doença potencialmente grave. Nem todos casos vão ser assim, tem gente que vai ter sintomas, por mais ou menos uma semana, sem consequências. Mas algumas pessoas vão desenvolver pneumonia, vão desenvolver uma descompensação de outras doenças, como, por exemplo, diabetes, cardiopatia ou doença pulmonar obstrutiva crônica. Por isso que essa é uma vacina muito importante na faixa etária dos idosos, porque eles apresentam mais quadros graves, com mais internação e mais óbitos. Depois, as pessoas com comorbidades e as crianças pequenas são as mais atingidas pelas formas graves.

MENTIRA: “Os profissionais de saúde estão misturando a vacina da gripe com a vacina da covid”

VERDADE: Não se faz alquimia com nenhuma vacina. Cada uma tem os seus ingredientes, o seu volume, o seu conteúdo e jamais, nunca houve essa história de vacinas serem misturadas. O que existe são vacinas combinadas, que protegem contra várias doenças, mas elas já são fabricadas assim pelo próprio laboratório, com todas as quantidades e excipientes de cada um dos componentes, calculados, testados, com estudos clínicos e a aprovação de órgãos regulatórios. Mas isso não feito com a vacina da gripe e a vacina da covid.

Vacina atualizada

Todos os anos, a vacina é atualizada para proteger contra os três tipos do vírus influenza com maior circulação, por isso, o imunizante que está sendo aplicado previne contra a influenza A H1N1 e H3N2 e contra a Influenza B.

Por isso, para se manter protegido, é necessário receber a vacina todo ano.

Quem deve se vacinar contra a gripe

  •  Idosos;
  •  Crianças de 6 meses a menores de 6 anos;
  •  Gestantes e puérperas;
  •  Povos indígenas;
  •  Pessoas em situação de rua;
  •  Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais;
  •  Pessoas com deficiência permanentes;
  •  População privada de liberdade, incluindo adolescentes e jovens;
  •  Profissionais das Forças Armadas e das áreas de saúde, educação, segurança pública, salvamento, unidades prisionais, transporte rodoviário coletivo e de carga e portos.
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